O sogro de um amigo foi hospitalizado, fez cateterismo, colocou aquela mola no coração e então ele ligou e ficamos conversando. Viajariam todos na terça-feira, para aproveitar a Semana Santa. Não vai ser mais possível, a companhia dos outros. Agora, ele iria com o filho, a mãe e a namorada do filho. Falei que se fosse eu, não iria.
- Por quê?
- Porque o pai
da tua mulher está hospitalizado!
- Ela disse que
não vai, mas podemos ir.
- Ela vai ficar
só?
- Não. Ela tem
muitos irmãos.
- Mas quem
casou com ela, foste tu. Eu não iria!
- Mas já está
tudo pago, vamos perder uma grana alta.
- Não
interessa. Eu não iria!
- Vou pensar!
Reguei as
plantas, tirei mato e grama de onde não deviam, coloquei terra compostada onde
estava faltando e vim para o quarto. Como não tenho nada para ler, comecei a
pintar, a desenhar, quando vi, era meia-noite. Começou de novo a falta de sono.
É o segundo dia em que vou dormir tarde, e, acordo mais cedo, do que quando
durmo muito. Fui à cozinha, comi uma maçã e dois pedaços de presunto, sem que
antes desse uma lavadinha, pois está muito salgado para o meu gosto. Eu tenho problema de sentir as coisas
salgadas, por isso que não gosto de pipoca, batata frita, essas coisas que as
pessoas se acostumaram comer com muito sal. Passa a fome rapidinho.
Desde a hora em
que falei com meu amigo, estou pensando “por que não viajar?”.
Lembrei-me de
Seu Clovis, quando alguém da família, estava doente. Proibia de se ligar rádio,
televisor, sair para festas, qualquer coisa assim. Se morresse, pior, eram
dias, acho que sete, conforme manda a religião. Acho que de certa maneira, ele
estava certo. Vou explicar adiante.
Depois, pensei
na cerimônia de casamento do meu amigo. Cheguei encima da hora, quando consegui
estacionar o carro, a noiva estava chegando, pedi para ela esperar um pouco e
saí correndo, na escadaria da igreja, com o paletó aberto. Aliás, aprendi com a
mulher de um amigo que me intimou a ser seu padrinho de formatura na Economia,
a primeira vez que usei um paletó, depois de adulto, pois em criança, usava uns
paletós com bermuda e gravata borboleta. Eu não sabia bulhufas o que fazer, ela
me ensinou que quando se senta, abrem-se, ou abre-se o, ou os botões. Quando se
levanta, abotoam-nos, ou fecha-o. Bem, sendo assim, estava com o paletó
fechado. Lá pelas tantas, no casamento desse meu amigo, o padre deu aquele
discurso tradicional e falou que o casamento é um compromisso “na alegria e na
tristeza, na riqueza e na pobreza” etc.
Eu já disse que
a religião, servia como duas coisas, nas sociedades antigas. Primeiro, dar
autoestima aos povos a que servia. Com o Deus que criam, apoiando-os, podiam ir
à luta, pois mesmo morrendo, estariam salvos. E de outra maneira, como
organização social, meio Judiciário, meio Medicina, meio regras básicas, em
suma, código de postura de uma sociedade ainda incipiente. Muita coisa é
lógica, serve até hoje. Outras são ultrapassadas, como não comer porco, nem
camarão, nem frutos do mar. Antigamente, com o pouco conhecimento sobre esses alimentos,
realmente faziam muito mal, podiam levar inclusive à morte, mas hoje existem
formas de evitar esses danos. As coisas lógicas, lógico, continuam, como disse
a um motorista, dia desses, muita coisa mudou, mas têm outras que só se descobrirem
e nos convencerem do contrário, permanecerão sempre, aqui, ou onde estivermos,
como a Lei da Gravitação Universal. Até agora, é incontestável, em casa, na
rua, na Terra, em Marte, onde estejamos. A lei do nascer, crescer, morrer. Se
não inventarem uma maneira de evitar a morte, com remédios, ou algo mais, até o
fim do mundo, pois acredita-se que o universo também deixará de existir, será
eterna.
Então pensei de
novo. Esse discurso no casamento, realmente significa alguma coisa. Como a
religião nunca é clara, inferi que aquele discurso todo, é para fazer com que
as pessoas tenham compromisso com o casamento, uma com a outra, num primeiro
momento, depois, com a família que formam. É isso. “Por que não viajar?” Porque
quem jurou fidelidade, essas coisas todas na frente de todo mundo e do padre,
representando o Deus, tem de no mínimo, atentar para a solidariedade,
principalmente nesses casos, é muito bem vinda. A partir do momento em que se
está em uma relação com pelo menos outro, aquela forma de pensar o mundo sozinho,
individualmente, tem de ser deixado de lado. Mesmo que isso, pareça que hoje, é
tolice. Todo mundo quer uma companhia, mas na primeira piscada adiante, já se
faz volúvel, “pula a cerca” e o mais bacana disso, é que quer fidelidade
integral, de quem foi traído. Ou seja, hoje, todo mundo quer tudo de bom, nada
que possa fazê-lo ter compromisso. Muitos bônus, nenhum ônus. A sociedade da
esperteza. E quando alguma coisa vai contra as vontades de cada um, que se
pensa o Adão no Paraíso, antes até do que da Eva, logo se faz pouco, logo se
diz que é bobagem, é tolice. Só é válido, o que nos satisfaz. O cara jura por
Deus, meia hora depois, está traindo, inclusive os princípios colocados por
Deus, pois ninguém quer abrir mão de suas conveniências. Quem liga para isso, é
fora de moda, ultrapassado, careta!
Quando tem
alguém hospitalizado que eu vou visitar, primeiro, sou um zero à esquerda em
Medicina, depois, tem equipes e mais equipes especializadas, cuidando do
paciente, mas a questão não é essa. A visita em si, é uma maneira de se prestar
solidariedade.
Esse mesmo
amigo vive dizendo que eu gosto de ir à Missa de Sétimo Dia. “O morto está
morto...” Mas a questão não é essa. Eu não vou por causa do morto. Mas como uma
forma de prestar solidariedade à família que ficou. Mais do que ele que agora
virou religioso, eu não acredito na vida depois da morte, na ressurreição após
o Dia do Juízo Final, Céu, Inferno, Paraíso, nada disso. Mas aprendi que além
de nós, existem outros. E mais do que nunca, muitos outros. Mais de 7 bilhões.
Uma vez, quando
tinha uma amiga na academia, o avô de um colega dela de turma morreu e eu
perguntei se ela tinha ido lá. Ela também era muito ensimesmada, mesmo tendo
outras irmãs, pensava como filha única, por ter sido a primogênita e as outras
terem vindo muito tempo depois. Falei para, pelo menos telefonar, enviar um
telegrama – naquele tempo, email era para poucos como eu -, mas que não fosse
tão antissocial, tão imprestável, em termos de solidariedade com o próximo.
Logo ela que estava se formando em Medicina, com um comportamento daqueles,
ficava pensando, como não trataria os pacientes. Falei inclusive para ela
comprar o INTELIGÊNCIA EMOCIONAL se não quisesse ler tudo, pelo menos a parte
que fala da Medicina. Ia ser cardiologista, mas depois que falei que caminhando
domingo com a ex-professora dela que foi minha colega de colégio, ela falou que
se ela quisesse ser obstetra, seria a melhor do Amazonas, sem dúvida, pelas
habilidades que tem em pegar criança, ela trocou a Residência. Espero que
esteja tratando as prenhes, as parturientes e suas crias, como pessoas, ao
invés de cavalos.
Às vezes eu
fico pensando: “Fulana era tão bonita, tão próxima, podia ter ficado com ela”. Depois,
calculando prós e contras, começa a ficar negativo. Uma pessoa muito
egocentrada, realmente não vai ser uma companhia muito agradável ao outro. Uma
pessoa que se concentra em seus problemas, como se o mundo fosse feito só para
si, na primeira oportunidade, quando o barco estiver afundando, pula sozinho e
deixa todo mundo afundar, sem ao menos auxiliar os outros para o seguirem.
Agora, para
ficar com alguém antes de tudo, calculo a capacidade da outra pessoa de se
integrar na relação. Básico, mas muitas vezes a gente não pensa assim, só vai
pela beleza, ou porque o outro é ótima companhia para festas, mas na hora que é
preciso um companheiro, um camarada, fica-se mais só, do que se estivesse
solitário.
A última
namorada oficial, diferente da primeira, aliás, oficialmente, só tive as duas e
chega, só fazia companhia, quando queria, quando interessava à ela. Quando
tinha tempo para ficarmos juntos, preferia visitar a mãe, ficava com as amigas,
ia bater pernas por aí, então, decidi ficar só, do que mal acompanhado. Uma
namorada que vive mais longe do que perto, é pior do que não ter ninguém por
perto. Atrapalha mais do que ajuda. Nem oito, nem oitenta. A outra, era um
grude. Também não. Mas pelo menos, muito
mais companheira, ou, uma relação de muito mais companheirismo, de trocas. A
primeira vez que vi que estava em uma relação de verdade, foi em uma excursão
para Balbina, o ônibus estava esperando para sairmos, ela ficou com febre.
Decidi ficar junto, saí à pé na chuva, para comprar remédio em uma farmácia que
havia e nem me interessei de fazer a visita que estava marcada, pelo guia. O
ônibus passou por mim, o pessoal gritava para entrar e ir junto, decidi que não
tinha clima. Uma questão de lógica, pelo menos para mim. Ou se está junto, ou
se desocupa o vaso, como diria meu avô materno. “Nem caga, nem desocupa o
cagador!”
Temos nos
indignado diariamente, com os exemplos deixados na sociedade, com a falta de
princípios. Mas o que temos feito para mudar?
Imagina o
seguinte papo, entre pai e filho.
- Meu filho, prepare
a mala, seu avô está internado, em observação, vai dar tudo bem, vamos viajar,
porque os gastos foram enormes. O dinheiro é mais importante do que estar com
um ente próximo, mesmo que seja da família. Quando chegarmos ao destino, vamos
esquecer o doente, vamos esquecer que deixamos parentes em vigília e vamos
aproveitar tudo o que o lugar tenha a oferecer e o dinheiro. Vamos às
danceterias, às praias, aos shows,
teatros, restaurantes, enfim, já está pago, vamos aproveitar porque a vida é
curta e os outros que se fodam.
Tempos depois,
esse mesmo amigo, viúvo, sozinho, liga para o filho que não o visita, nem leva
os netos, para estarem com ele.
- Como é? Tu
não vens me visitar no asilo?
- Quando tiver
tempo. Por enquanto, estou curtindo o que o dinheiro permite, afinal, aprendi
que o dinheiro é mais importante do que qualquer coisa. Justifica até se
esquecer dos outros, para curtir a vida. Quem está velho és tu. Eu vou curtir a
minha juventude!
Aí eu fico
pensando. Será que Seu Clovis nos incutiu muitos princípios, ou será que nas
outras famílias, essa falta, está levando a sociedade inteira a se portar como
se os outros, fossem escada para cada um subir mais alto? E o que acontecer com
quem fica no caminho, “não é problema meu!”?
Faz-se aquela
cerimônia de casamento, convida-se um batalhão enorme de gente, é tudo festa. O
celebrante manda repetir as palavras do “até que a morte os separe”, e como
muita coisa, principalmente ligada à oração, as pessoas repetem sem pensar o
que estão dizendo. Automaticamente. Saiu dali, abateu a pobreza? Ciao e bênção! Vou procurar outro, ou
outra que possa agregar valores. Valores monetários apenas. Doença? Não quero
nem pensar. Quando for a minha vez, gostaria muito que os outros ficassem ao
meu lado, mas de outra maneira, vou curtir minha saúde. “Que sejam fiéis...”
