9 de outubro de 2015
Que o brasileiro é estreito no pensar, que
é machista no agir, que é estereotipado na imitação, tudo isso já sabemos. Mas
o que nos leva a isso?
Bem, tirando que a mulher brasileira no
geral e principalmente para o Brasil-Europeu só veio começar a pensar em ser
independente, a ter algum direito, depois de muito tempo, ainda hoje, quem posa
para revista masculina e acha que é um ato de rebeldia e de feminismo, é
paulista, gaúcha, paranaense e catarinense, justamente, onde a mulher sempre foi
submissa ao homem e os conceitos religiosos ainda são muito arraigados, o que
as faz crer que ser mulher de verdade, é se expor aos desejos, principalmente
lascivos de uns homenzinhos de bosta.
Mas o que era atraso, virou regra. Tudo o
que era atrasado, virou um sonho de consumo por ora. De repente a garota do
Norte, acostumada a dividir decisões, desde a escola primária com os homens, a
fazer sexo por necessidade própria, acha lindo, ser submissa ao seu “homem”,
porque a gaúcha que só agora faz sexo por que quer e deu uma alcunha de sexo casual,
o que do Rio até Roraima, isto sempre se chamou sexo normal, prega que é
novidade.
Ainda hoje se muda o nome ao casar, o que
eu acho, um atraso tão graaaaaaaaande! Não tem nada de bonitinho, tem muito
atrasado, o que revela uma dona completamente extemporânea.
A garota era conhecida como Chica da Silva,
de repente casa com um pilantra, vira Chica da Silva de Roscoporov. De repente
todo mundo só conhece a Chica de Roscoporov, a da Silva morre. O pilantra vai
embora, ela pede o divórcio, tem uma dificuldade em mudar de novo de sobrenome.
Por fim, a Chiquinha perde sua identidade. Criou toda uma história como Da
Silva, depois jogou tudo fora, recomeçou como De Roscoporov, descasou, jogou de
novo, tudo fora e até quando, vai recomeçar tendo um perfil próprio? Nunca,
porque se acostumou a ser submissa ao seu “macho”, como se estivéssemos falando
com mulher da Idade Média ainda.
O que nos levou a um regresso tão
expressivo, com as pessoas achando que progresso, é só acessar o Whats APP e
ter página no Face Book, mas ainda ter ciúmes – oh coisinha mais atrasada
Senhor -, matar mulher por ter sido traído, querer as praias do Rio, só com
Gente Zona Sul, essas coisas que ninguém diz, mas nos acompanha como pulga em
pelo de cachorro, mesmo que tanto um, quanto a outra, sejam invisíveis a quem não
vai além da imagem do topo?
Advogados administrando, as sulistas, como
formadoras de opinião, umas igrejas comandadas por pilantras, vigaristas e
ignorantes, de repente o Brasil deu uma guinada para trás que parece que
estamos voltando no tempo, mas antes até do “Descobrimento”. O problema nem vai
ser a ditadura desse pessoal, mas uma Neo-inquisição, onde quem não acreditar
em Deus, não pensar igual, vai para a Fogueira Santa, com as bênçãos do Bispo
Macedo e outros “intelectuais” do Pai Eterno.
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Dia desses estava lendo que filhos de mães
profissionais liberais, têm uma relação com mulher, muito diferente de filhos
de mães “do lar”. Não gosto do termo doméstica, pois me parece um objeto de
decoração, quando muitas vezes, mesmo em casa, as mulheres trabalham até mais
do que seus “lindos” maridos. A relação até consigo, dos filhos dessas mulheres
que trabalham fora, é melhor do que dos filhos das “do lar”.
Se tomarmos como exemplo Dona Dolores que
criou 4 filhos, dentre eles, Seu Clóvis, podemos fazer ideia de como a mulher “do
lar”, pode ser até mais machista do que muito homens evangélicos na atual
conjuntura do Congresso Nacional.
Os filhos de Dona Dolores foram treinados a
serem os homens que colocavam o dinheiro em casa, única função do macho no seio
da família, mesmo que algumas de suas esposas trabalhassem e dividissem as
despesas.
