Finalmente o mundo mais fútil, os meios mais soberbos, as criaturas mais frívolas e vazias se reuniram para mostrar suas criações. A Earth Planet Fashion Week representa tudo isso. Talvez, como o Baile na Ilha Fiscal, no Brasil e o baile de orgias de Maria Antonieta, na França que prenunciaram mudanças profundas nas estruturas, esta seja um desses avisos que o fim está próximo. Os profetas do apocalipse clamam nas ruas, mas ninguém lhes dá ouvidos.
E para cobrir evento tão celebrado, a
Rede enviou os correspondentes Durvalina, aquela mulher que por mais que queira
companhia, carinho, casamento, na verdade, queira pau na bucha, mais ela joga
fora as oportunidades que se lhe apresentam; e Troglô, um troglodita
pós-moderno, que se veste como se fosse homo-sapiens e age como senhor de
escravos. E vamos à moda.
- Boa tarde!
- Boa tarde meu colega Troglô, boa
tarde auditório, boa tarde ouvintes da Rede! Estamos aqui para cobrir este
evento que chama a atenção do mundo inteiro.
- Eu, na verdade, estou para cobrir
quem der chance, ou seja, quem der na verdade, não é mesmo colega Durvalina?
- Não sei! Nossa missão é cobrir o
evento!
- Mas a colega sabe muito bem que
houve uma outra cobertura, ontem ao chegarmos ao hotel que me agradou mais do
que esta cobertura em si.
- Vamos fazer o favor de nos ater ao
que interessa. Sem conversas paralelas, por favor!
- Tudo bem. Mas se a colega vier ao
meu quarto mais tarde, posso me fazer de rogado e recusar a cobrir seus
interesses. Mas vamos ao primeiro desfile do dia!
- Moda portuguesa, representada por
Miguel Vieira. Divina!
- Colega Durva, nem começou direito,
a colega já está dando efusivamente sua opinião?
- A primeira vista é a que marca. Que
lindos modelos, que peças...
- Êpa. Umas mulheres flácidas, as
coxas finas e pior, uma carne tão mole que se batem, mesmo que não se encontrem
normalmente. Minha mãe de 94 anos tem as carnes muito mais duras do que essas
meninas que parece que vão se quebrar no meio da passarela. Andam como se na
virilha, carregassem bandeirinhas de São João, mas na verdade, é só pelanca. Imagina
o cara cobrindo uma mulher flácida dessas, parece que está transando com pudim.
E essa roupa...
- Caro colega, dispensamos suas
observações sobre as modelos, pois o que devemos cobrir é a moda em si. O glamour!
- Sim, se derem chance, uma linguada
no saco, uma mãozinha no prepúcio, a gente cobre, mas prefiro as mulheres mais
mulheres, com curvas, com carnes, com recheio até no cérebro. Mas esse
estilista português traduz bem, aquela arrogância lusitana de quem já teve tudo
e não soube preservar, mas mesmo estando na merda, pensa que ainda é rei e se
traveste de uma maneira cafona, ultrapassada.
- Bem, passemos ao outro desfile,
pois este está perdido.
- Representando a Espanha, terra de
gente nojenta...
- A moda atualizada de Balenciaga,
com um tweed cinza musgo platinado...
- Êpa, a querida colega está
inventando moda para parecer antenada, ou essa cor existe em algum catálogo?
- Não interessa. Recolha-se à sua
insignificância. Como dizia, com uma gravata de bolinhas, em ouro pérola sky falls, está divina!
- Mas a colega é muito repetitiva.
Quando é o teu aniversário para enviar o moderno dicionário da língua
portuguesa? Quanta limitação de palavras, não fossem as cores mais exuberantes,
berrantes e estranhas que se inventa todo dia, nada mais seria dito, do que
duas, ou três que se repetem ad nauseum.
- Bem, assim está difícil de
completar o pensamento.
- Fica tranquila que aqui é
televisão, vídeo, ou seja, movimento, completado pelo áudio, ou seja, ondas
sonoras, por isso é que é burrice, chamar de imprensa, ou seja, o que é
impresso, falada e televisionada, quando ainda não se inventou uma maneira de
imprimir o movimento, nem a propagação do som. As pessoas estão vendo e até
ouvindo, é até melhor, do que a colega querer fazer a cabeça dos pobres
desentendidos que acabam pensando que glamour,
é inventar moda, por falta do que dizer, falta de conteúdo, com cores
inexistentes e análises absurdas. Como podemos ver, os espanhóis, assim como os
portugueses, foram os maiores ladrões das riquezas do mundo, em nome das
Cruzadas e hoje, na lama, não deixam aquele ar petulante, como se estivessem
acima da plebe rude, quando rudes são eles, até como pessoas.
- Passemos ao outro desfile. Representando
a França, país de muito luxo, Maison Chanel.
- Na verdade, começou como puteiro,
mas a cafetina-mor, só dava para gente importante, quem pagava seus luxos e ela
mesma, acabou sendo vista como alguém pertencente à elite intelectual, sem
saber o O, sentada na areia. E de cabaret,
virou Maison. É a própria Cidade Luz,
que quanto mais o tempo passa, mais as elites pensam que ainda pertencem à
aristocracia e está para se ver um apagão de inteligências, com gente, em plena
Paris que já foi o centro da cultura, do saber, das artes da moda, da
culinária, o centro do mundo mais atualizado, contra a união homoafetiva,
querendo que se expulsem os estrangeiros, a velha perseguição aos ciganos e aos
africanos, como se isso fosse vanguarda. Tudo é luxo, inclusive as putas que se
querem mulher-dama, vestidas de madame
e os jumentos de pai e de mãe que se vestem com muito pano, para esconderem sua
falta de inteligência completa. Escondem sua falta de higiene completa, com
perfumes caros e muito fortes, mais do que sua inhaca pessoal.