Mas nem morto. Só falei aquilo, porque todo mundo repete, mas a intenção mesmo
era de celebrar uma coisa de momento. “A madrinha da noiva é deliciosa. Vou dar
um jeito de fazer a noiva dormir logo e depois, eu combino com a madrinha, para
ficarmos juntos, pelo menos hoje...” O imediatismo até para se ser feliz. De
certa maneira, sozinho. A maneira mais burguesa do personalismo. “Eu e eu!”
É por isso que
eu sempre digo que não caso. Primeiro, porque não sou religioso e quero
distância dessa coisa falsa. Mas depois, porque muita coisa eu não concordo,
mas, a partir do momento que eu me comprometo com algo, eu tenho de fazer
exatamente o que eu disse. Eu tenho vergonha de não entregar o que prometi.
Como dizia à minha primeira namorada, quando ela falava em casarmos.
- Tudo bem. Tu
entras com alguém no meu lugar, eu fico tocando piano na sacristia, no fim da
festa, eu te pego e vamos comer o bolo! Não sou palhaço para ficar na frente de
todo mundo, com cara de leso. Depois, não vou prometer o que eu sei que não sou
capaz de realizar.
Essa
fidelidade, realmente, é muito atrasada. Prefiro uma relação de companheirismo,
de acreditar no outro, de falar o que está sentindo e desejando, do que ficar
se reprimindo para não trair os votos de casamento. Eu consigo ficar sem trair,
como já consegui, até em relações que não eram de namoro. Mas todas as vezes,
quem acaba se dando mal, talvez porque eu fique muito leso, sou eu. Mas nem
isso justifica que traia a confiança de quem está comigo. E já percebi que
todas as vezes que dá vontade de dar umazinha com outrem, é só para
experimentar, da minha parte e da parte da outra, uma maneira de se sentir
poderosa, roubando o namorada de outra e depois, nem era aquilo que se queria
de verdade. É como comer aqueles bolos muito bonitos, que dão água na boca.
Quando se come, às vezes, é uma lástima. Só açúcar, ou mal feito pacas. Uma
perda de tempo.
Já falei que a
segunda namorada, a que ficava o mais distante possível, falou que iria a um show conosco. Ótimo! Comprei o lugar no
camarote par nós dois. No dia, poucas horas antes, ela decidiu que não queria
mais ir no domingo, queria ir na sexta-feira. Eram dois grupos, no mesmo fim de
semana. Tentei trocar, comprar, nada feito, o camarote estava esgotado, sem
falar que o pessoal não suportava essa namorada. Então ela desistiu, bateu pé, não
foi. Fiquei os shows inteiros,
sozinho, todo mundo se beijando, acochando-se no camarote, decidi descer e ir
ao bar da plebe, para espairecer um pouco. Quando atravessei a entrada que dava
acesso aos camarotes, apareceu uma morena, daquelas de parar o trânsito.
- Oi! Podemos
ficar juntos?
- Não. Eu tenho
namorada!
Até hoje, não
acredito que eu fiz uma coisa dessas. E não havia bebido, não estava com febre,
nada. Peguei o ingresso que estava sobrando no bolso, que seria dessa dita
namorada, rasguei logo, pois me conheço muito bem. Se a morena insiste, era
capaz de fazer besteira. Ou quem sabe, fazer o melhor para mim. Uma companhia
que me estava faltando naquele momento.
De outra vez,
fui encomendar um bolo no shopping. Passei,
havia uma garota, gostooooooooosa, no caminho, não falou nada. Estava
intretida, acho que com o celular. Horas depois, como o combinado, voltei para
buscar o bolo. Então, quando vinha caminhando para o carro, na saída que dava
acesso ao estacionamento, a mesma garota, perguntou se ela poderia me
acompanhar.
- Pode!