Dona Therezinha dizia que Seu Clóvis só
vestia camisa branca, preta, no máximo, bege – ai! Estou beeeeege! – quando se casaram.
Não saíam de um estereótipo, formado pela mãe. A sexualidade estava na cor da
camisa, no estilo da calça etc.
Talvez, por muitas mães ainda serem “do lar”,
passarem esses conceitos arcaicos e caindo aos pedaços, como corretos e verdade
absoluta, o Brasil não consiga ir muito longe e de vez em quando regrida a
níveis impensáveis a alguém lúcido.
Ainda se tem conceitos tão arraigados, de pessoas que tiveram
oportunidade de sair deste mundo ultrapassado.
Ainda vejo crianças, falando que Fulana é
galinha, por ela ser sexualmente ativa, seguindo o conceito do Papa Gregório
Magno, uma bicha safada, de séculos atrás que definiu a mulher virtuosa cristã,
como a Virgem e a mulher pecadora, a Madalena por ser independente, até mais
inteligente do que muitos que seguiam o Salvador. É como o João Paulo II que
definiu o José Maria de Balaguer, como o exemplo do bom cristão,virtuoso e
cheio de capacidades e depois se descobriu que a peça fazia orgias enormes, com
garotos de programa e regadas por drogas, onde o virtuoso católico engolia os michés com a boquinha e o pó, com o
narizinho.
-Opus Dei! Ops, dei também. O que não vão
falar de mim irmãos em Cristo?
Como diria o Paulo Silvino, desde quando
cobria os bailes de carnaval, com a Neide Aparecida, no Rio dos anos de 1960.
-Aquilo era uma bichooooona! Viciada e
descarada!
Imagina uma igreja que prega o que está nas
Escrituras e a Bíblia é a própria fonte de todos os preconceitos, racismos,
sexismos possíveis e imagináveis, com um exemplo desses, vai todo mundo que
seguir, para o Inferno!
Eu mesmo vejo ainda, gente achar que quem
toca piano é viado, como se a sexualidade estivesse no banquinho onde se senta.
Só que não se usa mais o banquinho no piano, e um banquinho ainda menor, é
usado na bateria. Então, se isso denota sexualidade, sou gay, gay, gay. Mas nunca dei o toba, e gosto de
mulher, nunca tive arrepios por nenhum homem, mas no dia que tiver, e houver
correspondência, eu vou ver como é. O problema é dar o rabo, mas se eu gostar,
foda-se! Só tenho dois temores, cagar no pau do bofe e me estrepar todo na
estrovenga. Como dizia o Beto sobre uma amiga nossa que segundo ele, na hora do
bola-gato, ela já enfiava o dedinho no boga, de leve, para estimular a sexualidade
masculina.
- Opa, parou! O problema é se eu gostar,
vais ficar sem mim!
Eu sou gay,
por ter tocado piano ainda no banquinho de rodar e bateria, no banquinho até
menor. Mas um gay sapatão!
Isso sim, é atraso, é algo tão atávico que
chega a dar vergonha!
Ao invés de irmos adiante, ficamos remoendo
certas práticas nocivas até.
A Cargill não faz propaganda, dizendo para
comparar qual o melhor arroz? Prova para ver. Vais virar cobaia e ajudar a
transformar o mundo em uma pobreza tanto natural, quanto econômica.
Mas o problema é que nunca temos critérios
para nada.
Precisamos de critérios.
De repente Juquix Di Farias, vira
celebridade, todo mundo fala, fala, fala nele, recebe comendas, recebe títulos,
mas quem conhece, sabe que é uma bosta. Por que de repente certas pessoas sem
nada a acrescentar, viram quase unanimidade?
De repente Juquix, era o Juca que virou
viado e namora o Diretor de Redação do Jornal Mundial. Pronto, o namorado,
sabendo da falta de capacidade total do bofe, fala, fala, fala, até que seu
nome esteja na boca do povo. de repente ele virar celebridade e muita gente,
por isso, acredita que ele é muito bem informado, é um pensador pós-moderno.
É como dizia Seu Clóvis, para quem não tem
um destino certo, qualquer porto é chegada.
É o Brasil com a falta de critérios.
