Há dias, tento enviar uma mensagem
para o Governador do Estado do Amazonas e o FALE CONOSCO daqui, é muito mais
complicado do que o FALE COM A PRESIDENTA e ainda mais, do que o TALK TO
PRESIDENT OF THE UNITED STATES OF AMERICA. Engraçado, que quanto mais
regionalizado, as pessoas ficam empavonadas, agem arrogantemente, até como não
agem, nem agiriam em locais mais abertos, ou contextos mais abrangentes.
É só ver o que gente do tope de
Sarney, Braga, Paes e outros, fazem em seus currais eleitorais e como se portam
quando viram vidraça nacional. Parecem outras pessoas. Eu seus territórios
grilam, tratam os pobres como lixo, quando estão no Congresso Nacional, ou em
uma reunião internacional, defendem o direito de todos, a conservação e a
preservação da biodiversidade, são uns anjos.
Mas é aí que começa o que eu chamo de
DISCURSO DE COVARDE. Tem muita gente que faz e acontece, quando acha que está
entre seus iguais. Ao primeiro sinal de desaprovação, colocam o saco no ombro e
vão cantar de galo em outro terreiro. É por isso que muito preconceituoso se dá
bem, porque as pessoas têm vergonha de se colocar contrariamente, muitas vezes,
“para não contrariar”, mesmo que aquela tolice que vivem falando, contrarie uma
porção de outras pessoas atingidas.
Mas voltando ao Governo do Estado do
Amazonas, gostaria de propor a criação da Delegacia Contra Crimes Sexuais. Como
digo no texto, já existem Delegacias da Mulher, da Infância e da Juventude, do
Idoso etc., mas o que se tem visto por trás de variados crimes que sempre têm o
sexo como arma, é uma questão de intimidação, de “deixar em seu lugar” aqueles
que achamos inferiores e tentam se impor como gente. Os crimes sexuais contra
crianças e adolescentes, na verdade, estão sempre deixando recados contra
famílias de baixa renda. Na verdade querem dizer que aos poderosos, tudo é
possível e a quem não tem como contratar nem advogado que seja, é melhor calar.
Uma forma de mostrar poder entre as classes sociais. Os crimes de tráfico de
pessoas acabam sempre como uma questão de colocar pessoas humildes do país e da
região, como escravos sexuais de povos que se acham superiores a nós. A
mensagem subliminar, é da subserviência ilimitada a quem achamos melhor, com o
uso do que temos de pior. Nada diferente, de quando chefes de tribos vendiam
seus comandados, a negociadores escravagistas. A violência sexual contra as
fêmeas, muitas vezes, quer dizer a quem assiste que o homem, tem de permanecer
como o todo poderoso, imagem e semelhança do Deus Pai. Às mulheres, o cabo e a
vassoura, o ferro de passar e o fogão, o “digno” serviço de satisfazerem seus
donos. Como escrevo no texto, é preciso dar poder, mas muito poder a essas
delegacias, como não há nas outras que só servem de propaganda, quando se
precisa de uma viatura, são sempre as mais esculhambadas, quando se precisa até
de papel-higiênico, não tem nada, mas pelo menos, não se tem como dizer que não
existem. É preciso dar poder de verdade se levar a cabo tal Delegacia, para se
dirimir tanto crime como se a vida fosse um brinquedo em relação à conta
bancária de quem os comete e sai são e salvo e ainda tem mulheres e crianças e
adolescentes e miseráveis, em sua torcida. E como digo também, duvido muito que
isso seja possível. Pelo menos, no atual contexto, onde as mulheres que vivem
do corpo, de posar para revista masculina, de perpetuar o modelo machista, são
as que mais defendem que não existe mais Machismo entre nós.
Como já disse, quando falei sobre a
contrainformação. É típico, colocar-se gente que representa o grupo afetado, em
defesa de quem os atinge. Colocam-se negros, contra as quotas, mulheres contra
o discurso feminista, miseráveis, pelo bem da burguesia. Uma forma de dizer aos
outros que se sentem atingidos que eles não têm chance de ser ouvidos, ou pelo
menos, atendidos em suas reivindicações. É capaz de aparecer um ex-torturado na
Ditadura Militar, querendo a extinção da Comissão da Verdade. É comum.
Mas sejamos francos, esta minha
maneira de pensar, está correta? Talvez não, pois existe muita gente ainda,
achando tudo muito normal. Nas reuniões sociais, em grupos que se acham
blindados, pregam cada barbaridade, como coisa normal. Quando estão num grupo
grande, onde há diversidade, inclusive gente com poder de questionamento e base
para discutir, o discurso é outro. É o que eu digo, covarde, nunca tem firmeza
no que prega, no que diz, no que pensa. Sempre precisa ter garantia que está em
maioria, para levar suas ideias adiante. O exibicionista que defende o racismo,
quando se vê questionado, até por uma criança, fica tímido como ninguém.
E o pior covarde de hoje, é o
enrustido. O que tem de gente fazendo uso do sexo, para punir o outro, como um
recado para outras coisas, não deixa dúvida de que muita gente tem se mascarado
disso, ou daquilo, principalmente de heterossexual, por puro pavor de ter de
abrir caminho, com os próprios peitos, no sentido literal e figurado.
Lembro da primeira vez em que, ainda
na fase da Quarentena no quartel, fomos ao tapiri, escutar como os EUA haviam
vencido a Guerra do Vietnã. O Tenente Fernandes, dizia que iríamos aprender,
como usar a guerrilha, para vencer o inimigo, como o fez o Exército
Norte-Americano. Levantei a mão e quando ele permitiu, perguntei se a Guerra do
Vietnã, não havia sido vencida pelos vietcongs.
- Não! (um não seco, como diria a
Monikela). Foram os americanos!
Tentei contra-argumentar, mas os
risinho, de quem sempre concorda, atrapalharam e por tempos, fiquei perguntando
se estava correto. E estava, mas estávamos em uma ditadura em benefício aos
EUA, a guerra havia acabado há uns 3, ou 4 anos, não havia muita informação,
fiquei até com medo de parecer ridículo. Depois, com o tempo, inferi, o que
acontecera de verdade. A defesa de quem se quer sempre subordinado.
A REFORMA QUE NÃO AGRADA
Estava vendo uma desapropriação e
retomada de posse, de uma população inteira, contra um único proprietário e
fiquei pensando no discurso do direito à propriedade. Em princípio, o direito à
propriedade, não é natural, é válido apenas em sociedades onde exista o rico,
contra o pobre. Em outras, é completamente ilógico. Imagina numa sociedade
tribal, ainda sem a presença desses nojentos “catequizadores” que levam o
discurso das classes, em forma de religião, chegar o Tamboré, sozinho,
reivindicando uma plêiade de ocas e o pajé, o cacique e o conselho dos anciãos,
dar ganho de causa a ele. Mas nunca. A não ser que estejam contaminados por
gente que não vale um tostão, mas posa de santo.
Pensei como se pode manter esse poder,
de um, contra vários, para o resto da vida. Então lembrei-me de quando atuava
no Diretório dos Estudantes e tivemos a ideia de fazer a Casa da Estudante Universitária. Havia a Casa do Estudante Universitário, o CEU, que era legada só aos
homens. Precisávamos de uma correspondente, às mulheres. Então fomos discutir
com o Prefeito à época que nem lembro quem era, mas não é ninguém mais do que
esses mesmos, Amazonino, Braga, Arthur e outros poucos que se revezam sempre.
Ele concordou com a ideia, desde que... Lembrei-me agora do Stony que me falou
certa vez, porque não colaborar com os governos, ao invés de só fazer críticas.
Primeiro, porque não vou dar ideia a outros, para eles ganharem a fama. E
depois, porque muitas vezes, a ideia pode até ser muito boa, mas o interesse de
muita gente é outro. É manter a putaria, como está. Simples.
O “desde que”, era que encontrássemos
um terreno onde pudéssemos fincar esse projeto, aí a Prefeitura daria a posse e
mesmo assim, teríamos de buscar o material de construção, para de novo, a
Prefeitura entrar com a mão de obra. Ou seja, dificulta-se, para não dizer de
cara, a verdade. Lembro-me de ir à Prefeitura, todo dia, debruçar no Mapa de
Manaus e quando encontrávamos um terreno, já tinha dono. O primeiro terreno,
era em frente à CEU, no Centro da Cidade, um buracão, onde, quando
adolescentes, jogávamos bola. Perfeito. Um matagal danado, sem uso, abandonado.
- É da Família Benchimol.
Então, ainda no Centro, outros
terrenos, do mesmo jeito. Um matagal danado, abandonados. Havia uma casa
abandonada, ao lado que serviu há muito tempo de academia de caratê.
- É da Família Benzecry.
O jeito foi procurar terrenos, mais
distante do Centro. Lembro-me de encontrar um, que chamamos de Ferro de
Engomar, na hoje Avenida André Araujo, ao lado de onde havia sido um motel e
uma churrascaria. Longe e abandonado também. Com o atrativo de ser mais próximo
do Campus Universitário, ou seja,
daria para ir à pé, de bicicleta, ou era passagem obrigatória de uma das rotas
de ônibus para a Universidade.
- É da Família Nascimento.
Procuramos mais distante, lá pelas
bandas da Ponta Negra, não era possível que tivesse dono.
- É da Família Loureiro.
Meu Deus do Céu, Manaus era toda
grilada, não faziam nada com o terreno, mas não deixavam fazer. As fortunas de
hoje. Imagina o que não deve estar acontecendo com o Amazonas e ainda se tinha
proposta de dar posse, a quem já estiver na terra. As novas fortunas futuras.
As terras que pertenciam à
Universidade, justamente para esse e outros fins, também foram griladas por
imobiliárias e onde seriam fixados esses projetos de casas de estudantes,
professores e administrativos, hoje é o Conjunto Acariquara, o Shopping São José Uai etc.
O sítio de Dona Therezinha, quase
entra na relação dos Nascimentos, pois ele já havia grilado boa parte do Bairro
do Aleixo e achava pouco, então começou a entrar, a empurrar as cercas, nos
sítios dos outros, inclusive do Phelipe Daou. E o juiz do caso, fez questão de
desprezar o testemunho de Dona Therezinha que entrou no gabinete do “doutor” e
fê-lo vestir a toga de novo, pois ela não era palhaça.
Ou seja, grilar pode, desde que
pertença à elite. Apropriar-se do que está jogado às tralhas, mesmo que por
necessidade, é atentar contra o direito à propriedade?
O certo e o errado, depende muito do
lado que se quer estar.
Para não me estender muito, nós,
líderes estudantis, acabamos por abandonar o projeto. Tudo tinha dono, apesar
de não ser cuidado. E pior, um projeto que poderia beneficiar muitos, acaba
destruído, porque se vem com o “direito à propriedade privada”. Quando pertenceu a outros e lhes foi tirada,
na mão grande.
E como conseguiram aquelas terras?
Muitas vezes, terras da União, do Estado, do Município que foram invadidas e
por conivência, foi-se deixando ficar, até se acabar como usucapião. E porque
não se fazer o mesmo, quando o benefício é para uma grande maioria? Porque,
como já disse, cada sistema político, social e ideológico, é voltado para
beneficiar as classes dominantes. Não existe governo para o povo, com classes,
com propriedade privada, é tolice de quem não lê, não estuda, ou quer se fazer
de tolo, para levar suas ideias canhestras adiante. Todo governo onde há
divisão de cidadãos, luta de classes, riquezas concentradas, representa quem
tem de representar. Muitas vezes, quando a situação permite, faz-se uma
demagogia aqui, outra ali, parecendo que o direito de todos é respeitado. Deixa
bater a dor de barriga que logo se mostram como têm de ser. Perigou, a classe
no poder tem de se sentir segura.
É o caso da desapropriação em São
Paulo. O certo e o errado nesse caso? Existe um cidadão que diz ser
proprietário de uma terra que não fez nada, contra uma multidão que precisava e
ainda precisa de moradias, limpou o terreno, fez casas, algumas até de
alvenaria, de repetente, decide-se na Justiça. A multidão perde para o
indivíduo. É esse o lídimo direito à propriedade? É sim. No Capitalismo, é sim.
