sexta-feira, 22 de março de 2013

...NA ALEGRIA E NA TRISTEZA...


O sogro de um amigo foi hospitalizado, fez cateterismo, colocou aquela mola no coração e então ele ligou e ficamos conversando. Viajariam todos na terça-feira, para aproveitar a Semana Santa. Não vai ser mais possível, a companhia dos outros. Agora, ele iria com o filho, a mãe e a namorada do filho. Falei que se fosse eu, não iria.
- Por quê?
- Porque o pai da tua mulher está hospitalizado!
- Ela disse que não vai, mas podemos ir.
- Ela vai ficar só?
- Não. Ela tem muitos irmãos.
- Mas quem casou com ela, foste tu. Eu não iria!
- Mas já está tudo pago, vamos perder uma grana alta.
- Não interessa. Eu não iria!
- Vou pensar!
Reguei as plantas, tirei mato e grama de onde não deviam, coloquei terra compostada onde estava faltando e vim para o quarto. Como não tenho nada para ler, comecei a pintar, a desenhar, quando vi, era meia-noite. Começou de novo a falta de sono. É o segundo dia em que vou dormir tarde, e, acordo mais cedo, do que quando durmo muito. Fui à cozinha, comi uma maçã e dois pedaços de presunto, sem que antes desse uma lavadinha, pois está muito salgado para o meu gosto.  Eu tenho problema de sentir as coisas salgadas, por isso que não gosto de pipoca, batata frita, essas coisas que as pessoas se acostumaram comer com muito sal. Passa a fome rapidinho.
Desde a hora em que falei com meu amigo, estou pensando “por que não viajar?”.
Lembrei-me de Seu Clovis, quando alguém da família, estava doente. Proibia de se ligar rádio, televisor, sair para festas, qualquer coisa assim. Se morresse, pior, eram dias, acho que sete, conforme manda a religião. Acho que de certa maneira, ele estava certo. Vou explicar adiante.
Depois, pensei na cerimônia de casamento do meu amigo. Cheguei encima da hora, quando consegui estacionar o carro, a noiva estava chegando, pedi para ela esperar um pouco e saí correndo, na escadaria da igreja, com o paletó aberto. Aliás, aprendi com a mulher de um amigo que me intimou a ser seu padrinho de formatura na Economia, a primeira vez que usei um paletó, depois de adulto, pois em criança, usava uns paletós com bermuda e gravata borboleta. Eu não sabia bulhufas o que fazer, ela me ensinou que quando se senta, abrem-se, ou abre-se o, ou os botões. Quando se levanta, abotoam-nos, ou fecha-o. Bem, sendo assim, estava com o paletó fechado. Lá pelas tantas, no casamento desse meu amigo, o padre deu aquele discurso tradicional e falou que o casamento é um compromisso “na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza” etc.
Eu já disse que a religião, servia como duas coisas, nas sociedades antigas. Primeiro, dar autoestima aos povos a que servia. Com o Deus que criam, apoiando-os, podiam ir à luta, pois mesmo morrendo, estariam salvos. E de outra maneira, como organização social, meio Judiciário, meio Medicina, meio regras básicas, em suma, código de postura de uma sociedade ainda incipiente. Muita coisa é lógica, serve até hoje. Outras são ultrapassadas, como não comer porco, nem camarão, nem frutos do mar. Antigamente, com o pouco conhecimento sobre esses alimentos, realmente faziam muito mal, podiam levar inclusive à morte, mas hoje existem formas de evitar esses danos. As coisas lógicas, lógico, continuam, como disse a um motorista, dia desses, muita coisa mudou, mas têm outras que só se descobrirem e nos convencerem do contrário, permanecerão sempre, aqui, ou onde estivermos, como a Lei da Gravitação Universal. Até agora, é incontestável, em casa, na rua, na Terra, em Marte, onde estejamos. A lei do nascer, crescer, morrer. Se não inventarem uma maneira de evitar a morte, com remédios, ou algo mais, até o fim do mundo, pois acredita-se que o universo também deixará de existir, será eterna.  