Por exemplo, o Tribunal de Contas do Estado
do Amazonas, deu medalha para o Sinistro Marco Aurélio Mello. Quais os
critérios que de repente o Sinistro vive recebendo Título de Amazonense, de
Manauara, disso e daquilo?
São as eternas dívidas pessoais que os
governantes empenham o Estado para pagar seus credores, como o Programa Ronda
no Bairro que por dívida de jogo ilegal, a Segurança Pública do Amazonas ficou
nas mãos do Carlinhos Cachoeira.
O próprio TCE é uma excrescência. O filho
do ex-Senador Bernardo Cabral que não sabia nem onde ficava o Amazonas, virou
Conselheiro. O primo do Collour e do Sinistro Marco Aurélio que por mais de uma
década, atuou como “defensor” do Amazonas em Brasília, cargo que até a Pepita
Rodrigues, por muito tempo, sustentou a família, porque era amiga da Primeira
Dama do Mestrinho, quem nunca viera ao Amazonas, nem de passagem, por cima;
virou Conselheiro também, do TCE, um cargo vitalício, prorrogado para depois
dos 70 anos de idade, com gente sem compromisso senão, consigo e seus aliados e
pelo visto, trazendo conceitos de suas regiões, bem distantes da realidade
local.
Esses que vivem de exercer o tráfico de influência
em relação aos seus, é que tanto falam em ética e outras palavras da moda.
Que critérios são esses de se dar
visibilidade a gente, muitas vezes, sem nenhuma capacidade que acaba
influenciando quem pensa que esses, pensam?
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Tempo desses, na Globo, lógico, alguém
citava o Ayrton Senna, como o maior desportista brasileiro.
Sabe, de vez em quando se vai discutir e o beócio
cita alguém da Globo, como forma de dizer que é inteligente.
Eu já disse que na GloboNews, a
correspondente na França, depois de uma moreninha bonitinha, uma branquinha sem
sal, sem graça, falava que a Democracia, a Democracia, corria perigo, é a melhor
forma de governo, é única, quando na verdade queria dizer Capitalismo. Mas aí
eu reputo, não a falta de critérios, mas uma maneira de confundir o consumidor.
Eu que não sou da Globo, sei que a democracia nasceu na Grécia Antiga no Século
V a.C., e o Capitalismo, na Revolução Francesa, muito d.C.. Deveria ser
critério para demitir por justa causa. Mas como eu digo, não é burrice, é uma
imposição ideológica, ela ficou. Algumas confusões, na verdade não o são,
apenas uma maneira de introjetar nas pessoas, um ponto de vista, uma ideologia,
sem que as pessoas se deem conta.
Mas alguém dizia na Globo que o maior
desportista brasileiro de todos os tempos, foi o Senna. O Bonner, “grande”
cientista, não disse dia desses, que o maior cientista do mundo, de todos os
tempos, foi o Einstein? Todo mundo coloca o que bem entende, sem estudar a
verdade. Uma empresa como a Globo, é mais poderosa do que um míssil russo, ou
estadunidense, caindo “sem querer" no Hospital do Médicos Sem Fronteira,
ou em território iraniano. Se bem usada, faz até mais estragos.
Se for por causa dos títulos na Fórmula 1,
o Chico Landi foi quem abriu espaço para todos os outros. O Emerson, foi quem
primeiro colocou o Brasil no podium.
E venceu tanto dois campeonatos na F1, quanto na Indy. Se for por números, o
Senna tem tanto quanto o Piquet, são tricampeões, mas o Vetel é tetra, o Juan
Manuel Fangio, penta, o Schumacher, aquele que o Galvão – aquele mesmo,
Professor de Educação Física, envolvido no escândalo FIFA-CBF-Rede Globo - chamava
de queixudo de tudo que denegrisse a imagem no início da carreira, é hexa. Então,
querendo ou não o maior piloto de F1, determinado por campeonatos vencidos, é o
queixudo alemão. Indiscutivelmente.
Mas se olharmos para a realidade, o maior
desportista brasileiro de todos os tempos, é o Pelé. Foi considerado o Maior
Desportista do Século. Mas de novo, os conceitos que ninguém tem coragem de dizer de cara, mas muito arraigados, agem
diante de nossos olhos, para fazer escolhas, até intrigantes.
É o puro racismo. Pelé é preto, Senna foi
branco, Pelé nasceu nas classes humildes, Senna sempre representou o ideal
burguês nacional, arrivista e individualista e por bom tempo, foi a imagem
desportiva do Governo Collour, o Presidente representante dos Usineiros e da Media Nacional. Garoto Zona Sul Rio
40°C.
Antes de Senna, têm muitos outros nomes. Nomes
de esportes, onde se representa o país, não na F1, onde se representa a si e os
patrocinadores. Quais os critérios para escolher esse e não aquele? Sabemos,
está na cara, é racismo, é preconceito, é discriminação, é até luta de classes.
Imagina a Maria da Penha, do Alto Rio Negro, representar a Mulher Brasileira.
Chama a Gisele Bündchen, sem bunda, sem nádegas que se relacione ao gosto
nacional, pronto!
A criminalidade no Amazonas está
avassaladora, depois que o Governador Mello fez acordo com os policias da PM,
com o crime organizado, com todo mundo para se eleger.
Até como uma questão de cumprir o acordo, a
Segurança Pública está fazendo o papel da Polícia Federal de combate ao
narcotráfico, enquanto o cidadão é relegado a último plano. Só se combatem as
drogas, como se a criminalidade só existisse por causa das drogas, não por
questão de uns poucos terem muito e muitos outros, terem mixaria.
Como o Governador Mello se notabilizou por
ser bajulador, única grande capacidade, depois que atuou como dedo-duro na
Ditadura, ainda tem aquele ranço de que o empresariado é tudo. Tudo de bom e do
melhor.
A periferia vítima de toda sorte de crime,
enquanto a Secretaria de Segurança Pública faz um grande ato. As câmeras do
centro de operações vão ser interligadas às câmeras das empresas privadas. E a media alardeia como grandes coisas. Que
maravilha!
Ou seja, mais gente para ficar ligada na
segurança patrimonial, enquanto o público que se lasque.
Mas aí, quando acontece um crime de
repercussão, o jornal A Crítica, como órgão oficial, e não informativo e
independente, coloca nas manchetes policiais: “TEM PASSAGEM. LIGAÇÃO COM O
TRÁFICO!” Fecha assunto, ninguém vai querer investigar se realmente é verdade
ou não, o órgão oficial já disse, até as injustiças ficam relegadas ao esquecimento.
Voltamos a pensar que o empresariado é
digno, é escrupuloso, é ético, é inteligente, é até um enviado de Deus para um
mundo tão árido que com suas ações, vai trazer felicidade.
Tudo está se voltando à iniciativa privada.
O Minha Casa Minha Vida tem de acabar, porque está atrapalhando as metas do
setor de construção privado. É tudo assim, como se o econômico, de novo,
estivesse acima das questões sociais e políticas.
- O empresariado não gosta... As empresas
vão ter dificuldade... O mercado não vai lucrar.
Não se discute colocando o cidadão, a
maioria, o país, como critério principal, é sempre a partir da visão
empresarial, das classes abastadas. Até parece que o Brasil é um país de
bilionários, os que vivem na linha da pobreza extrema, é uma minoria que está
onde está, porque quer. Sempre se deu oportunidades a todos, só não aproveitou
quem não quis. É o que fica subentendido nas entrelinhas desses discursos
primários.
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Em pleno 2015, fim de ano, as pessoas estão
mais racistas, homofóbicas, sexistas, tudo de ruim que se pensava sepultado.
Mas o machismo brasileiro não faz homens de
verdade. O macho que assume o que pensa, o homem com hombridade. Não, faz
maricas que precisam do aval de outros, amigos, pais, media, nunca é capaz de dizer que pensa assim, é sempre pelos
outros. Não assume nem a sexualidade, vai assumir pensamentos que podem deixar
outros suscetíveis a odiá-lo? Mas nunca. Quem assume, inclusive que é baitola,
é macho. Como disse, são uns homens que até para ficar de pau duro, têm
dependido de bengalas externas. Imagina! Isso, aqueles que dizem o que é
senso-comum, e os outros que afirmam uma coisa, depois, em outro contexto,
dizem que estavam só brincando? Dá para acreditar em homens assim? Sem hombridade,
dá para se dizer homem de verdade?
