quinta-feira, 21 de março de 2013

O AMOR É LINDO!


Pode não parecer, mas de certo modo, eu sou uma pessoa romântica. É que no Brasil, romantismo, é associado a pagode, ao Roberto Carlos e até pior, Erasmo que também é Carlos, a Saigon, aí, não é amor, é foda! Nem com remédio para ereção, acaba-se brochando para todo o sempre. Só casando, para não fazer papel de boneca.
É que a grande maioria, ainda é cretina, desculpa, quero dizer, cristã e isso aí, quero dizer, a religião dizia, antes mesmo da Idade Média que amar era doença. O único verdadeiro amor, só havia no casamento bem recatado. Devia ser mais ou menos assim:
- Dona Espoleta!
- Sim meu marido, Seu Genivaldo. Diga!
- Hoje estou sentindo uma febre estranha, algo que não me é saudável!
- Continue por favor meu marido doentio, Seu Genivaldo!
- Sabe! Bem! Dona Espoleta. É que não sei porque, adveio-me a esta cabeça impura, uma vontade sem vergonha de cair de boca no meio das suas pernas. A senhora minha esposa, Dona Espoleta permite?
- Seu Genivaldo, isso é uma coisa pecaminosa, mas falando assim, com jeito, não sei por que, também me adveio uma vontade enorme de abrir as pernas ao senhor meu marido, estou toda molhada, que nem pia depois do almoço. Por favor prossiga, mas não me excite, para que eu não morra de sangue quente que contamina a alma e o corpo com impurezas.
- Então tá!!! A senhora minha esposa é de gozar?
- De maneira alguma. Levo muito a sério senhor meu marido, meu papel de esposa. Mete a boca macho!
Aí o pessoal, mesmo que estejamos em 2013, Século XXI, ainda tem o pensamento, lá na casa do..., quero dizer, lá pelos idos de 1200, como se isso fosse normal. Aí, ainda se relaciona amor, com coisa chata, enfadonha, um porre de vida, uma doença que se tem de ter ciúmes, ao invés de ter amor próprio e acreditar que o outro, é legal, ou senão, manda pastar. É bem religioso.
Mas, já neste século, Marina saiu com amigos e amigas para a noite. Dizia uma música, de quando eu dançava toda semana nas danceterias da vida que à noite pode acontecer tudo. Mas só na música, porque muita gente saía para fumar maconha, não bebia, não fumava, não cheirava, só dava uns tapas na erva maldita e ia para casa dormir, outros saíam para darem a bunda e quem não era enturmado nessas paradas sinistras e digamos assim, indigestas, acabava tendo de bater punheta em casa. E eu, ainda tinha de levantar cedo, para a prática de esporte, para estudar piano e de vez em quando, as mãos estavam tremendo mais do que barraca no circuito de trio elétrico, com o som a todo volume. Tinha de tocar, o piano, sem deixar transparecer nada, senão Dona Regina ficava muito... Braba.
O cara mais teso do que tambaqui em supermercado de tanto gelo, a amiga encostava, perguntava o que era aquilo, ele com vergonha, dizia que tinha esquecido o desodorante no bolso, pensando que ela iria se importar dele chamá-la na glande.
Como dizia, os tempos são outros, as crianças que nascem hoje, já sabem muito mais, do que eu sabia, quando já era jovem, quase adulto. Ninguém tem vergonha de mais nada. Todo mundo, aliás, faz questão de se expor. Nem se for com a bunda no Instagram, pois se não aparecer, não tiver seus 15 minutos de fama, ninguém é gente. Assim é que se escolhem os melhores, pelo bafafá que possam fazer, sobre a capacidade que não têm.
Todo mundo de certa maneia, é celebridade, não gagueja mais, quando está em frente a um seu igual, com uma Fernanda Montenegro, colega de trabalho. Todos somos celebridades, por bem, ou pelo lado negativo da coisa.
Aliás, hoje liguei para a Editora Abril para reclamar que a revista ainda não havia chegado. A pessoa que atendeu, voz linda, perguntou meu nome, eu perguntei o dela. Era a Kika Brandão: “a menina da moda!” Em outros tempos eu ficaria com vergonha. Tenho certeza que ela ficou corada. Conversa vem, conversa vai, falei que preferia “as mulheres que assinam as colunas, com fotos, ao invés de desenhos”. São muito bonitas. São sim, de verdade, não vai aqui, nenhuma demagogia da minha parte. Pelo menos para o meu gosto. Se eu pego aquela Tati Bernardi...  Ela não sabe, porque o Zé Maia, quando foram tirar fotos juntos, passou a mão na bunda dela. Vem cá que eu explico. Eu tenho um método didático que a pessoa tranca tudo, arrepia do dedão, até os cílios postiços. Pronto, quando disse aquilo, aí mesmo que ela corou, ficou sem graça, gaguejou ao telefone e disse que aquele tipo de serviço, não era com ela, indicou o número para o atendimento ao cliente. A Gabriela que me atendeu depois, falou o motivo pelo qual a revista está atrasada e, perguntou se eu já iria desligar. “Não, por favor, prossiga!” Hoje eu estou educado, como mamãe me ensinou. Aproveita. “O senhor não quer assinar nossas reivistas” “Não!” “A Veja?” “Olha, eu acho que fui assinante da Veja, mas faz tempo. Hoje não tenho a menor vontade de assiná-la!” “A Playboy então!” “Olha, eu sou homem, mas não suporto essa mania de fazer da mulher, objeto, uns caras meio assim...” “Oooolha!” A vendedora, concordou que a revista dela é um acinte à inteligência humana. É engraçado, ao mesmo tempo em que a violência contra a mulher aumenta, não mais como uma coisa de manter a mulher em casa, sob o julgo do marido, agora mais como uma imposição política ideológica da Extrema Direita Religiosa, quando a Maria da Penha aparece fazendo propaganda do programa Half The Sky, têm-se essas publicações para malandro, com umas mulheres de malandro, como normais, até culturais e essas meretrizes de papel, ainda acabam sendo exemplo da mulher-objeto para a opinião pública feminina. Como uma tal que falou no programa local, da Manazinha que gostava de homem machista. Deve ser uma sumidade intelectual. “Bate nela cara!”
Mas então Marina estava disposta a curtir a noite. Existem muitas interpretações. Quando eu vivia toda noite na noite, tinha quem só pensava em foder os outros, quem pesava em foder com todo mundo, quem bebia até perder os sentidos na sarjeta e as pregas no outro dia, quem ficava rodeado por alcoólatras e só fumava maconha à mesa, ou seja, a noite, é um lugar, onde se convencionou achar que é quando se faz tudo, o que é imoral de dia. É tipo o carnaval diário, onde se pode extrapolar daquele ar jocoso metido a besta, das manhãs rotineiras.
Já falei quando comecei a sair com a Dedeia que o pai dela marcava o horário para voltar. “Dez horas!”. A gente voltava meia-noite, ele no portão, de pijama, esperando. “Média noche!” A gente voltava às 2 da madrugada. Ele de pijamas, tinha de atender os pacientes, no outro dia. Falei para a Dedeia que motel, se era a preocupação do pai dela, ficava aberto toda hora, de manhã, à tarde, à noite, de madrugada. Nós estudávamos no campus, se fosse o caso, ele nem iria saber. Ele cansou, pronto! Preferiu dormir, senão iria ficar estafado. De verdade, eu ficava com pena dele. De pijamas, dormindo, na grade de fora da casa. Ainda bem que a violência naquele tempo, era mínima e se podia até andar de “Miltoneta”, aquelas motocicletas que se pedala, como fazíamos eu e a Acácia, de madrugada, onde percorríamos a cidade inteira, a Getúlio Vargas, a Tarumã, sem um ato de violência, sem ninguém para nos tirar o bem e só voltávamos, quando a gasolina da Laninha, estava acabando. Ou seja, quase na hora de voltar para casa que o Seu Neves, diz que chegávamos às 4. Ainda bem que ele usa relógio, pois se dependesse de mim, houve vezes que só sei que não eram 4, porque o galo já havia cantado, o sol estava comendo no centro, o calor estava matando e ainda estava com a mesma roupa, às vezes com uma, com outra, com outra, com outra, na rua, ou melhor, no bar, na danceteria... Eu até penso que quando o pai da Dedeia perguntava, quando me via, na sala de visitas da casa dele se eu havia ido para consullllta, ele geriatra, eu com 20 anos, mais de 10 horas da noite, era uma forma de se vingar.
