sábado, 30 de março de 2013

INSTITUCIONALMENTE FALIDO


Dizem que o casamento é uma instituição sagrada. Sim, faz parte do pacote para manter a propriedade privada. A TFP que o diga. Deus, Família e Propriedade Privada.  
Mas, será que resiste a estes tempos egocêntricos, a estes tempos individualistas, onde se chegou ao limiar de cada um pensar que é único em um mundo lotado de gente?
Duvido, mas duvido muito.
Não é que eu queira desmoralizar tal instituição, não que haja um complô contra a instituição do casamento, mas é que as pessoas não estão mais a fim de seguirem normas. O hedonismo em sua mais nobre vontade soberana. Aprenderam até a acreditar em Deus, mas de uma forma completamente particular. Se a Ele é percebido que fez milagres, deu presentes particulares, tudo bem, todo mundo é religioso, mas no entanto, se o presente pedido não veio, mandam-No à puta que o pariu e partem em busca de outro que lhes possa atender as vontades mundanas. Estamos assim. E eu, aqui, sem acreditar de vez. Não consigo fazer média, nem representar uma personagem que não seja eu.
Dizem que eu dou encima de qualquer mulher. Nem tanto. Mas, primeiro, nem toda mulher, como já disse antes, vem com uma faixa na cabeça, dizendo: TENHO DONO. E mesmo aquelas que vêm com aliança no dedo, muitas vezes não estão dispostas a serem fiéis até que a morte os separe. Elas já se juntam ao arrepio dos seus casamentos e ao arrepio que dá na espinha dorsal.
Dia desses, fomos Dona Therezinha e eu, à uma Missa de Sétimo Dia, no Bairro Nossa Senhora das Graças e na volta, pegamos um táxi que faz ponto em frente à igreja com o mesmo nome e santa de devoção. Fui colocar a água do joelho para fora, enquanto ele ficou conversando com Dona Therezinha. Quando voltei, ele só a chamava pelo nome de batismo e perguntou se conhecíamos Dona Fulana de Tal.
- Foi nossa vizinha. Tinha m salão de beleza, ao lado de casa.
- O meu cunhado que morava no Paraná, quando a viu, ficou entusiasmado. Ela também era sócia num buffet, com uma irmã minha.
- Vocês sabem que o Coronel morreu 10 dias depois dela? Aliás, poderia estar entre nós, se não fosse tão ligada em beleza. Tomou remédio para rato, para emagrecer e começou a ter complicação. Ela não era fiel, nem um pouco ao marido, sabe?
- Sabemos e eu constava algumas vezes, bem de perto.
- Ela não quis chegar no garotão aí?
- Não, ele era muito garoto.
- Ela só gostava de garotão!
Então descascou a ladainha. Todas as putarias que fazia, ele é que acobertava e segundo ele, era regiamente recompensado.
- Passava os fins de semana num apartamento do Centro e me chamava e dizia logo: “para todos os fins, o senhor me pegou no aeroporto!” Deixe comigo que vou lhe recompensar como o senhor gosta.
Era o casal modelo. A bela fiel, o Coronel das virtudes cristãs e ilibada conduta social. Viviam tão bem assim que segundo o taxista o marido morreu de depressão após ela ir desta para baixo da terra.
Já citei o livro INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, quando fala dos relacionamentos. É muito importante dar uma lida, pelo menos nesse capítulo em si, para ver as estatísticas de como eram, como estão e como podem ser os casamentos, em verdade, os relacionamentos humanos. Antes se casava, para todo o sempre. Com o tempo, foi-se pensando em permanecer junto, mas na primeira crise, procura-se outro. Agora, já se casa, com prazo de validade, pensando, antes de se relacionar, quanto tempo se quer ficar na mesma relação.
Bem verdade que antes da propriedade privada, casamento, essa maneira de ver o outro como objeto seu, com título de propriedade passado em cartório, inexistia. Mas acostumou-se por tempos, dessa maneira, de fidelizar a mercadoria adquirida, só com as bênçãos do presbítero, ou com a assinatura no livro do cartório, sem precisar se esforçar para regar cada dia, como diz uma música de antigamente de um grupo musical que sumiu.
Meus pais foram felizes para sempre. Pelo menos era o que dava a ensejar. Nunca se viu crise no casamento, apesar de cada um ter seu emprego, às vezes, cada um tinha de ir para o seu lado, não se soube de traição, mesmo que Seu Clovis tivesse diariamente à sua frente, mulheres desde as mulatas do Sargentelli, até duas alemães, uma loura, outra de cabelos negros, lógico que eu preferi a “morena”, como elas falavam em um Português perfeito, mas se pulou a cerca, foi bem feito. Iam para todos os lados, acompanhados, juntos, mesmo que cada um tivesse seu carro, quando era para um evento, era em um único veículo, diferente de hoje, onde cada qual vai em tantas viaturas, quanto puder mostrar poder aos outros, a menos que fosse para a casa da vovó, até meus 16 anos, aí Dona Therezinha tinha de ficar em casa, esperando o retorno da tropa. Só se desgrudaram quando Seu Clovis bateu as botas justamente quando Dona Therezinha estava indisposta, achava que estava com dengue e quando foi chamada para presenciar a “passagem”, ficou boazinha, esqueceu até que estava doente. Ainda bem que não é passagem de ônibus no Brasil, senão muita gente não iria desta para a pior, nunca. Ficaria à pé, a vida inteira.
Cálculo simples. O salário-mínimo de R$ 678,00, a passagem a R$ 3,00, “supunhetando” que se tenha de pegar uma condução de ida e outra de vinda só, por semana, de 5 dias que seja, são R$ 30,00, ao final do mês, que quase sempre são 4 semanas, serão R$ 120,00, calculando encima do salário-mínimo, percentualmente, sobram R$ 548,00, ou seja. 17,69912%. Be frankly Frank! Ainda tem alimentação, crianças, material escolar, vamos falar sério de verdade. Muitas vezes são pais e principalmente mães que arcam com as despesas da casa, sozinhas, para uma multidão de filhos que se tem, porque as igrejas cristãs, de certa forma que ainda hoje se mantêm cretinas, não permitem que se ensine planejamento familiar à famílias de baixa renda até o momento. É esculhambação! Imagina quem tem de pegar 4 conduções diárias e trabalhe inclusive nos feriados como o pessoal da Arena da Amazônia, que parece estar sendo levada nas coxas, sem planejamento algum, por terem colocado como gestor, um parente de um fascista que é o maior bunda-mole que nem sabia onde ficava o Amazonas no mapa e hoje se locupleta em fazer merda. Tem de acabar em tragédia.
- Ah coitadinho, o Seu Empresário dos Transportes que é procurado pela polícia em Goiás, em Rondônia, no Mato Grosso, está dando discurso no Congresso Nacional, tem de sobreviver!
- Só ele, né?
Existem casamentos hoje, de gente que casou depois dos meus pais, dos sogros do Bustela, mais jovens, que permanece por longo tempo? Sim. Mas é diferente. O marido chega vai para o computador, a mulher vai para o quarto com o celular, os filhos fazem o que bem entendem, ou seja, assim, não é compromisso, nem aqui, nem na China. É muito fácil fazer cara de paisagem, na hora da foto, mas como dizia a avó de uma ex-namorada, “a educação de hoje, é diferente do meu tempo”. Ela ficava embatucada, quando chegava para um almoço, um jantar, com visitas na casa, dada um dos filhos se trancava no seu quarto, com sua turma,ou com sua companhia única. Uma vez em que discuti relação de família e o pai dela ouviu, ele retrucou: “É meu filho, culpa da mãe que tem de dar a criação!” Não concordo, mas fiquei calado, pois já havia mudado muita coisa naquela casa, por minhas intervenções. Estava muito parecido um livro antigo, acho até que virou livro, do subversivo que entra numa família burguesa e começa a mudar os princípios da família. Preferi me abster de discutir mais coisas sobre o que eu penso. Foi até best-seller nas rodas de acadêmicos, de vanguardistas, não sei o nome. Acho que tive, ou tenho na minha biblioteca. Porcos com Asas, não. Tomates Fritos, ou Tomates Secos, alguma coisa do ramo? Talvez. Uma família é feita de pai e de mãe. Esse papo machista de relegar os afazeres domésticos à mulher é muito fácil. Ninguém faz filho só com o dedo, mesmo quando há inseminação artificial. É preciso esperma e até hoje, o dedo até leva ao orgasmo,mas não asperge gala no meio das pernas, pelo menos masculina.
Tem gente que insiste em manter o casamento, muitas vezes, só para mostrar aos outros, outras vezes, para não dar recibo de incompetente, pois como dizem os especialistas, muito homem acha que um casamento em crise, um casamento acabado, é sinal de que ele não soube ser homem, não teve competência para dirigir a própria família. O casal prefere viver infeliz para sempre, do que tentar outras, ou outra relação. Pode ser.
Mesmo porque a própria sociedade ainda hoje, tem o casamento heterossexual, como medida de capacidade profissional. Muita gente casa para merecer a promoção, mesmo que não tenha afinidade alguma com o outro, mas dá lucros. Muitos homossexuais se reprimem, para atender ao mercado, acabam casando com a dondoca e quando podem, dão o rabo para os garotos de programa, para não confrontarem as leis de mercado, como sagradas, até mais do que as coisas do Deus deles.
Eu sempre digo que o problema de uma relação, não tem nada a ver com quem paquera a mulher, ou o homem dos outros, ou das outras. A relação existe entre A e B. Se o C entra, é uma questão de tentativa que muitas vezes, acaba dando certo. Ele não tem nada a ver com a relação dos outros. O seu problema é outro. Cada um cuide se seu quintal, pois o hedonismo é global.
Sinceramente, aquele mandamento de NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO, caiu por terra, faz tempo. É uma questão de tentativa e erro.O cara pode nem desejar, mas a mulher do próximo é que provoca, até ser “comida”. E já aconteceu comigo, um moço de família inocente que fui levado a cometer pecado em relação ao Deus que eu nem acredito. “Senhor, eu sei que eu sou um pecador! Não tem desculpa. Se tiver outra esposa dos outros, ávida por prazer, de foder, estamos aqui para quem der e vier! Amen.” A única vez em que nem estava pensando em putaria, a colega ficou nuazinha na minha frente, até brochei de verde, azul, vermelho e branco, não teve liga naquele dia. Mas os posteriores foram bem melhores. “Se ligamos!”
Quando éramos mais jovens, saíamos da Economia, principalmente às sextas-feiras, o Mucura e eu e íamos, cada um no seu carro, para os bares na Cachoeirinha. Havia uma quantidade enorme desses bares e casas noturnas, só naquele espaço. O Bairro era conhecido como a Califórnia, uma coisa dessas, de Manaus. Ou senão, para a Bola da Suframa também. Depois é que virou ponto de traveco. O mais frequentado por nós era o Gato Preto, Gato Pardo, alguma coisa assim. Acho que nem existe mais. Taxistas, motoristas de carreta, gente às pampas, acompanhados por suas esposas, suas companheiras, suas acompanhantes. O Mucura começava a flertar com as mulheres que se mantinham ao lado de seus maridos fiéis. Uma piscadinha quando só ela estava olhando, uma maneira de atrair a atenção, um sinal para se encontrarem no banheiro. Banheiro de shopping, de bares e de restaurantes, lugares públicos em si, quase sempre têm uma conexão onde se bifurcam. Foi por isso que um tempo desses, estava naquele restaurante que serve tacacá em xícara, no Manauara Shopping e queria soltar a bufa, em um lugar discreto. Perguntei aos seguranças onde havia um toilet, indicaram um, lá na casa do chapéu. Segurei o flato enquanto caminhava até o local indicado, quando pensei que já estava são e salvo, saiu aquele traque de velho, fazendo o maior barulho do mundo. Aliviei as tripas, quando olhei para o lado, uma senhora idosa que estava sentada ao lado da mesa em que estávamos, estava morendo de rir. Não era o banheiro ainda, era essa tal bifurcação, mas a culpa não foi minha. Dizem que o que está preso é para soltar e se as distâncias nesse dito shopping são enormes, os entroncamentos entre masculino e feminino, fazem crer que já se pode arriar o barro ali mesmo, tão confuso são as coisas.
Toda sexta, tinha “jogo”, pelo menos. Ela fazia que ia ao banheiro, o cônjuge ficava conversando, bebendo, nem se importava, Mucureba dava um tempo, quando ela estava vindo, ele estava indo, na passagem, já deixava o número do telefone, ou como e onde se encontrarem, sem deixar suspeita. Era muito mais fácil do que dar rasteira em aleijado de muleta. Aliás, é.
Quando decidimos ir à Itacoatiara,às 4 da manhã, quando ainda estávamos num bar, para sairmos às 6, foi difícil encontrar hotel. Então, com muita dificuldade, ficamos no Las Vegas, logo na entrada da cidade. Marco Antônio e eu, dividimos o apartamento. Quente, sem janelas e com um ventilador que espalhava o vento, como se estivésemos naquelas máquinas de assar frango. Do outro lado, um caminhoneiro, um garoto pequeno e uma mulher, digamos, pra sermos justos, gostosa. O Marco furou a parede que era só um compensado, o marido, depois de um bom tempo, colou um papel no buraco. Tanto fez que no meio do caminho de volta, quando todos paramos em uma cachoeira que fica no meio da selva, ele levou a cabo, seu intento.
