Eu reputo ao Neoliberalismo, a ascensão de todo pernosticismo que tenho visto.
As pessoas estão tão pernósticas que
nem se tocam.
Assim como nosso biótipo tem sido
modificado pelo tipo de alimentação a que somos expostos, nossa maneira de nos
relacionar também tem sido mudada radicalmente, com uma injeção de estímulos por
todos os lados nos dizendo para sermos pernósticos.
Incoerentemente, esse sistema
econômico, social, político e de costumes, valeu-se grandemente da religião. E
o principal erro, pecado, desvio de caráter, o que se chamar em cada uma das
religiões para isso, é a soberba.
O que tem de gente se
autoclassificando e ao mesmo tempo querendo ser humilde, o que tem de gente
dizendo aos outros que é assim, assado, o que antigamente, se deixava que
outros nos dissessem como somos vistos, que me trás à lembrança logo, o
discurso de Jesus contra os fariseus, na entrada do templo.
Ai de vós,
escribas e fariseus hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um
prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno. Os hipócritas
religiosos de nossos dias cumprem seus deveres religiosos externos
perfeitamente, mas permitem que pecados como orgulho, inveja e ódio floresçam
por dentro, duas vezes mais do que vós" (Mateus 23:15)
As doenças espirituais que
atacam aqueles que já estão caminhando com Cristo é a vaidade e a soberba. A
pessoa que diz que não é vaidoso já está sendo. Porque nós não nos conformamos
com aquilo que somos. Um filho sempre se sente o mais amado ou o mais
desprezado, isso para não ser simplesmente igual aos outros.
Virou costume, até aceito socialmente que as pessoas
se classifiquem, até com certo alarde que seus feitos, ou ao menos a vontade de
ser aquela pessoa imaginada, sejam lançados aos cinco ventos, por ela própria.
Como já disse, o tal Marketing Pessoal, é a oposição da soberba. Como ser
religioso e ao mesmo tempo mostrar sua propaganda pessoal?
É um teorema muito difícil de resolver, para quem ao
mesmo tempo segue a onda e quer ter seu lugar no Paraíso, após o Dia do Juízo
Final. Mas infelizmente, o Deus Único é Onisciente. Quer dizer, se houver o
Sono Eterno, ou o Inferno, vou ter tanta companhia. O carola que entra
prostrado de joelhos no templo, é o mesmo que lá fora se mostra como acima até
do próprio D’us que professa.
É como se dissessem a todo momento que quem não se “vende”,
não tem lugar na pradaria. Então, para não ficar em desvantagem, tenho de fazer
o mesmo jogo dos outros, sem pensar se realmente é o que se quer.
Dia desses, um taxista vinha conversando, dizendo
que um “pica grossa” desses da vida, tinha conseguido que alguém que se fazia de
muito íntegro, fosse cooptado para as suas ações, nem tanto assim. Então, ele
repetiu o que o cidadão disse: “Todos têm seu preço!” E complementei: “Principalmente
quem não tem caráter!”
É muito simples querer jogar todo mundo na lama, por
se viver na pocilga. Quero ver a pessoa sustentar seu ponto de vista, sem
precisar denegrir a imagem alheia. E isso, tem de monte. Uns recalcados que
antes de se mostrarem integralmente já mancham a imagem alheia, para assim, serem
aceitos como “mais um dos que fazem a sujeira, mas é o que se pode fazer para
sobreviver. Se o mundo fosse diferente, eu seria ético”. A culpa da minha falta
de honra, de hombridade até, não é minha, mas de um contexto perverso que eu
mesmo não faço questão de me contrapor.
Estava vendo a reintegração de posse, do mandato do
Seu Arlindo Porto, no cargo de Deputado Estadual, visto que foi o único em todo
o Brasil, a ser caçado por seus pares, quando os outros todos, foram caçados pelo
comando da Ditadura Militar. Não concordei muito com o discurso do Arthur Neto,
mas ele trouxe à luz, fatos interessantes. O da própria Ditadura, dar ordem aos
Deputados ávidos em se fazer mais real do que o rei, que legaram ao ostracismo
Seu Arlindo Porto, de não caçarem mais ninguém. Ou seja, uns baba-ovos tão
intensos, que seu ato de lamber botas, enojou inclusive a quem era nojento e asqueroso
por princípio.