O cara não é que seja racista, é que Deus
disse que daria cor aos descendentes de Caim e por isso, ele, muito religioso,
apenas segue a Palavra e não gosta de descendentes de negros.
O cara não é machista, imagina, até permite
que pessoas do mesmo sexo se amem, como se o seu aval fosse muito importante ao
mundo. Se não der seu aval, nada pode acontecer. É que as crianças... Os mais
velhos... Os outros, o que vão dizer... Nunca é porque ele tem medo da
concorrência. Imagina que de repente ele resolva sair do freezer, com tanta biba no mundo, não sobra uma rola para ele. Então,
desde já, está tirando a concorrência do caminho.
Nunca assume que ele se sente constrangido
e para isso, só tem um remédio. Acostumar-se. Ou um ato mais firme. Morrer! Como
diria Amazonino Mendes.
- Então morra homofóbico!
O mundo existia antes, durante até deixar
de existir, muito depois da extinção da humanidade, vai existir, com, ou sem o
consentimento de quem se acha acima de tudo, quase um Deus terreno.
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Muito da inquietação atual, quanto à
política adotada nacionalmente, tem a ver com racismo, com homofobia, com
discriminação, com segregação de classe, mas as pessoas não dizem claramente,
ficam querendo encontrar subterfúgios.
- Eu? Contra as mulheres? Adoro-as.
- Então vote as quotas na política.
- Mas aí você está me constrangendo!
Constrangendo, imagina. Constrangidas ficam
as mulheres brasileiras, onde o país está abaixo da participação feminina na
política do Senegal, do Chile, da Bolívia, da África do Sul, só à frente de
países, ditos fundamentalistas mulçumanos, onde a mulher, por uma questão messiânica,
ainda é vista como refugo, ou brinquedo de macho.
- O mundo tem uma dívida enorme para com os
negros e seus descendentes. Até hoje a segregação, faz quem tem pele escura,
ter menos oportunidades, do que quem tem pele, olhos, cabelos claros. Se um
preto assume um lugar, tradicionalmente de branco, é porque ele tem quatro
vezes mais capacidade, teve de realizar cinco vezes mais tarefas, para mostrar o
seu valor. Vamos votar as quotas raciais?
- Não, isto é racismo. Vamos votar as cotas
econômicas.
- Tudo bem. Então assine!
- Bem, sabe o que é? Vai entrar tanto
neguinho que eu fico até com medo. Constrangido!
Constrangido ainda ficam os milhões de
descendentes de escravos que ainda são discriminados por baixo dos panos, como
sempre, por uma questão de ser mais, ou menos escuro.
O Brasil tem disso, de não dizer na cara, a
sinceridade sempre foi malvista, trocada pela fofoca, pelo disse-me-disse, pelo
pé de orelha, pela conversinha diante de quem está discursando, mas não se tem
coragem de interpelar, então se fica jogando impropérios, disfarçadamente, na
maciota.
Agora, existe um termo para gente assim que
acessa as redes sociais e fala de todo mundo, só não entra para debater, para
dizer que é contra o que se diz. Stealth,
um tipo de voyeur virtual. Só fica de
mutuca, dando pissica para quem está de fora, mas nunca se revelando, no
ambiente onde frequenta.
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Enquanto não formos claros no que queremos,
nem se para isso, tenhamos de nos revelar como somos, racistas, homofóbicos,
atrasados e tudo o mais, é muito difícil evoluirmos enquanto pais. É uma
questão de maturidade. Gente imatura é que sempre precisa do outro, para expor
suas ideias.
Sempre me lembro de dois exemplos, sobre
isso. Não que fossem imaturos, mas muito tímidos, nos dois casos. Diria,
inseguros de seu poder, ou ignorantes do quanto podiam acrescentar em se
mostrando.
No Colégio, o Renato Stival Bueno, um
goiano que passou um tempo em Manaus, pedia sempre que eu falasse o que ele
pensava. Eu levantava a mão, ele dizia, eu replicava – palavra em voga -. Um
dia fiz melhor.
- Chiquinho, o Renato quer dizer uma coisa.
O cara ficou pálido, mas quando falou, era
o que faltava. Foi a única voz que discorreu o que se estava tentando definir.
O Chiquinho até o elogiou pela intervenção.
A outra, a Dedeia, num curso do Partido. Era
o sábado e o domingo todo, eu sentei lá atrás, por causa dela. Tudo ela me
puxava, para eu falar por ela. De repente pedi a palavra e falei que a Dedeia
iria falar. Ela se encolheu toda.
- Uma mulher muito bonita, com uma voz
linda e muito inteligente, fala, deixa de besteira.
Tentei fazer isso, quando professor de
Administração, com a Francisca, uma aluna já madura, que sentava no fim da
sala. Foi uma resistência enorme
- Professor, ela é muito tímida.
- É por isso que eu quero que ela fale. Ela
vai se formar em Administração, vai ter contato com gente de todos os níveis,
talvez, até com os meios de comunicação, então é melhor treinar entre colegas,
do que em frente às câmeras, ainda sem tarimba.
Mas não falou. A classe toda ficou contra a
minha insistência. Era muito humilde, portanto, sem tanta motivação para se
expressar, é justamente quem mais precisa de ajuda, de estímulo.
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Como diz o Slavoj, muitas vezes a media define uma forma de agir, como a “normal”,
mas muita gente que age diferente, fica isolada, pensando que é anormal, quando
na verdade, como ela, existem outros que não se comunicam e poderiam até ser a
maioria. O “normal”, acabaria sendo o que se coloca como anormal se
conseguissem se comunicar. Já ouviu falar que normal é sermos diferentes? O
cara repete, mas não para para pensar o que significa realmente. Ninguém é
normal, pelo menos um estereótipo que nos coloca como um ser único em todas as
circunstâncias.
Como diz o BRASILEIRISMOS.
É preciso aprender a
discordar para poder dialogar positivamente com os personagens que habitam
nossas almas.
Mas fala de uma palestra em Harvard, onde o
professor falava que para os ingleses, os irlandeses são bêbados e preguiçosos.
Para os irlandeses, os ingleses são esnobes e fedorentos, qualquer coisa assim.
Já no Brasil, ingleses e irlandeses, são todos anglo-saxões. Tudo depende do
contexto onde estamos inseridos, para o “normal” começar a tomar outros rumos,
outras formas. Eu tenho um pau no meio das pernas e dois ovos, dentro do saco
todo enrugado. Imagina se isso é normal! Mas chupa!!!
Se perguntar agora se o brasileiro é
racista, imagina, vão até ficar zangados.
O namorido da minha sobrinha, paulista e
deformado nessas “falcudades”, insiste em dizer que o Lula foi quem trouxe o
racismo para o Brasil, com a política de quotas, o que despertou o que não existia.
Imagina! Assim como ele, tem muita gente que realmente acha que o racismo nunca
existiu no Brasil e se de repente começarmos a falar sobre, aí sim, vai se
despertar um monstro que nunca nos pertenceu.
Sabe aquela comparação de Pelé com Senna?
Eu sei, alguns dirão que eu sou equivocado,
vejo cabelo em ovo, eu é que sou racista etc.. Eu sei, a turma do deixa disso,
ou melhor, deixa como está, não mexe em casa de caba, não vai fazer as pessoas
verem o que é velado, vai dizer que eu estou estimulando um racismo que não é
coisa de brasileiro.
Faça-se a comparação com Dona Maria Lenk e Dona
Aida Santos.
(...)
Aqui, um parêntese. Desportista brasileiro,
é sempre um herói, justamente, por o esporte ainda ser visto como coisa de
malandro, de preguiçoso, de quem não quer trabalhar duro. Apesar de ser
justamente o contrário.
Mulher desportista, até a pouco, era vista
com sapatão, ou puta, bem aos critérios nacionais de denegrir quem nos defende,
principalmente que não tem o perfil da donzela submissa. É sempre sapatão,
puta, vagabunda, palavras tão evoluídas, num Brasil de Skaf, de Pezão, de del
Nero, de Sabrina Sato, de Andressa Urach e tantos outros “gênios”.
