terça-feira, 12 de março de 2013

earth planet fashion week - THE SHOW MUST GO ON!


A Primeira Semana de Moda do Planeta estava encerrada. Todos recolheram suas tralhas, as equipes, dentre profissionais da alta costura, de agências de modelos, de meios de comunicação e tudo o mais, estavam tirando o time de campo.
Durvalina permaneceu calada, pensativa, sem mover um cílio sequer. Finalmente, quando as luzes se apagaram, ela gritou:
- Espera seu antipático !
Aquele grito solitário, num galpão vazio, ecoou, como igreja vazia, com um som solitário.
Ninguém a escutou. Ela teve de ir para o quarto, sozinha no elevador. O voo que os levaria de volta, só no outro dia, no fim da tarde.
- Alô!
- Alô seu antipático!
- Oi Durvalina. Boa noite!
Perguntar-me-ás: e o que aconteceu depois? Usem sua imaginação. Só posso dizer que Troglô, zangado, ainda na Earth Planet Fashion Wieek falou que só a aceitaria em seu quarto se tivesse cu. Lembras? Então, como um fluxograma para programação de computador, tentemos fazer todas as possibilidades.
PROPOSTA FEITA

DURVALINA FOI    MAS NÃO DEU O RABO
      
                                            TEVE DE NEGOCIAR O CUZINHO
    NÃO      SÓ QUERIA CONVERSAR
                   SIM                                       
                       CONVERSARAM E ELA DANÇOU
          NEGOCIARAM SEXO SEM RABO           
                          NÃO FIZERAM SEXO


TOMOU NO RABO
São tantas possibilidades só em uma simples suposição que sempre é melhor saber logo a verdade. E essa verdade, infelizmente não sei qual é. Exercite sua cabeça, antes que chegue o Alzheimer e te leve para o mundo da abstração completa.
Chegaram à Rede, já namorando. Mas o que fazer? Assumir em público, ou ficar enrustido? Troglô tomou uma decisão. Foi ao RH e perguntou se havia alguma restrição de duas pessoas na mesma empresa, namorarem. O Diretor, Doutor Crisólogo, grande advogado de causas impossíveis, não sabia responder. Aliás, naquela situação que não era para ele, ele não sabia nada. Estava boiando.
Decidiram assumir.
Apesar dos pesares, as normas internas da maioria das empresas, ninguém sabe, ninguém viu, é a própria Conceição, cantada pelo Cauby. Qual a missão da empresa? Não sei. O organograma? Não sei. O Regimento Interno? Não sei. O fluxograma? Não sei. Empresa no Brasil é um mar de incertezas por todos os lados, que muitas vezes só não naufraga, por jogar toda sua bagagem inútil, para o mercado, ou para o estado, pois até isso, capitalista não é feito para correr risco, neste mercado de pulgas.
É como o banco do Silvio Santos, uma instituição financeira, dirigida por um advogado, quando afunda, a culpa é da Administração do País. Êpa. A culpa é do M.I.T. e do modelo neoliberal que acha que qualquer bosta n água, pode ser tudo, desde que... Esse desde que é que ainda não está bem definido para ninguém. De vez em quando, o cara é um grande maquiador de drag-queen, mas o mercado está estagnado, entra numa seleção para técnico sênior de informática e mexe os pauzinhos para cá e para lá, acaba sendo contratado. O resultado depois, é que é fatídico, ou fatal. Um tal de baratear custos, contratando qualquer porcaria, depois se vem dizer que não há profissional competente no mercado. O problema são os incompetentes na empresa que têm medo de remunerar decentemente quem tem competência, para não perder seu posto para quem chegou depois.
Todos sabiam que desde a ida do casal à EPFW, houve uma ligação direta entre os dois que não se desgrudavam mais. Eram unha e carne, como briga de mulher, em salão de beleza, antes das duas tratarem e pintarem as unhas, senão não sai briga, nem se meterem no meio da mãe. Era mais unha na carne, e sobrava uma lasca, debaixo da unha, sempre. É briga de mulher. E se depois de pagarem os serviços do salão, alguém desfazer o trabalho que tiveram, acaba em morte.
Durvalina e Troglô eram a felicidade em pessoa. E muitas vezes, a felicidade dos outros, é como uma faca, ferindo quem adora a infelicidade pessoal e ao invés de procurar ser feliz, prefere fazer de tudo para trazer para o seu nível, os outros a quem acreditam ser inimigos.
O Diretor de Redação, a cada dia que os via mais felizes, ficava mais chateado, como se aquilo fosse uma afronta a ele. Era desses messiânicos que acreditava que a felicidade de verdade, só é possível, depois da morte. Mas depois da morte, é a morte. Alguém duvida? Só o Gasparzinho, é que consegue brincar, ajudar as pessoas, ser personagem, só que de ficção. Ou de fricção, pois ele consegue atravessar parede. Deve ficar todo arranhado.
Alguém chegou por trás, no mal sentido, no estacionamento da empresa e os alertou do que estava acontecendo. Muita felicidade era sinal de ineficiência, para quem nunca estudou as relações interpessoais num ambiente com muita gente. Assim como amizade, carinho, piada... Em suma, muitas empresas mais parecem um templo religioso, onde se vai pisar em ovos, para não desagradar o Deus, na cadeira de CEO, ou do Inferno. Se I, Ou, não sei, só sei que tem muita gente que não sabe como fazer o principal e cuida só do secundário. Depois, não sabem, porque só dá prejuíjo.
Então o casal decidiu ser o mais discreto possível, na zona de trabalho. Troglô não aguentou muito e decidiu que era hora deles morarem juntos. Ver Durvalina para cá e para lá, não poder nem passar a mão na bunda dela, era demais. Ele tinha de tê-la, no péssimo sentindo da coisa.
Tem besta para tudo. A melhor relação do mundo é aquela, onde a distância é como uma pimenta a mais, um tempero para motivar ainda mais o amor. Viver junto, nem por decreto. Mas isso é pensamento de solteiro arraigado. A grande maioria, ainda acredita na eternidade. Acha que aquela buceta linda e maravilhosa vai permanecer para todo o sempre, do mesmo jeito. Ou que aquele pau vigoroso, estará sempre teso, quando precisar. E mesmo que funcione assim, às vezes, enjoa, depois da primeira, da segunda, ou da última cacetada bem dada. O problema da eternidade, é que antes que se consiga chegar lá, os peitos caem, o saco cresce, se existe, pelo menos nos deixa chupando do dedo, com os fatos que nos cercam, no dia a dia. Aliás, o dia a dia foi feito para acabar com o tesão de qualquer um. Aquele homem atlético, acaba sendo visto como aquele cara patético. Aquele cuzinho delicioso, acaba sendo visto como aquele cu, na expressão da má palavra. Viver eternamente junto, ou é tara, ou é uma condição de leseira profunda.
Mas eles são maiores, sabem o que fazem. Eu é que vou meter no meio dos dois. Que nada, se tiver de meter, é no meio dela e melhor, se for casada, para não encher o saco e ficar pressionando para casarmos, pois ela já é casada, não precisa mais disso, mas, tão somente daquilo.
Foram morar juntos.
Troglô, era visto como troglodita, por não se adequar aos ditames da sociedade, por ter personalidade própria, e, principalmente, por não fazer média, ao dizer o que sente. Num mundo, onde todo mundo quer ser delicado e acaba sendo mentiroso e outras vezes, canalha, quem fala o que pensa, pena que dá pena.
Era o marido que as amigas queriam, para si. Dividia as tarefas de casa, tomava decisões, muitas vezes, para não deixá-la se cansar, era companheiro, fazia tudo, em comum acordo com Durvalina.
Em uma manhã de sol, as amigas de colégio reunidas, Durvalina deu uma notícia que caiu como uma bomba.
- Estou pensando em pedir o divórcio. Não aguento mais!
As amigas atônitas e agoniadas, queriam saber por que.
- É a mania de comer cu?
- Não. Ele até cansou dessa leseira!
- Tens outro?
- Quem diria!
- Ele tem outra?
- Se tem, sabe disfarçar muito bem.
- Ele te bate?
- Muito pelo contrário, é um homem que sabe controlar seus impulsos mais submersos!
- Ele...
- Vou contar pra vocês! Ele é o homem ideal, mas não fala que me ama!
As amigas de Durvalina acharam que ela estava com toda a razão. Uma coisa dessas era imperdoável, quando chegou Clotilde, toda machucada, chorando como cachoeira em dia de chuva e perguntaram o que tinha havido.
- O Claudionor! Ele me mandou flores, um cartão com uma poesia divina, caramelos e chocolates, pagou um helicóptero para jogar pétalas de rosas encima de mim, foi à televisão, declarar para todo o mundo, o amor que sentia por mim, no Dia Internacional da Mulher...
- E então?
- Então, na frente dos outros, ele é o amante mais perfeito, fala as coisas mais bonitas do mundo. Quando estamos sós, tenho de ficar de boca calada, e até sem me mexer, pois qualquer coisa que o desagrade, ele me mete a porrada. Fala toda hora que me ama, mas eu estou cansada de lavar, passar, cozinhar, como a empregada da casa e ele, como o patrão exigente. Não adianta fazer o turno no emprego, no colégio das crianças e em casa, não adianta ser submissa, não adianta nada do que eu faça, pois ele sempre acha que é pouco. Em casa, ele é o rei e eu sou a serviçal não remunerada que tenho de saber o que ele está pensando.
Todas olharam no mesmo instante para Durvalina.
- E então Durvalina? O Troglô que é diferente, ainda tem de declarar amor eterno, ou tu vais aprender a inferir, encima das ações que ele despende em relação a ti? O problema é dele declarar amor, ou de tu nã saberes identificar, sem precisar fazer anúncio?
Durvalina pensou, pensou, quando as amigas estavam em casa, quando o garçon veio anunciar que já havia passado da hora de fechar o bar, ela chamou-o.
- Oi antipático!  
Troglô até queria ser perfeito, mas quanto mais perfeito se mostra, mais psicopata se é. Na verdade, normal é ser diferente. Assim como o Príncipe Encantado só em contos infantis e de antigamente, a Cinderela tem de decidir o que é melhor para si.

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