Então pensei de novo. Esse discurso no casamento, realmente significa alguma coisa. Como a religião nunca é clara, inferi que aquele discurso todo, é para fazer com que as pessoas tenham compromisso com o casamento, uma com a outra, num primeiro momento, depois, com a família que formam. É isso. “Por que não viajar?” Porque quem jurou fidelidade, essas coisas todas na frente de todo mundo e do padre, representando o Deus, tem de no mínimo, atentar para a solidariedade, principalmente nesses casos, é muito bem vinda. A partir do momento em que se está em uma relação com pelo menos outro, aquela forma de pensar o mundo sozinho, individualmente, tem de ser deixado de lado. Mesmo que isso, pareça que hoje, é tolice. Todo mundo quer uma companhia, mas na primeira piscada adiante, já se faz volúvel, “pula a cerca” e o mais bacana disso, é que quer fidelidade integral, de quem foi traído. Ou seja, hoje, todo mundo quer tudo de bom, nada que possa fazê-lo ter compromisso. Muitos bônus, nenhum ônus. A sociedade da esperteza. E quando alguma coisa vai contra as vontades de cada um, que se pensa o Adão no Paraíso, antes até do que da Eva, logo se faz pouco, logo se diz que é bobagem, é tolice. Só é válido, o que nos satisfaz. O cara jura por Deus, meia hora depois, está traindo, inclusive os princípios colocados por Deus, pois ninguém quer abrir mão de suas conveniências. Quem liga para isso, é fora de moda, ultrapassado, careta!
Quando tem alguém hospitalizado que eu vou visitar, primeiro, sou um zero à esquerda em Medicina, depois, tem equipes e mais equipes especializadas, cuidando do paciente, mas a questão não é essa. A visita em si, é uma maneira de se prestar solidariedade.
Esse mesmo amigo vive dizendo que eu gosto de ir à Missa de Sétimo Dia. “O morto está morto...” Mas a questão não é essa. Eu não vou por causa do morto. Mas como uma forma de prestar solidariedade à família que ficou. Mais do que ele que agora virou religioso, eu não acredito na vida depois da morte, na ressurreição após o Dia do Juízo Final, Céu, Inferno, Paraíso, nada disso. Mas aprendi que além de nós, existem outros. E mais do que nunca, muitos outros. Mais de 7 bilhões.
Uma vez, quando tinha uma amiga na academia, o avô de um colega dela de turma morreu e eu perguntei se ela tinha ido lá. Ela também era muito ensimesmada, mesmo tendo outras irmãs, pensava como filha única, por ter sido a primogênita e as outras terem vindo muito tempo depois. Falei para, pelo menos telefonar, enviar um telegrama – naquele tempo, email era para poucos como eu -, mas que não fosse tão antissocial, tão imprestável, em termos de solidariedade com o próximo. Logo ela que estava se formando em Medicina, com um comportamento daqueles, ficava pensando, como não trataria os pacientes. Falei inclusive para ela comprar o INTELIGÊNCIA EMOCIONAL se não quisesse ler tudo, pelo menos a parte que fala da Medicina. Ia ser cardiologista, mas depois que falei que caminhando domingo com a ex-professora dela que foi minha colega de colégio, ela falou que se ela quisesse ser obstetra, seria a melhor do Amazonas, sem dúvida, pelas habilidades que tem em pegar criança, ela trocou a Residência. Espero que esteja tratando as prenhes, as parturientes e suas crias, como pessoas, ao invés de cavalos.
Às vezes eu fico pensando: “Fulana era tão bonita, tão próxima, podia ter ficado com ela”. Depois, calculando prós e contras, começa a ficar negativo. Uma pessoa muito egocentrada, realmente não vai ser uma companhia muito agradável ao outro. Uma pessoa que se concentra em seus problemas, como se o mundo fosse feito só para si, na primeira oportunidade, quando o barco estiver afundando, pula sozinho e deixa todo mundo afundar, sem ao menos auxiliar os outros para o seguirem.