Não tira
pedaço. Fomos caminhando até próximo ao estacionamento onde estava o carro,
então perguntei se ela se importava se a minha namorada estivesse no carro nos
esperando. A garota sumiu, nem sei por quê. E pelo o que conheço da fera, a
garota iria levar tanta porrada. Depois iria sobrar para mim, mas eu estava
acostumado. Eu apenas respondo o que perguntam, como da vez em que a primeira
decidiu terminar, justamente no aniversário do meu sobrinho Dhiogo, 25 de
março. Dias depois, fui a um show,
chegaram uma garotas e perguntaram se podiam ficar ali.
- Lógico. Eu só
comprei um ingresso, não foi o clube todo.
No outro dia,
acho que era domingo, o telefone tocou.
- A gente nem
bem terminou, já estava com outras?
Eu? As garotas
ficaram do meu lado, conversa vai, conversa vem, quem havia terminado não fora
eu, nada me impedia de tirar uma casquinha. Serei leso?
- Por favor
moças, eu estou recém separado, por favor queiram se afastar de mim.
Vai esperando!
A única vez em que eu não acreditei no que me falaram, foi quando a Dedeia foi
embora para o Rio. Morar lá. Éramos todos solteiros, fomos a um bar muito
frequentado, estávamos com uma senha, para quando desocupasse uma mesa. De
repente vem uma pessoa na nossa direção. Era a própria. Um dos amigos, quase
não nos deixava conversar.
- Quem é?
Apresenta essa gata. Pelo menos diz que nós estamos contigo.
Ela veio só
avisar.
- Eu vou embora
pro Rio. Amanhã ao meio-dia!
- Tudo bem.
Então vou te ligar para irmos ao cinema, ao meio-dia!
Toda vez ela
vinha dizendo a mesma coisa, não seria essa, a diferente. No outro dia,
meio-dia, liguei para a casa dela, a mãe atendeu, perguntei por ela.
- Meu filho,
ela está no aeroporto. Deve estar decolando agora.
Era verdade de
verdade. Quando ela retornou, depois de
um bom tempo, a irmã me avisou que ela estava chegando. Era melhor que não. Eu
havia bebido, acho que 7 caipiroskas, não fosse a parede, eu estaria no chão.
Foi entrar, falar, voltar e sumir. Até tentei correr atrás, mas a parede
decidiu ficar parada no mesmo lugar. A última vez que a vi, estacionei na
farmácia, minha segunda namorada estava no carro, ela se aproximou também, dei
a passagem, como bom cavalheiro que sou. Só. Fiquei pensando se ela era mal feita
daquele jeito. Mais tarde, a amiga dela que conectava comigo toda noite, encontramo-nos,
ou melhor, ela me encontrou, nem sei como, como também, nem sei como sabia que
eu conhecia a Dedeia, e dividia o quarto, disse que não, ela estava daquele
jeito, digamos assim, troncha, porque estava grávida. Graças a Deus!
Eu sei, eu sei.
Gravidez remete à maternidade, a preservação da espécie, mas me desculpa, até
hoje, só conheci, acho que umas 4 grávidas que ficaram realmente muito bonitas.
Uma no Rio que toda manhã ia pegar sol em Ipanema, com um biquíni verde. Uma
caboca linda. Outra que não lembro e a minha amiga Tinão que ficou até mais
bonita do que já era. Eu sei que a maternidade é um momento único para a
mulher, é um momento em que se forma a família, tudo isso, mas vamos ser
francos... Só me lembro de uma dessas revistas de humor que abordou o
casamento, na hora da gravidez.
- Amor, estou
muito feia?
- Não, sempre
linda!
- Você ainda
gosta muito de mim?
- Muito!
- Ainda tem
desejo por mim?
- Sempre!
- Então porque
você não tira esse livro da cara?
- Espera aí
querida que eu estou acabando. Só faltam 387 capítulos.
As pessoas não
estão pensando mais nas consequências de seus atos. Primeiro eu, depois eu,
depois eu, depois eu...
E uma coisa que
tenho aprendido muito, é que mulher tem mania de dar corda, para o cara se
enforcar, como dizia Seu Clovis.
- Querida,
posso ir jogar?
- Eu estou com
dor de barriga, mas vai.
O bestalhão
vai.