Mas a turma e Marina decidiram curtir num misto de bar, danceteria, puteiro, terreiro de Candomblé... Sabe esses ambientes onde as pessoas chegam, parece que baixa o caboco escroto, cada um quer falar mais alto, quem não souber se comunicar com sinais, LIBRAS, língua brasileira de sinais, está lascado e mal pago, cada um quer aparecer mais do que o outro, as mulheres fazendo tipo de mulherzinha e os garotões, fazendo tipo de machão? Quando acaba a noite, a mulherzinha vai dormir com o vibrador e o garotão vai fazer troca-troca com a turma da academia.  Pois estava assim. As femistas, as mulheres que querem fazer o mesmo que as mulheres criticavam nos homens de antigamente, chegam, pedem logo, uma garrafa de vodka. Menina na noite, hoje, não é tola. Bebe todas. E vodka de matar o guarda. Orloff, Smirnoff, quanto mais escrota, mais elas se acham macho. Foi-se o tempo das garotas pedirem no máximo, Skarloff Ice. Que porra nenhuma, tomam todas, na segunda dose, o garçon serve 51, elas continuam pensando que estão tomando Imperia, Absolut a mente enganadas, acabam tomando no rabo. No fim da madrugada, estão fazendo 69, todas cagadas, pensando que é bonito isso, chamando urubu de meu louro e chorando, chamando Raul.
Tudo bem, tudo legal, Marina foi dar um rolé. Até isso está mudando. Antes, quem dava uma olhada na pista, para se familiarizarem, eram os homens, hoje as mulheres é que saem à caça.
Marina encontrou Damião e dispensou de cara, a carona de volta, com a turma. Hermínia captou no ar que pintou um clima, uma química que iria acabar na coisa física, pinto no pinto.
Papo vem, papo vai, acabaram saindo pa pimbar. Sim o papo em bar, já dera o que tinha de dar, agora ela iria dar longe dali, pois depois da volta com borra das religiões se o cara agarrar uma mulher em público, é capaz de ser processado por despudor, essas nóias assim. Está difícil o cara paquerar, porque são tantos códigos de lei que parece que querem que a gente contrate os serviços dos travecos.
Pronto, chegaram ao quarto. Por incrença que parível, quero dizer, por incrível que pareça, com todos os filmes pornôs que ensinam muito brocha como transar, ainda tem quem seja do modelo antigo, de cheirar no cangote, de dar uma mordiscada no lóbulo da orelha, de passar a língua do bico do seio, até o sovaco, também conhecido como axilas, era do tipo que gostava de aquecer, ao invés de sair repetindo o que fazem aqueles “atores” de filme de Vick Vaporub que chegam, já tiram a roupa, nem precisam de carícia, não lavam as partes, não colocam preservativo, já estão gozando, revirando os olhos e tome Vick para parecer que estão chegando ao clímax. Os caras gozam tanto, tudo Vick que daria para encher uma panela de pressão. E tem quem acredite. Ainda bem que não precisam de tradução, em nenhum idioma, pois o máximo que falam, é: “Ah!” “Ah!” “Ah!” “Uh!” Fox Trote Man!
Lubrifica daqui, lubrifica dali, sem a necessidade de gel comprado em farmácia, ou sex shop, de repente, ele já excitadíssimo, funga no pescoço, abrindo o zíper do vestido.
Aquele momento, de filme da Xuxa, quando ainda não era carola e dava mais do que chuchu na serra, parecia que mudaram para filme do Zé do Caixão, quando ele ainda era muito chato. Tocou o terror.