Mas na onda da pernosticidade, atentei para o fato
de algumas pessoas que aplaudiam os discursos inflamados contra a Ditadura
Militar, até de forma efusiva, terem elas mesmas, apoiado-a. Em seguida o
Prefeito de Manaus, atentou que tem gente que sempre boia, depois de descer à
sujeira. Sempre estão próximo ao poder. Talvez tenha lido meu pensamento. Mesmo
assim, essas pessoas sem muito “semancol”, continuaram a aplaudi-lo muito mais.
Hoje, todo
mundo quer se mostrar, quer gritar sua capacidade, mesmo que muitas vezes nem a
tenha, mas para se igualar aos demais. Justamente num mundo onde existe igreja
para todos os gostos e a interpretação do Messianismo seja vasta, do fim da
vida, ao fim dos tempos. Cada um interpreta da sua maneira mais conveniente.
Esquecem todos que a soberba, seja no Hinduísmo, com Brahma, Shiva e Vishnu, no
Budismo, na Mitologia Greco-Romana, no Judaísmo, no Islamismo, no Cristianismo
etc., é vista como uma coisa tão nociva a todos que quem a comete, sempre acaba
dando exemplo de como ela mesma se pune. Noé fez a Arca, seguiu as ordens de D’us,
mas achou que era o cara. Bebeu, quis estuprar sua nora, caiu em desgraça. Há a
história de um Buda que tinha fama tanto de beberrão, quanto de “comedor de
gente viva” que embebedou a mãe, colocou-a em frente aos cidadãos, levou-a para
a cama e deu uma lição nela, por essa se mostrar tão digna e ter se deixado
levar pela soberba de se entregar a um Buda, como se fosse o máximo da elevação
humana, mesmo esse Buda, sendo seu filho.
As pessoas
estão assim, tão soberbas que é difícil manter uma conversar com perguntas e
respostas, com um assunto só, debatido pelos partícipes, pois todos querem ser
mais, querem se mostrar mais do que os outros. E acaba que parece que numa
conversa de cem pessoas, tem-se cem assuntos diferentes, cada um mostrando sua
parte acima dos demais.
Dia desses,
assistindo um desses programas sobre casais, a instrutora brasileira atentou ao
marido que ele se achava tão acima da esposa que quando ela tentava falar
alguma coisa, expressar-se, ele a interrompia, até mudava de assunto e se
tivesse acompanhado, fazia a esposa se sentir invisível. Talvez fosse um medo dela ser melhor do que
ele, justamente tentando fazê-la calar, pudesse puxá-la para seu nível que
pensava inferior, mas sem dar o braço a torcer.
Hoje, ouvi
uma palestra sobre como se trata pessoa com necessidades especiais no país. O
surdo, o cego, o deficiente físico, mesmo que tenham capacidade de responder, de
discernir, quando têm de ser feito, ou de responder alguma coisa, seja no
balcão de viagem, ou no atendimento médico, ao invés de se perguntar
diretamente à pessoa, sempre se pergunta ao acompanhante, deixando a pessoa com
necessidades especiais, sentindo-se invisível.
Mas isso não
é um fato isolado, tem explicação. Freud explica!
Para existir
o soberbo, tem de se tentar diminuir os outros, e principalmente quem esse
soberbo acha acima dele. É um cálculo simples. O soberbo não sabe deixar que o
vejam como ele é, sem que grite antes, os defeitos alheios, para esconder suas
deficiências.
Mas, esse
modo de se destacar, está com seus dias contados. A Gogólogia, ou a
Gargantologia já não convencem mais muita gente, mesmo porque, têm deixado
rastros de incompetência e até de tragédia por todos os lados por quando se tem
de mostrar competência na prática, o discurso é bem outro. O profissional que
antes de mostrar eficácia, dá um discurso sobre si, de derrubar foguete, está
com os dias contados. Depois, como disse o Nizam Guanaes, “o Marketing Pessoa não
entrega tudo aquilo que promete!” Vai ser uma onda de suicídios, de depressão,
pois a soberba, nada mais é do que um complexo de superioridade, mas como dizem
alguns especialistas da área, complexo de superioridade não existe, o que há de
verdade, é um complexo de inferioridade, mascarado com esse arroubo de se
mostra quase uma personagem mística.
Em suma,
formamos uma sociedade que tem vergonha de si e ao invés de batalhar para ser
eficaz, procura vencer na moleza, com esse discurso da soberba, com esses jeito
pernóstico, não por ser e saber que é o cara, mas por se esconder do mundo,
para não verem sua incapacidade, inclusive de viver a realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário