terça-feira, 12 de março de 2013

EARTH PLANET FASHION WEEK


Finalmente o mundo mais fútil, os meios mais soberbos, as criaturas mais frívolas e vazias se reuniram para mostrar suas criações. A Earth Planet Fashion Week representa tudo isso. Talvez, como o Baile na Ilha Fiscal, no Brasil e o baile de orgias de Maria Antonieta, na França que prenunciaram mudanças profundas nas estruturas, esta seja um desses avisos que o fim está próximo. Os profetas do apocalipse clamam nas ruas, mas ninguém lhes dá ouvidos.
E para cobrir evento tão celebrado, a Rede enviou os correspondentes Durvalina, aquela mulher que por mais que queira companhia, carinho, casamento, na verdade, queira pau na bucha, mais ela joga fora as oportunidades que se lhe apresentam; e Troglô, um troglodita pós-moderno, que se veste como se fosse homo-sapiens e age como senhor de escravos. E vamos à moda.
- Boa tarde!
- Boa tarde meu colega Troglô, boa tarde auditório, boa tarde ouvintes da Rede! Estamos aqui para cobrir este evento que chama a atenção do mundo inteiro.
- Eu, na verdade, estou para cobrir quem der chance, ou seja, quem der na verdade, não é mesmo colega Durvalina?
- Não sei! Nossa missão é cobrir o evento!
- Mas a colega sabe muito bem que houve uma outra cobertura, ontem ao chegarmos ao hotel que me agradou mais do que esta cobertura em si.
- Vamos fazer o favor de nos ater ao que interessa. Sem conversas paralelas, por favor!
- Tudo bem. Mas se a colega vier ao meu quarto mais tarde, posso me fazer de rogado e recusar a cobrir seus interesses. Mas vamos ao primeiro desfile do dia!
- Moda portuguesa, representada por Miguel Vieira. Divina!
- Colega Durva, nem começou direito, a colega já está dando efusivamente sua opinião?
- A primeira vista é a que marca. Que lindos modelos, que peças...
- Êpa. Umas mulheres flácidas, as coxas finas e pior, uma carne tão mole que se batem, mesmo que não se encontrem normalmente. Minha mãe de 94 anos tem as carnes muito mais duras do que essas meninas que parece que vão se quebrar no meio da passarela. Andam como se na virilha, carregassem bandeirinhas de São João, mas na verdade, é só pelanca. Imagina o cara cobrindo uma mulher flácida dessas, parece que está transando com pudim. E essa roupa...
- Caro colega, dispensamos suas observações sobre as modelos, pois o que devemos cobrir é a moda em si. O glamour!
- Sim, se derem chance, uma linguada no saco, uma mãozinha no prepúcio, a gente cobre, mas prefiro as mulheres mais mulheres, com curvas, com carnes, com recheio até no cérebro. Mas esse estilista português traduz bem, aquela arrogância lusitana de quem já teve tudo e não soube preservar, mas mesmo estando na merda, pensa que ainda é rei e se traveste de uma maneira cafona, ultrapassada.
- Bem, passemos ao outro desfile, pois este está perdido.
- Representando a Espanha, terra de gente nojenta...
- A moda atualizada de Balenciaga, com um tweed cinza musgo platinado...
- Êpa, a querida colega está inventando moda para parecer antenada, ou essa cor existe em algum catálogo?
- Não interessa. Recolha-se à sua insignificância. Como dizia, com uma gravata de bolinhas, em ouro pérola sky falls, está divina!
- Mas a colega é muito repetitiva. Quando é o teu aniversário para enviar o moderno dicionário da língua portuguesa? Quanta limitação de palavras, não fossem as cores mais exuberantes, berrantes e estranhas que se inventa todo dia, nada mais seria dito, do que duas, ou três que se repetem ad nauseum.
- Bem, assim está difícil de completar o pensamento.
- Fica tranquila que aqui é televisão, vídeo, ou seja, movimento, completado pelo áudio, ou seja, ondas sonoras, por isso é que é burrice, chamar de imprensa, ou seja, o que é impresso, falada e televisionada, quando ainda não se inventou uma maneira de imprimir o movimento, nem a propagação do som. As pessoas estão vendo e até ouvindo, é até melhor, do que a colega querer fazer a cabeça dos pobres desentendidos que acabam pensando que glamour, é inventar moda, por falta do que dizer, falta de conteúdo, com cores inexistentes e análises absurdas. Como podemos ver, os espanhóis, assim como os portugueses, foram os maiores ladrões das riquezas do mundo, em nome das Cruzadas e hoje, na lama, não deixam aquele ar petulante, como se estivessem acima da plebe rude, quando rudes são eles, até como pessoas.
- Passemos ao outro desfile. Representando a França, país de muito luxo, Maison Chanel.
- Na verdade, começou como puteiro, mas a cafetina-mor, só dava para gente importante, quem pagava seus luxos e ela mesma, acabou sendo vista como alguém pertencente à elite intelectual, sem saber o O, sentada na areia. E de cabaret, virou Maison. É a própria Cidade Luz, que quanto mais o tempo passa, mais as elites pensam que ainda pertencem à aristocracia e está para se ver um apagão de inteligências, com gente, em plena Paris que já foi o centro da cultura, do saber, das artes da moda, da culinária, o centro do mundo mais atualizado, contra a união homoafetiva, querendo que se expulsem os estrangeiros, a velha perseguição aos ciganos e aos africanos, como se isso fosse vanguarda. Tudo é luxo, inclusive as putas que se querem mulher-dama, vestidas de madame e os jumentos de pai e de mãe que se vestem com muito pano, para esconderem sua falta de inteligência completa. Escondem sua falta de higiene completa, com perfumes caros e muito fortes, mais do que sua inhaca pessoal.