- Querida, hoje
tem um filme maravilhoso. Vamos?
- Não, eu estou
ocupada com a tese de doutorado. Mas vai sozinho!
E o cara nem se
liga.
- Querido, vais
sair?
- Vou!
- Mas logo hoje
que eu vou receber minhas amigas aqui em casa?
- Tudo bem. Eu
volto logo!
- Ok. Eu queria
te apresentar a elas, mas te diverte.
- Fica pra
próxima!
Quando o cara
se toca.
- Vais pra
onde?
- Embora!
- Embora pra
onde?
- Procurar
minha turma. Do que me adianta um relacionamento, onde nos momentos decisivos,
nos momentos em que eu mais preciso de companhia, eu tenho de me virar só?
Continua só, como tu te acostumaste a pensar a vida.
E eu acho que
até sou m bom conselheiro. Logo ele que nunca sabia o que comprar para a
namorada, atual esposa. Falei para ele compra tênis. Ele dava um tênis de
presente toda vez. Aniversário, Natal, Páscoa. Falei para ele variar. Só tênis,
era muita falta de originalidade.
- Compra um
perfume...
Só comprava
perfume.
Deus me livre!
Ainda bem que
eu só gosto de mulher. Homem é muito complicado. Passa batido nas coisas que
estão na cara!
Eu acho que até
daria um ótimo marido, como falou uma amiga minha - justamente aquela que deu
carão na Ponta Negra, quando me viu com uma cueca Zorba azul-marinho, desbotada
-, na fila do caixa de uma loja, em uma época onde se consome muito.
- Casaste?
- Eu hein!
- Mas tu darias
um ótimo marido.
- Então casa
comigo!
- Eu? Eu já te
conheço!
Pena que o
bicho que sobrou para o homem, seja a mulher. Nada do que ela diz, realmente
significa aquilo que quer dizer. É preciso o cara saber matar charada, ou
senão, vai acabar na Lei Maria da Penha. Ainda se traduz como feminilidade, a
mulher não expressar realmente o que quer, esperar que o homem, o Príncipe
Encantado, adivinhe o que ela quer. Eu sempre digo se adivinhasse tanto quanto
as mulheres exigem de mim, estaria trilionário, deixando os jogos lotéricos
acumularem, jogando os números certos, para vencer sempre.
Mais triste
nisso tudo, é o que temos negligenciado, na educação dita masculina,
masculinizada, o que seja, onde se ensina tudo ao macho provedor, a chutar uma
bola, a ter iniciativa, a ser caçador, a buscar ser o primeiro em tudo, só não concebemos
ainda, a esse dito macho, homem, o cara, o aprendizado dos sentimentos, principalmente
alheio. Ainda é visto como frescura, homossexualidade, delicadeza demais, até
mais do que tocar piano, cozinhar, ter ideias para a arrumação dos móveis da
casa, cuidar das crianças... se ligar nesse aspecto humano, dos sentimentos.
Uma sociedade
de hoje, onde se avançou muito, muito mais em tecnologia, com os pés lá, quando
nossos ancestrais estupravam as mulheres, como uma questão de dominação, lavavam
a honra, quando faziam o mesmo com eles e tinham como seres inferiores, sub-humanos,
uma porção de gente, desde as companheiras de relação, a índios, negros,
deficientes físicos, crianças, adolescentes, jovens, ou seja, ainda se colocam
homens no mundo, fazendo-os crer que são os reis do pedaço, podendo tudo, menos
ligar para as emoções. Aliás, emoção de homem, é cantar música piegas e não atentar
para o recado. Ser macho, é fingir na conquista e ser burro, quando já tem nas
mãos.
Pois em
qualquer relação, até mais no casamento, são tantas emoções, principalmente,
viver junto, atentar para as necessidades e os anseios do cônjuge, parceiro,
amigo, companheiro, camarada. Feio é ser bicho do mato ainda, tratar mulher,
como se fosse um objeto que se usa, quando se quer e se despreza, ou não se dá
o apoio, quando a conveniência nos chamar para coisas mais prazerosas.
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