De repente Damião caiu durinho para trás. Marina ainda grogue, não sabia o que fazer. Queria caminhar, as pernas não permitiam, queria falar, a língua parecia que tinha soltado da boca, queria fixar o olhar, via um monte de homem, deitado em sua frente. A coisa estava muito difícil mesmo. Pensou que fosse brincadeira, mas quando viu que a coisa era séria, o porre passou num passe de mágica. Aliás, o Ministério da Saúde adverte, para curar porre, ou susto, ou arnica no meio das ventas. Se não matar, engorda!  
Ao invés de molhar a calcinha, estava molhada era nas costas. Finalmente, depois de muito pensar o que fazer, pediu ajuda para a recepção, contou o que estava acontecendo. A atendente – não sei por que, toda atendente de motel, é mulher -, chamou o SAMU, o corpo de bombeiros, fez mais lambança, do que devia. Quando as viaturas chegaram ao motel, com as sirenes ligadas, era gente pulando o muro, saindo só de toalha de rosto. Muita gente deixou as alianças, na pia. Tinha certeza que seus cônjuges haviam chamado a polícia, o FBI, o Mossad e a coisa podia feder para o lado deles. Era terça-feira, dia de “novena”, ou seja, quando os motéis não têm vaga, com tanta gente casada, com outros e dando para os mais próximos. O pior é quando se encontrava o fiel, com pastor. “Oi pastor, o senhor por aqui?” “Eu vou falar sério sobre essa pouca vergonha, lá no templo! Isto é pecado!” “O senhor esqueceu a cueca.” “Não mude de assunto!”
Finalmente, aos poucos, Damião foi recuperando a consciência. Quando perguntaram se ele sabia o que havia acontecido, ele olhou bem sério para Marina e perguntou:
- Tu peidaste, não peidaste?
Aqui, não é piada em inglês e ela não teve a mesma atitude do Lord inglês, com o guarda-chuva no braço, dentro do elevador: “Of course I farted! Would you think I stink like this every time?”
Pronto, de repente, todos viraram com olhar acusatório, para o lado de Marina. Seria aquilo, o motivo de tamanho alvoroço?
De repente o médico intensivista, tomou uma atitude que chocou a todos. Virou a palma da mão de Marina, para ver se estava amarela. E estava. Então peidou. Tirou na porrinha, quem iria cheirar o cangote dela, mas com parcimônia, para não ter problemas depois. Perdeu o Gonzaga, o rapaz que abastece o frigobar. Sem dúvida, nada melhor do que o cangote, para acusar quem realmente soltou a bufa no ar, pois o pescoço parece chaminé, que leva a fumaça para cima. E até aquele momento, ainda rescindia, parecia perfume francês, fragrância Du Merd no Air.
Não era possível que fosse uma simples flatulência. Tira a roupa, examina-a de cima a baixo. Realmente, a vodka fez efeito. Um cagalhão daqueles grudendos, que fez um rombo na calcinha, mas ficou preso no meio das pernas.
Desde então, todas as vezes que Marina sai, para a noite, ela pede coquetel de frutas, sem álcool. Depois de um bom tempo afastada desse burburinho, ela está fazendo seu retorno à noite, depois que ganhou a ação que moveu, contra a indústria de bebida alcoólica, em geral, por danos morais, materiais, imorais e coisas e tais. Ela não sabia de quem era a culpa por aquela vergonha toda, da 51, da Velho Barreiro, da Imperia, da Ultimat, só queria ser restituída pelo que deixou de aproveitar e pelo que deixou de lado no vaso sanitário. Não dizem que o álcool relaxa? Tem quem relaxe tanto que coloque para fora, tudo o que estava bem acondicionado, lá no fundo.
Marina era outra mulher. Só para prevenir, ela pedia a rolha do vinho que os amigos bebiam, sentava encima, até o fim da noite.
Damião, até hoje, faz acompanhamento médico, odontológico, psicológico e espírita, para lidar com aquele trauma. Nunca mais quis saber de romantismo. Virou ator pornô e só faz o serviço, com música de Fábio Junior e um terra trifásico, com muito carinho. Tem de ser estimulado, nem se for na próstata.

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