Agora, para ficar com alguém antes de tudo, calculo a capacidade da outra pessoa de se integrar na relação. Básico, mas muitas vezes a gente não pensa assim, só vai pela beleza, ou porque o outro é ótima companhia para festas, mas na hora que é preciso um companheiro, um camarada, fica-se mais só, do que se estivesse solitário.
A última namorada oficial, diferente da primeira, aliás, oficialmente, só tive as duas e chega, só fazia companhia, quando queria, quando interessava à ela. Quando tinha tempo para ficarmos juntos, preferia visitar a mãe, ficava com as amigas, ia bater pernas por aí, então, decidi ficar só, do que mal acompanhado. Uma namorada que vive mais longe do que perto, é pior do que não ter ninguém por perto. Atrapalha mais do que ajuda. Nem oito, nem oitenta. A outra, era um grude. Também não.  Mas pelo menos, muito mais companheira, ou, uma relação de muito mais companheirismo, de trocas. A primeira vez que vi que estava em uma relação de verdade, foi em uma excursão para Balbina, o ônibus estava esperando para sairmos, ela ficou com febre. Decidi ficar junto, saí à pé na chuva, para comprar remédio em uma farmácia que havia e nem me interessei de fazer a visita que estava marcada, pelo guia. O ônibus passou por mim, o pessoal gritava para entrar e ir junto, decidi que não tinha clima. Uma questão de lógica, pelo menos para mim. Ou se está junto, ou se desocupa o vaso, como diria meu avô materno. “Nem caga, nem desocupa o cagador!”
Temos nos indignado diariamente, com os exemplos deixados na sociedade, com a falta de princípios. Mas o que temos feito para mudar?
Imagina o seguinte papo, entre pai e filho.
- Meu filho, prepare a mala, seu avô está internado, em observação, vai dar tudo bem, vamos viajar, porque os gastos foram enormes. O dinheiro é mais importante do que estar com um ente próximo, mesmo que seja da família. Quando chegarmos ao destino, vamos esquecer o doente, vamos esquecer que deixamos parentes em vigília e vamos aproveitar tudo o que o lugar tenha a oferecer e o dinheiro. Vamos às danceterias, às praias, aos shows, teatros, restaurantes, enfim, já está pago, vamos aproveitar porque a vida é curta e os outros que se fodam.
Tempos depois, esse mesmo amigo, viúvo, sozinho, liga para o filho que não o visita, nem leva os netos, para estarem com ele.
- Como é? Tu não vens me visitar no asilo?
- Quando tiver tempo. Por enquanto, estou curtindo o que o dinheiro permite, afinal, aprendi que o dinheiro é mais importante do que qualquer coisa. Justifica até se esquecer dos outros, para curtir a vida. Quem está velho és tu. Eu vou curtir a minha juventude!
Aí eu fico pensando. Será que Seu Clovis nos incutiu muitos princípios, ou será que nas outras famílias, essa falta, está levando a sociedade inteira a se portar como se os outros, fossem escada para cada um subir mais alto? E o que acontecer com quem fica no caminho, “não é problema meu!”?
Faz-se aquela cerimônia de casamento, convida-se um batalhão enorme de gente, é tudo festa. O celebrante manda repetir as palavras do “até que a morte os separe”, e como muita coisa, principalmente ligada à oração, as pessoas repetem sem pensar o que estão dizendo. Automaticamente. Saiu dali, abateu a pobreza? Ciao e bênção! Vou procurar outro, ou outra que possa agregar valores. Valores monetários apenas. Doença? Não quero nem pensar. Quando for a minha vez, gostaria muito que os outros ficassem ao meu lado, mas de outra maneira, vou curtir minha saúde. “Que sejam fiéis...” Mas nem morto. Só falei aquilo, porque todo mundo repete, mas a intenção mesmo era de celebrar uma coisa de momento. “A madrinha da noiva é deliciosa. Vou dar um jeito de fazer a noiva dormir logo e depois, eu combino com a madrinha, para ficarmos juntos, pelo menos hoje...” O imediatismo até para se ser feliz. De certa maneira, sozinho. A maneira mais burguesa do personalismo. “Eu e eu!”
É por isso que eu sempre digo que não caso. Primeiro, porque não sou religioso e quero distância dessa coisa falsa. Mas depois, porque muita coisa eu não concordo, mas, a partir do momento que eu me comprometo com algo, eu tenho de fazer exatamente o que eu disse. Eu tenho vergonha de não entregar o que prometi. Como dizia à minha primeira namorada, quando ela falava em casarmos.
- Tudo bem. Tu entras com alguém no meu lugar, eu fico tocando piano na sacristia, no fim da festa, eu te pego e vamos comer o bolo! Não sou palhaço para ficar na frente de todo mundo, com cara de leso. Depois, não vou prometer o que eu sei que não sou capaz de realizar.
Essa fidelidade, realmente, é muito atrasada. Prefiro uma relação de companheirismo, de acreditar no outro, de falar o que está sentindo e desejando, do que ficar se reprimindo para não trair os votos de casamento. Eu consigo ficar sem trair, como já consegui, até em relações que não eram de namoro. Mas todas as vezes, quem acaba se dando mal, talvez porque eu fique muito leso, sou eu. Mas nem isso justifica que traia a confiança de quem está comigo. E já percebi que todas as vezes que dá vontade de dar umazinha com outrem, é só para experimentar, da minha parte e da parte da outra, uma maneira de se sentir poderosa, roubando o namorada de outra e depois, nem era aquilo que se queria de verdade. É como comer aqueles bolos muito bonitos, que dão água na boca. Quando se come, às vezes, é uma lástima. Só açúcar, ou mal feito pacas. Uma perda de tempo.
Já falei que a segunda namorada, a que ficava o mais distante possível, falou que iria a um show conosco. Ótimo! Comprei o lugar no camarote par nós dois. No dia, poucas horas antes, ela decidiu que não queria mais ir no domingo, queria ir na sexta-feira. Eram dois grupos, no mesmo fim de semana. Tentei trocar, comprar, nada feito, o camarote estava esgotado, sem falar que o pessoal não suportava essa namorada. Então ela desistiu, bateu pé, não foi. Fiquei os shows inteiros, sozinho, todo mundo se beijando, acochando-se no camarote, decidi descer e ir ao bar da plebe, para espairecer um pouco. Quando atravessei a entrada que dava acesso aos camarotes, apareceu uma morena, daquelas de parar o trânsito.
- Oi! Podemos ficar juntos?
- Não. Eu tenho namorada!
Até hoje, não acredito que eu fiz uma coisa dessas. E não havia bebido, não estava com febre, nada. Peguei o ingresso que estava sobrando no bolso, que seria dessa dita namorada, rasguei logo, pois me conheço muito bem. Se a morena insiste, era capaz de fazer besteira. Ou quem sabe, fazer o melhor para mim. Uma companhia que me estava faltando naquele momento.
De outra vez, fui encomendar um bolo no shopping. Passei, havia uma garota, gostooooooooosa, no caminho, não falou nada. Estava intretida, acho que com o celular. Horas depois, como o combinado, voltei para buscar o bolo. Então, quando vinha caminhando para o carro, na saída que dava acesso ao estacionamento, a mesma garota, perguntou se ela poderia me acompanhar.
- Pode!