- Bem, vou ficar na minha, pois já vi
que a produção esta conivente com essa atitude de meu colega aqui ao lado.
- Sim, tudo vale, desde que dê
audiência. A Record, rede de televisão, não é a emissora que mais vende livros
no mundo? Imagina se fosse editora. Quando não se tem audiência com a
programação normal, apela-se para o que não tem nada a ver Desde que o público
gosta, vai se levando, mesmo que a emissora seja religiosa e a transmissão se
constitua em pecado capital. Na verdade, como a colega sabe, estou do lado, por
uma questão contratual, mas eu gosto mesmo, é de estar por trás. Entende?
- De outra vez, vou interferir em
quem me servirá de companhia. Na passarela, representando a Itália, Valentino. O
Conde. Não vai dizer nada?
- Posso? É bem italiano mesmo, essa
mania de parecer o que não é. Na verdade, desde o Império Romano, os italianos
adoram um troca-troca, uma brincadeira com o cuzinho, as mulheres, uma batalha
de pererecas, mas a pose nas ruas, parece tudo filho mais fiel do Senhor. Até
as estátuas, têm o pinto pequeno, para não assustar as criancinhas. A cara desse
pessoal que vive na putaria eterna, nem treme. Fosse eu, convidaria o
Berlusconi, para representar essa Itália ambígua, ambivalente, que exala
fashionismos pelo mundo e vive na merda, em cada beco de suas cidades.
Valentino, ah Valentino. Aquele olhar impositivo, de altivez profunda, que na
verdade acaba de quatro...
- Troglô! Chega! Vamos agora, à moda
feita nos Estados Unidos. Pragmática!
- Sim, o que era brega, virou chic com as saias masculinas de Marc
Jacobs que antes eram chamadas de kilts pelos escoceses, hoje, vestido de homem,
aqueles óculos cafonas, mas com muita propaganda, até o xadrez bem vulgar, que
antes era coisa de trabalhador do campo, hoje, venerado como um must. Marc Jacobs traduz bem aquele
jeito American Way, de uma sociedade arraigada no passado, mas que quando
aparece ao mundo, vem com as maiores depravações, justamente, por esses,
quererem respirar um pouco, esse ar viciado que assola os Estados Unidos tradicionalista
e que desvirtuado de todos os princípios, chega ao mundo, como novidade e a
partir daí, consome-se lixo, coisa velha, todo tipo do que é arcaico, como
novidade. Moda eles não sabem fazer, são conhecidos e reconhecidos pelo seu mau
gosto, mas divulgar o que não tem valor nenhum, como joia, é coisa deles. Quem,
em sã consciência, consumiria Coca-Cola, McDonald’s, hip-hop e outras porcarias que eles chamam de junkie, junk-food junk-song,
junk-fashion, como se fosse gênero de primeira necessidade?
- É, passou mais um. Vamos ao que
interessa. E representando o Brasil, Gloria Coelho! Nossa maior expressão da
tradução da alma nacional.
- Deus me livre! Uma mulher horrorosa
daquelas, é quem dita a moda, o que é e o que não é beleza? Talvez traduza bem
essa idiossincrasia nacional, de se dizer uma coisa sempre e se fazer outra,
dependendo da conveniência...
- Para o seu governo, ela foi modelo!
- A Espingarda, aquela advogada
metida a jornalista, foi Miss, para o teu governo. Imagina. Comerias? E ainda
tem quem coma aquele canhão. Deve ser algum militar, daqueles que não abrem mão
de guerra contra todo mundo. Deus me perdoe, mas nem com cinquenta anos no
deserto, sem comer nada, ela nuazinha na minha frente, tenho certeza que brocharia
na hora. A moda brasileira, aquela que não significa muito, além do glamour nacional, mas vive de imitar os
outros, como ideia sua, como um penetra liso, sem expressão alguma que faz de
tudo para ficar ao lado da celebridade e pensa que só por ter saído na foto ao
lado, ela mesma é celebridade. A mania de se enganar no Brasil. Faz-se show para divulgar lá fora, certa
celebridade nacional, quando se vê, a sala, o teatro, a vernissage, estão atopetados de brasileiros que foram do Brasil
para o estrangeiro, para aparecer mais do que a celebridade em si e quem não é
brasileiro, desconhece quem é o tal desconhecido, mas a media no país, estampa que foi um sucesso, a procura pelo que é
nosso. Bem Brasil.
- Bem queridos amigos, queridas
antenadas na moda, e para finalizar, representando o Estado de Israel...
- John Galliano...
- Deixa que este, eu mesma falo.
Divino, espetacular, nada mais representativo de um estado que vive se
lamuriando com as perseguições passadas e hoje age pior do que seus algozes, do
que Galliano que quando bebe, solta a franga e por não ter papas na língua,
falou o que achava dos judeus, ficou no ostracismo, por um bom tempo, numa
alusão completa, à falta de liberdades de expressão, quando não convém aos
donos do poder.
- Gostei colega!
- Gostou?
- Sim. Tem cu, hoje?
- Tu tens de baixar a esse nível,
sempre? Não sabes te colocar de um jeito que pareça sofisticado?
- Não. Na verdade, não sei representar.
Sou o que sou. Esse jeito sofisticado, glamouroso de ser, é tão falso, quanto
desfile de grifes que não dizem nada no mercado mundial, cheios de papagaiada,
mas a moda apresentada em si, uma lástima. E só me apareça no meu quarto, se
tiver cuzinho, pois agora, quem ficou zangado, fui eu.
- E por aqui, encerramos a cobertura
da primeira EPFW. Até breve!
- Fui! Vais?
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