Eu sei que tem muita gente que faz demagogia, diz que isso não se faz. Mas quantos e quantas, não dão seus pulinhos e são os mais “moralistas”? Tenho amigo que é casado, apesar do discurso e já teve caso com uma mulher casada também, agora faz o tipo “maridão”, para a fotografia. No primeiro arrepio da lei, trai. Mas que não se faça o mesmo com ele, senão vira caso de polícia. Muita gente que vive de pose.
Eu mesmo, nem sei quantas mulheres casadas, já tive, em vários momentos de prazer, de ficarmos juntos, de irmos a todos os lugares juntos, do sócio proprietário saber. Casamentos que só existem para a plateia. Cada um vai para o seu lado, cada um tem seu caso, mas quando necessário, estão sorrindo, fazendo pose de família feliz para a foto social. Só não se pode dizer Ken come Barbie.Não foi uma, nem duas... Tinha até um leso que na minha frente, beijava a mulher e ficava de olho arregalado para o meu lado. Depois dizia que iria cortar o rosto dela com navalha, quando estavam a sós. Era um caso de PSA. Problema de Sexualidade Angustiada. Será que ele não sublimava nos lábios dela, um mulherão daqueles, o cara ao invés de aproveitar, na verdade, estava querendo “dar” para mim? Mas nesse caso, que me perdoe o Senhor, mas prefiro a senhora! Seria um caso de RIR? Roscofe Intempestivo Raciocinando? Começa com ciúmes, aí a confiança no outro vai para o espaço, mas mesmo assim, mantém uma porra escrota dessas, só para competir, como se relação fosse jogo, fosse brincadeira de gente tola.
São pessoas covardes que muitas vezes, não separam, por manterem negócios em comum acordo e não no bom sentido, mas negócios comerciais, industriais e do Terceiro Setor. Ou por não quererem pecar diante de Deus.
Mas a instituição casamento e a instituição família, atualmente, chegaram num ponto de inflexão. Hoje, o que importa, é tão somente a festa, aquela maneira de dizer “eu te amo”, mais para os outros, do que a quem se quer de verdade. É muita fantasia e como tal, acaba que não pode dar certo. O cara em casa, não está nem aí para o cônjuge, chega num estádio de futebol, de beisebol, como é tradição na sociedade piegas norte-americana e levanta, pega o microfone, aparece nos telões, declarando amor eterno, presenteando com joias, quando saem dali, é na porrada. Muita cena, para pouco amor.
É o cara que está fazendo sexo anal, de repente o chamam para fazer um anúncio que não pode esperar, vem desmunhecando até no pescoço e diz: “Habemus Papam! Mas quero dizer também que a frescura é pecado.” Dá para acreditar?
Dona Therezinha e Seu Clovis casaram sem nenhuma pompa. O meu e o padrinho de Dona Themis, o padre, cada um saiu do trabalho de repente, com a roupa que estavam, pronto. Só depois é que avisaram às famílias. Depois disso que o Adalberto Vale ofereceu o banquete, mas para umas 4 pessoas só, ou outros que caíram de bicão, de serrão. Nem por isso, sentiram-se infelizes para sempre. As pessoas esqueceram o que é compromisso e aprenderam a fazer “Marketing Pessoal”. Casamento serve mais para impactar uma marca, do que unir duas pessoas que se gostam de verdade. Muito glamour, muita festa, mais para mostrar aos outros, do que para se sentir feliz de verdade. O cara não sabe dizer para ela, bem baixinho, “eu te quero! De verdade” Tem de dar satisfação a todo mundo, beijos que parecem barulho de turbina de avião. Sempre me lembro de uma vez em que estava no Rio, fomos duas primas, o marido de uma e o namorado de outra e eu, sair para a noite. No meio do caminho, o marido de uma, parou o carro no meio da rua, para dar uma esculhambação no casal ao meu lado.
- Caralho, vocês não podem beijar sem tanto barulho? Até atrapalha a gente dirigir.
Um relacionamento que acabou antes de começar. Sem envolvimento de verdade, só um faz de conta, como se pede muito, nos dias de hoje.
Eu tinha uma namorada que o pessoal queria que eu a beijasse em público. Dizia que não éramos Tarcísio Meira, nem Gloria Menezes. Cada coisa em seu lugar. Não parece mas para algumas coisas, sou muito tímido. “Deixa com nozes!” Nem só de pão vive o homem... Mas as pessoas, principalmente as mais espalhafatosas, quando chegam em público é que pensam que estão em uma peça de teatro, num reality-show, querem os 15 minutos de fama, fazendo o que se fazia antigamente, no reservado e em particular, são uma presença insignificante.
Eu tinha um amigo de academia que dizia que nunca tirava a aliança de casado. Primeiro, para não dar esperanças a ninguém, depois para saberem que se quisessem, não dava para fazer cu doce, esperar muita conquista, pois sendo casado, tinha de ser vapt-vupt, não podiam perder muito tempo e depois dali, cada um se lavar e ir para sua respectiva “housedência”.
Lembro sempre de uma amiga que além de ter o corpo, apesar do rosto ser meio esquisito de se ficar olhando, ia à sauna, com biquíni branco, cada um menor do que o outro. Um dia chegou e disse que havia casado. Tudo bem, respeita-se a decisão.
- Já estou na idade, já curti tudo o que tinha de curtir, já cheguei numa fase em que sei bem o que eu quero de verdade.
Lindo. Seja feliz para sempre.
Acho que uma semana depois, lá vem ela de novo.
- Separei. Ora bolas, o mineiro me conhecei na noite, não saía, nem queria deixar que eu saísse, um pensamento completamente diferente do meu. Atrasado, retrógrado...
A última vez que a encontrei, encontrávamos num shopping, continuava quase do mesmo jeito, o corpo. Ou melhor, talvez já tenha me acostumado tanto com o rosto até que dá para comer beijando.
- Casou de novo?
- Serei maluca?
- Tens filhos?
- Nem morta.
Ótimo! O ficar solteiro que antes, depois de uma certa idade, não tinha mais opção, a não ser namorar menina muito mais nova, hoje parece uma realidade, com tanta gente que não casa e outras que casam e separam, ou quem casa e continua a fazer as mesmas coisas, do tempo de solteira, como se não tivesse assumido compromisso algum.E não sou eu que posso aproveitar desse comportamento que vou dar lição de moral nos outros e principalmente nas outras. “... isso aqui tá bom demais...” E via o Dominguinhos. Sou solteiro, sou ateu e não acredito na perpetuação da propriedade privada, principalmente nas relações humanas.
Ela hoje é tanta coisa. Fisiologista, gourmet etc. Deixou o cartão com os números de telefones, todos, da clinica, da casa, do buffet, comigo, que Deus seja louvado. Quem sabe, um dia de massagem que acabe em banquete. De outra forma, nunca mais, desde que comi com a turma, língua aos montes e depois que fomos para casa, engracei-me por uma menina linda, boazuda, mandei o “plá”, ela respondeu de lá, dispensou a irmã e os sobrinhos e marcou de se encontrarem depois e zarpamos para brincar de fazer neném. Pega aqui joga para lá, de repente uma dorzinha de cabeça do cacete. Mas no meio da partida, não iria interromper o jogo, nem com a morte da bezerra. Seguindo, o que era uma dorzinha, tomou conta de tudo que não consegui mais enxergar nem ela na minha frente. Acabou, saí correndo para o banheiro, vomitei tudo o que havia comido, antes. Duas comidas desperdiçadas, sem o devidamente saborear. Nem sei onde larguei a garota, nem sei se ela me deu o endereço com o número do telefone. Cheguei em casa, fui dormir, até o outro dia, ainda com uma leve dor nas têmporas.
- Foi a carne?
- Não, a língua!
Até hoje fico preocupado em ter falado de um jeito que a fez pensar que a culpa, foi da dela. Não foi. Nem a carne, nem a língua dela,mas era de um restaurante. Tanto uma quanto a outra, deliciosas, mas que podiam deixar mais lembranças.
Não adianta, hoje, com as estatísticas nas mãos, com esse individualismo reinante, todo mundo trai, vai trair, ser traído, ou já foi. O casamento acabou, a família está por um fio, aquele ambiente antigo de papai mamãe e filhinhos, já nem existe mais, para tantas famílias com o pai do Breno, a mãe da Bruna, que casou com o pai do Marcelo e levou os filhos do Antístenes, ou a família do papai, papai e filhinhos, ou da mamãe, da mamãe e suas crias. A propriedade privada está perigando, apesar de uns lesos quererem mantê-los à força. Contra a força da inteligência humana não tem armas que possam ser mais eficientes, parafraseando o que me diziam antigamente: “contra a força não há resistência!” Há!