Não tira pedaço. Fomos caminhando até próximo ao estacionamento onde estava o carro, então perguntei se ela se importava se a minha namorada estivesse no carro nos esperando. A garota sumiu, nem sei por quê. E pelo o que conheço da fera, a garota iria levar tanta porrada. Depois iria sobrar para mim, mas eu estava acostumado. Eu apenas respondo o que perguntam, como da vez em que a primeira decidiu terminar, justamente no aniversário do meu sobrinho Dhiogo, 25 de março. Dias depois, fui a um show, chegaram uma garotas e perguntaram se podiam ficar ali.
- Lógico. Eu só comprei um ingresso, não foi o clube todo.
No outro dia, acho que era domingo, o telefone tocou.
- A gente nem bem terminou, já estava com outras?
Eu? As garotas ficaram do meu lado, conversa vai, conversa vem, quem havia terminado não fora eu, nada me impedia de tirar uma casquinha. Serei leso?
- Por favor moças, eu estou recém separado, por favor queiram se afastar de mim.
Vai esperando! A única vez em que eu não acreditei no que me falaram, foi quando a Dedeia foi embora para o Rio. Morar lá. Éramos todos solteiros, fomos a um bar muito frequentado, estávamos com uma senha, para quando desocupasse uma mesa. De repente vem uma pessoa na nossa direção. Era a própria. Um dos amigos, quase não nos deixava conversar.
- Quem é? Apresenta essa gata. Pelo menos diz que nós estamos contigo.
Ela veio só avisar.
- Eu vou embora pro Rio. Amanhã ao meio-dia!
- Tudo bem. Então vou te ligar para irmos ao cinema, ao meio-dia!
Toda vez ela vinha dizendo a mesma coisa, não seria essa, a diferente. No outro dia, meio-dia, liguei para a casa dela, a mãe atendeu, perguntei por ela.
- Meu filho, ela está no aeroporto. Deve estar decolando agora.
Era verdade de verdade.  Quando ela retornou, depois de um bom tempo, a irmã me avisou que ela estava chegando. Era melhor que não. Eu havia bebido, acho que 7 caipiroskas, não fosse a parede, eu estaria no chão. Foi entrar, falar, voltar e sumir. Até tentei correr atrás, mas a parede decidiu ficar parada no mesmo lugar. A última vez que a vi, estacionei na farmácia, minha segunda namorada estava no carro, ela se aproximou também, dei a passagem, como bom cavalheiro que sou. Só. Fiquei pensando se ela era mal feita daquele jeito. Mais tarde, a amiga dela que conectava comigo toda noite, encontramo-nos, ou melhor, ela me encontrou, nem sei como, como também, nem sei como sabia que eu conhecia a Dedeia, e dividia o quarto, disse que não, ela estava daquele jeito, digamos assim, troncha, porque estava grávida. Graças a Deus!
Eu sei, eu sei. Gravidez remete à maternidade, a preservação da espécie, mas me desculpa, até hoje, só conheci, acho que umas 4 grávidas que ficaram realmente muito bonitas. Uma no Rio que toda manhã ia pegar sol em Ipanema, com um biquíni verde. Uma caboca linda. Outra que não lembro e a minha amiga Tinão que ficou até mais bonita do que já era. Eu sei que a maternidade é um momento único para a mulher, é um momento em que se forma a família, tudo isso, mas vamos ser francos... Só me lembro de uma dessas revistas de humor que abordou o casamento, na hora da gravidez.
- Amor, estou muito feia?
- Não, sempre linda!
- Você ainda gosta muito de mim?
- Muito!
- Ainda tem desejo por mim?
- Sempre!
- Então porque você não tira esse livro da cara?
- Espera aí querida que eu estou acabando. Só faltam 387 capítulos.
As pessoas não estão pensando mais nas consequências de seus atos. Primeiro eu, depois eu, depois eu, depois eu...
E uma coisa que tenho aprendido muito, é que mulher tem mania de dar corda, para o cara se enforcar, como dizia Seu Clovis.
- Querida, posso ir jogar?
- Eu estou com dor de barriga, mas vai.
O bestalhão vai.