- Bem, vou ficar na minha, pois já vi que a produção esta conivente com essa atitude de meu colega aqui ao lado.
- Sim, tudo vale, desde que dê audiência. A Record, rede de televisão, não é a emissora que mais vende livros no mundo? Imagina se fosse editora. Quando não se tem audiência com a programação normal, apela-se para o que não tem nada a ver Desde que o público gosta, vai se levando, mesmo que a emissora seja religiosa e a transmissão se constitua em pecado capital. Na verdade, como a colega sabe, estou do lado, por uma questão contratual, mas eu gosto mesmo, é de estar por trás. Entende?
- De outra vez, vou interferir em quem me servirá de companhia. Na passarela, representando a Itália, Valentino. O Conde. Não vai dizer nada?
- Posso? É bem italiano mesmo, essa mania de parecer o que não é. Na verdade, desde o Império Romano, os italianos adoram um troca-troca, uma brincadeira com o cuzinho, as mulheres, uma batalha de pererecas, mas a pose nas ruas, parece tudo filho mais fiel do Senhor. Até as estátuas, têm o pinto pequeno, para não assustar as criancinhas. A cara desse pessoal que vive na putaria eterna, nem treme. Fosse eu, convidaria o Berlusconi, para representar essa Itália ambígua, ambivalente, que exala fashionismos pelo mundo e vive na merda, em cada beco de suas cidades. Valentino, ah Valentino. Aquele olhar impositivo, de altivez profunda, que na verdade acaba de quatro...
- Troglô! Chega! Vamos agora, à moda feita nos Estados Unidos. Pragmática!
- Sim, o que era brega, virou chic com as saias masculinas de Marc Jacobs que antes eram chamadas de kilts pelos escoceses, hoje, vestido de homem, aqueles óculos cafonas, mas com muita propaganda, até o xadrez bem vulgar, que antes era coisa de trabalhador do campo, hoje, venerado como um must. Marc Jacobs traduz bem aquele jeito American Way, de uma sociedade arraigada no passado, mas que quando aparece ao mundo, vem com as maiores depravações, justamente, por esses, quererem respirar um pouco, esse ar viciado que assola os Estados Unidos tradicionalista e que desvirtuado de todos os princípios, chega ao mundo, como novidade e a partir daí, consome-se lixo, coisa velha, todo tipo do que é arcaico, como novidade. Moda eles não sabem fazer, são conhecidos e reconhecidos pelo seu mau gosto, mas divulgar o que não tem valor nenhum, como joia, é coisa deles. Quem, em sã consciência, consumiria Coca-Cola, McDonald’s, hip-hop e outras porcarias que eles chamam de junkie, junk-food junk-song, junk-fashion, como se fosse gênero de primeira necessidade?
- É, passou mais um. Vamos ao que interessa. E representando o Brasil, Gloria Coelho! Nossa maior expressão da tradução da alma nacional.
- Deus me livre! Uma mulher horrorosa daquelas, é quem dita a moda, o que é e o que não é beleza? Talvez traduza bem essa idiossincrasia nacional, de se dizer uma coisa sempre e se fazer outra, dependendo da conveniência...
- Para o seu governo, ela foi modelo!
- A Espingarda, aquela advogada metida a jornalista, foi Miss, para o teu governo. Imagina. Comerias? E ainda tem quem coma aquele canhão. Deve ser algum militar, daqueles que não abrem mão de guerra contra todo mundo. Deus me perdoe, mas nem com cinquenta anos no deserto, sem comer nada, ela nuazinha na minha frente, tenho certeza que brocharia na hora. A moda brasileira, aquela que não significa muito, além do glamour nacional, mas vive de imitar os outros, como ideia sua, como um penetra liso, sem expressão alguma que faz de tudo para ficar ao lado da celebridade e pensa que só por ter saído na foto ao lado, ela mesma é celebridade. A mania de se enganar no Brasil. Faz-se show para divulgar lá fora, certa celebridade nacional, quando se vê, a sala, o teatro, a vernissage, estão atopetados de brasileiros que foram do Brasil para o estrangeiro, para aparecer mais do que a celebridade em si e quem não é brasileiro, desconhece quem é o tal desconhecido, mas a media no país, estampa que foi um sucesso, a procura pelo que é nosso. Bem Brasil.
- Bem queridos amigos, queridas antenadas na moda, e para finalizar, representando o Estado de Israel...
- John Galliano...
- Deixa que este, eu mesma falo. Divino, espetacular, nada mais representativo de um estado que vive se lamuriando com as perseguições passadas e hoje age pior do que seus algozes, do que Galliano que quando bebe, solta a franga e por não ter papas na língua, falou o que achava dos judeus, ficou no ostracismo, por um bom tempo, numa alusão completa, à falta de liberdades de expressão, quando não convém aos donos do poder.
- Gostei colega!
- Gostou?
- Sim. Tem cu, hoje?
- Tu tens de baixar a esse nível, sempre? Não sabes te colocar de um jeito que pareça sofisticado?
- Não. Na verdade, não sei representar. Sou o que sou. Esse jeito sofisticado, glamouroso de ser, é tão falso, quanto desfile de grifes que não dizem nada no mercado mundial, cheios de papagaiada, mas a moda apresentada em si, uma lástima. E só me apareça no meu quarto, se tiver cuzinho, pois agora, quem ficou zangado, fui eu.
- E por aqui, encerramos a cobertura da primeira EPFW. Até breve!
- Fui! Vais?

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OBSERVADORES DE PLANTÃO