Daqui a pouco, voltaremos às sociedades tribais, onde ninguém é de ninguém, de verdade, não só um título para vender livro espírita e os filhos não são meus, teus, mas de todos, responsabilidade do grupo, da sociedade. Pode até ser uma maneira de acabar com tanta criança de rua, como se fosse um excremento social e a gente vê e parece normal. Não é meu! Pode não ser o filho nosso, mas que vai acabar sendo um grande problema nosso é só esperar.
Uma vez, já noite, vinha voltando para casa, sozinho, vi um garoto pedindo no sinal, não dei um tostão, lógico, nem baixei o vidro da porta, mas pensei a barbaridade de uma cena daquelas. Uma criança que deveria estar dormindo àquela hora, ainda pequena, servindo de isca para uns cretinos que fazem filhos para fazê-los marionetes para seus vícios. Uma sociedade que tem naquela cena, a certeza da civilização e do progresso e chama índio de bárbaro. Uma sociedade que graças a Deus, é governada pelo senhor, não por algum Anticristo. Estragou de verdade, meu fim de noite.
Este modelo, onde até o amor é privado, está acabando. O cara compra o outro, passa em cartório, para depois jogar na despensa, como um boneco que enjoou dessas meninas mimadas. Não dá, não vende, não empresta, não aluga, não troca, nem negocia, fica marcando passo, para dizer que ele tem uma companheira, ou um companheiro, tem filhos, tem família, como diz o receituário da Dona Benta. É feliz? Não! Está fazendo o outro feliz? Não! Criou um lar? Não! Mas mandou construir uma casa com todos os luxos possíveis e imagináveis. Tem de manter a mentira para a sociedade.
De uma maneira ou de outra, o casamento está mostrando quão ilógico, irreal, é a própria religião. Os caras juram amor eterno a Deus. Ou vivem mal para todo o sempre, ou se divorciam. De um jeito, ou de outro, estão pecando na promessa de serem felizes para sempre. Justamente porque, nem a eternidade existe, ainda mais ser feliz para sempre, onde a fidelidade está mais no papel assinado, do que na vontade interior de cada um. Aliás, nós somos mamíferos e fidelidade, é algo tão irreal, quanto a Bíblia. Fidelidade é para papagaio, para periquito, para arara, para catatua, para maracanã. Mas esses, são de outra espécie, outro reino. Animal!
Eu sou mais lógico. Sempre digo que estou amando naquele momento, não sei nunca o que pode acontecer dali para adiante. Vou casar, só para fazer tipo na empresa, para dizer ao mundo que eu sou machinho, ora bolas, o Fonfom era casado e teve nove filhos, o “comunista” Netinho de Paula também tem nove filhos e o Divaldo Franco, com aquela masculinidade expressa na cara, tem dezenas, ou milhares. Vamos voltar à vida normal. Chega de fazer tipo, mesmo sabendo que não é isso que se quer. Mas vive-se mais para mostrar aos outros, do que se satisfazer de verdade.
Arroz, buquê de flores, folha de laranjeira, pétalas de rosas, lembrancinhas, bem-casado, no outro dia, começa o dia comum, numa prisão a dois, onde cada um vai paquerar na internet, no bar da esquina, no escritório e quer que o outro seja fiel para sempre, honrando a família coisa que ele mesmo não está fazendo. Gente mais cretina!
Dizia-se que ninguém tinha na testa, uma placa com certificado de propriedade. Hoje, mesmo as que por ventura tenham bem claro isso, ainda trazem outra, talvez na nuca: DISPONÍVEL PARA OUTRAS EXPERIÊNCIAS. Quem tem suas relações é que tem de respeitá-las e são justamente essas pessoas que em público se mostram tão incomodadas com quem paquera livremente, que deveriam cuidar mais de suas relações. Pois não foi o outro, ou a outra que jurou na frente de todo mundo, amar, respeitar, crescer e multiplicar? E como na maioria dos casos, quem entra em uma relação, é adulto, não dá para se mostrar enganado, por quem não tem nada a ver com as juras de amor eterno que acabam sendo traídas, por quem defende o casamento, com a maior cara de pau.
 Até o sagrado hoje em dia, é falso. Ou são santos do pau oco, ou caras de pau.
São 2:44h em Manaus. O Sábado pode ser de Aleluia, mas com licença que eu vou dormir, porque não faço milagre.

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