- Querida, hoje tem um filme maravilhoso. Vamos?
- Não, eu estou ocupada com a tese de doutorado. Mas vai sozinho!
E o cara nem se liga.
- Querido, vais sair?
- Vou!
- Mas logo hoje que eu vou receber minhas amigas aqui em casa?
- Tudo bem. Eu volto logo!
- Ok. Eu queria te apresentar a elas, mas te diverte.
- Fica pra próxima!
Quando o cara se toca.
- Vais pra onde?
- Embora!
- Embora pra onde?
- Procurar minha turma. Do que me adianta um relacionamento, onde nos momentos decisivos, nos momentos em que eu mais preciso de companhia, eu tenho de me virar só? Continua só, como tu te acostumaste a pensar a vida.
E eu acho que até sou m bom conselheiro. Logo ele que nunca sabia o que comprar para a namorada, atual esposa. Falei para ele compra tênis. Ele dava um tênis de presente toda vez. Aniversário, Natal, Páscoa. Falei para ele variar. Só tênis, era muita falta de originalidade.
- Compra um perfume...
Só comprava perfume.
Deus me livre!
Ainda bem que eu só gosto de mulher. Homem é muito complicado. Passa batido nas coisas que estão na cara!
Eu acho que até daria um ótimo marido, como falou uma amiga minha - justamente aquela que deu carão na Ponta Negra, quando me viu com uma cueca Zorba azul-marinho, desbotada -, na fila do caixa de uma loja, em uma época onde se consome muito.
- Casaste?
- Eu hein!
- Mas tu darias um ótimo marido.
- Então casa comigo!
- Eu? Eu já te conheço!
Pena que o bicho que sobrou para o homem, seja a mulher. Nada do que ela diz, realmente significa aquilo que quer dizer. É preciso o cara saber matar charada, ou senão, vai acabar na Lei Maria da Penha. Ainda se traduz como feminilidade, a mulher não expressar realmente o que quer, esperar que o homem, o Príncipe Encantado, adivinhe o que ela quer. Eu sempre digo se adivinhasse tanto quanto as mulheres exigem de mim, estaria trilionário, deixando os jogos lotéricos acumularem, jogando os números certos, para vencer sempre.
Mais triste nisso tudo, é o que temos negligenciado, na educação dita masculina, masculinizada, o que seja, onde se ensina tudo ao macho provedor, a chutar uma bola, a ter iniciativa, a ser caçador, a buscar ser o primeiro em tudo, só não concebemos ainda, a esse dito macho, homem, o cara, o aprendizado dos sentimentos, principalmente alheio. Ainda é visto como frescura, homossexualidade, delicadeza demais, até mais do que tocar piano, cozinhar, ter ideias para a arrumação dos móveis da casa, cuidar das crianças... se ligar nesse aspecto humano, dos sentimentos.
Uma sociedade de hoje, onde se avançou muito, muito mais em tecnologia, com os pés lá, quando nossos ancestrais estupravam as mulheres, como uma questão de dominação, lavavam a honra, quando faziam o mesmo com eles e tinham como seres inferiores, sub-humanos, uma porção de gente, desde as companheiras de relação, a índios, negros, deficientes físicos, crianças, adolescentes, jovens, ou seja, ainda se colocam homens no mundo, fazendo-os crer que são os reis do pedaço, podendo tudo, menos ligar para as emoções. Aliás, emoção de homem, é cantar música piegas e não atentar para o recado. Ser macho, é fingir na conquista e ser burro, quando já tem nas mãos.
Pois em qualquer relação, até mais no casamento, são tantas emoções, principalmente, viver junto, atentar para as necessidades e os anseios do cônjuge, parceiro, amigo, companheiro, camarada. Feio é ser bicho do mato ainda, tratar mulher, como se fosse um objeto que se usa, quando se quer e se despreza, ou não se dá o apoio, quando a conveniência nos chamar para coisas mais prazerosas.

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