Os dirigentes das federações,
confederações, muitas vezes, sem nunca terem jogado nem ping-pong, como o
Roberto Gesta que saiu da Federação Amazonense Universitária de Desporto -FAUD,
uma entidade, sempre dirigida por gente inescrupulosa e quase sempre atrasada
no pensar, como Gesta, indicado pela Ditadura, que só visam o lucro pessoal,
mesmo que para isso, tenham de deixar o país passar vergonha. Vide o Nuzmann, o
Havelange, o Coaracy Nunes, dentre tantos que quando passa o carro da polícia
por perto, eles se escondem, por saberem quem são.
(...)
Dona Maria Lenk competiu nas Olimpíadas de
Los Angeles 1936
Dona Aida Santos competiu nas Olimpíadas de
Tóquio 1964.
Dona Maria Lenk, descendente de europeus,
dentro do que se disponibiliza ao desportista nacional, até que teve muita
assistência institucional.
Já Dona Aida Santos, descendente de
escravos africanos, foi deixada ao léu. Sem uniforme, sem sapato, sem técnico,
sem médico, foi atendida pelo médico de Cuba, senão não passaria das
semifinais, teve de se virar sozinha e mesmo assim, ficou em quarto lugar,
quando hoje, com muito melhores condições, o cara fica em último e o SporTV
acha que fez muito, foi às olimpíadas melhorar seu tempo pessoal, então, quarto
lugar, representando o Brasil, em 1964, sem apoio algum, talvez e muito
provavelmente, por ser preta e única mulher da delegação, foi como se ganhasse
medalha de ouro, com quebra de recorde.
E me dizem que não há racismo, não há
homofobia, não há segregação, não há discriminação? Serei leso?
Conformismo e submissão fica para quem
acredita em Papai Noel.
Se Dona Maria Lenk não fosse forte e se
Dona Ainda Santos não chorasse o tempo todo, seriam esquecidas, lá mesmo, uma
país com maioria de fêmeas, onde os
homenzinhos ainda querem ser os manda-chuva, disfarçada e covardemente.
Foi por isso que quando se aventou um nome
para representante de turma na pós-graduação, meu colega de Economia, Jorge,
colocou meu nome para apreciação dos votos, mas a sala, em todos os módulos,
era formada no mínimo, por umas 40 mulheres e no máximo, 7 homens, não achei
que representaria um universo representativamente feminino e apontei a Sílvia
que acabou sendo a mais votada, no meio de dois nomes masculinos, o meu que nem
eu votei em mim e o Thomé que diante de todo o discurso que fiz, ainda se
colocou para ser votado e também perdeu.
O Brasil precisa mudar e muito, mas não como
querem os golpistas, mudar para voltarmos ao passado. Precisa mudar, em
primeiro, ao nos respeitarmos a todos, como pessoas, antes de ver de onde cada
um é, o que pensa, como se comporta, sua sexualidade... E, principalmente o que
vale muito mas ningupem tem coragem de dizer, seu poder aquisitivo, sua conta
bancária, seus bens e seu poder diante da sociedade. Antes de tudo, antes de eu
ser botafoguense, amazonense, de Esquerda, brasileiro, tarado por mulher, cabelo
pixaim, baixinho, balofo, chato, sexualmente com vontade de transar toda hora...,
eu sou ser humano. É isso que se tem de incutir nas crianças, nos adolescentes,
nos adultos e nos idosos. Vamos respeitar a vida e a própria espécie. Antes de
tudo, somos humanos. E até podemos ir mais longe, respeitar a vida, o gato, a
onça, o elefante, a rosa, a vitória régia, por fim o planeta e o universo.
Esse papo de todo poder à burguesia, pois
ela é virtuosa, ficou no lugar a aristocracia que descendia de Deus Todo
Poderoso, eu não acredito mesmo. Ainda mais, quando se coloca todo mundo num
mesmo saco de gato.
- Os jovens...
- Os viados...
- As putas...
Tem jovem escolarizado, analfabeto, ativo,
acanhado, alto, baixo, gordo, macérrimo, de Esquerda, alienado...
Há viado com pós-graduação, na
prostituição, rico, paupérrimo, lindo, horroroso, calmo, afetado...
Até as putas, há as depravadas, as cheias
de princípios, as inteligentes, as quase incivilizadas...
Essa mania de generalizar, é muito chato.
===
Só para demonstrar quem nem tudo o que se
canta, é verdadeiro, que o interesse de muito empresário, não é o bem estar
comum, muitas vezes, só seu lucro pessoal, vai aqui um exemplo.
Eu fiquei sem acessar a internet, por um
bom tempo, só nos fins de semana que meus sobrinhos e agregados, ou em festas,
onde todo mundo acessava, é que ligavam o roteador.
Por um bom tempo, reclamavam que o acesso
estava muito ruim, até que começaram a individualizar o cabo. Quem chegava
primeiro, usava o cabo da internet no próprio aparelho.
Sempre falei para eles reclamarem da NET,
uma empresa das Organizações Globo, o que se infere, deveria ser de ponta, até
pelo tempo de mercado e tratar o cliente, como “rei”, segundo as normas idiotas
de algum leso que virou lei.
Quando voltei a conectar, nem com o cabo
afixado, rodava nada. Liguei várias vezes, eles me conhecem, até que veio uma
mulher afetada, com sotaque de nordestino, dizer que estava assim, porque eu
não estava acessando, por tempo.
- Eu sei, não sou leso, mas pagava, como
pago pelo serviço, então, exijo que me atendam 24 horas, 7 dias na semana, 365,
ou 366 dias por ano. Não me interessa se vocês ficam monitorando daí e tirando
força de quem acham que está fora.
Depois de muito encher o saco, finalmente a
internet, via roteador voltou na capacidade máxima, como acordada entre as
partes.
Mania de no Brasil, sempre se tergiversar
da discussão principal.
- Ah, a garota foi estuprada, porque estava
andando requebrando na rua.
Não interessa, é um direito dela, ela foi
estuprada, porque existem estupradores, homens que não têm capacidade de convencer
uma mulher e apelam para a violência, para a apresentação de riqueza, para um
monte de coisas que não têm nada a ver com a virilidade e depois, chamam as
mulheres de putas, porque eles antes de se apresentarem, apresentam seus
valores financeiros, lógico que vão atrair na sua grande quantidade, mulheres,
no mínimo interesseiras, mesmo que não sejam profissionais do sexo.
- Ah, os EUA estão com razão de invadir a
Síria. Os terroristas estão agindo sem dó.
Não interessa, o país dos outros, é dos
outros. Guerra civil, é para decidir quem tem mais apoio interno. Talvez porque
os EUA receberam apoio da França, contra a Esquadra Inglesa na Guerra da
Secessão, ache normal a intromissão estrangeira nas discussões internas, muitas
vezes, com interesses particulares, mais do que interesse em ajudar o país de
verdade.
Aquele discurso daquela atendente de que a
internet estava ruim, por eu não acessar, é como colocar a culpa do péssimo
serviço ofertado, no demandante que paga em dia e dentro do acordo firmado
entre as partes.
Não reclama para ver. Vai na corda dessa
gente que diz que o Brasil era um lugar divino, sem racismo, sem preconceito,
sem discriminação, pacífico, altruísta etc., e vê para onde vamos.
Eu quero sempre mais, mas mais, para
evoluir, não para regredir, ao ponto de estarmos quase próximos aos trogloditas
que na verdade, significa pessoas que moravam em cavernas e com os
conhecimentos ainda por serem formados, muito aquém da capacidade de saberes
que temos hoje e muito jumento não usa e tem ódio de quem se vale deles. Ainda se
quer um país que discuta com verve e vontade, mas sem base em nada, sem
conteúdo algum, só na base do emocional.
O Brasil melhorou, mas faltam critérios
para tudo, desde a escolha do agraciado com prêmios, até com quem deve ser
autoridade. Por enquanto, é o amigo do rei, mesmo que vivamos em pleno
Capitalismo decadente que ainda dá as cartas.