Então, onde fica a democracia? Ih meu rapaz se formos discutir, vamos
cascavilhar tanta coisa que é capaz de chegarmos há muita sujeira debaixo do
tapete. Goethe, o poeta alemão, dizia que toda riqueza havia nascido de algum
roubo, de alguma apropriação do que era de todos.
Focando a desapropriação em São Paulo
apenas, tudo bem, pela lei da ideologia, o indivíduo pertencente à classe
dominante, tem direito, sobre a maioria dos desvalidos. Mas de outra forma,
quanto não se gasta, para dar direitos a uma pessoa, sobre as outras?
Vai se ter de deslocar essa multidão,
para ginásios, colégios, outras pessoas que se valiam desses centros, ficarão
desalojadas, o estado vai ter se entrar com camas, remédios, proventos e tudo o
mais, um prejuízo, deixado de lado de propósito. Ninguém quer colocar no lápis,
quanto seria deixar a maioria ganhar e quanto se desperdiça em garantir
direitos individualizados.
Em princípio, sempre pergunto, porque
não cadastrar essas famílias, colocar as assistentes sociais nas ruas, para
investigarem a real necessidade de moradia de cada família, depois, negociar
com o proprietário, para fazer uma política habitacional, que não existe, há
anos no país e o que se vê, quando não é o projeto do BNH, onde se desalojavam
famílias daqui para ali, dependendo da necessidade do mercado imobiliário, nem
que fosse à força, ou o arremedo, disso, com esse Projeto Minha Casa Minha
Vida, onde a CEF disponibiliza um vultoso montante nas mãos das empreiteiras já
conhecidas, sem que os futuros favorecidos, deem ao menos opinião, de como
querem a cor do apartamento, ou sejam parte integrante do processo como um
todo. Mesmo em um Governo Popular, ainda temos a questão de políticas
habitacionais, completamente iguais, aos da Ditadura Militar, onde se tem de
engolir goela abaixo, o que interessa mais aos outros, do que ao povo. E
sempre, uns projetinhos de bosta que parecem ter sido feitos por estudantes do Secundário,
ou Ensino Médio. Eu faria bem melhor, juro, mesmo que o Isidoro Barbosa achasse
que os meus projetos não tinham nada a ver com a sua visão de mundo, espírita e
bajuladora dos filhos de quem achava poderoso. Mas mesmo assim, o meu projeto
de casa sem paredes, virou moda, muito tempo depois, como habitação para
solteiro. Ou seja, sempre estou à frente do pensamento de muita gente atrasada.
Mas de certa maneira, quando quem não
tem muito o que discutir por falta de argumento, vê que pode se valer até da
ignorância, para sobrepujar os outros, aí a coisa descamba.
EGO VERSUS URBIS
Muita gente, por ser acovardada, por
temer remar contra a maré, pois sempre é mais difícil do que seguir a direção
do rio, permite coisas escabrosas serem perpetuadas, mesmo que depois, possam
se voltar contra elas.
O individuo, em nossa sociedade, tem
direitos acima do todo. Não por menos, mesmo quem se ache muito atual,
contemporâneo, até vanguardista, tenha ideias tacanhas, contra todos, para
perpetuar as discriminações. É que se ensina ainda, a ver o país como um todo,
como fragmentos. “Que se foda o resto”. Desde que eu garanta as minhas
vantagens, estou salvo. É só acender uma vela, pronto, a minha propriedade está
assegurada. O Senador rouba que todo mundo sabem em cada licitação, depois,
fica ao lado de Arcebispos, Bispos, Pastores, Apóstolos, pronto, Deus perdoa e
“atire a primeira pedra, quem nunca pecou”. Essas coisas religiosas, como o tal
de “não julgueis, para não serdes julgados”, coisa de pilantra, de bandido
esperto, que permite que se vá levando, principalmente o que não presta. Em
nome do Senhor. No meu mesmo, não. Tenho ojeriza de pilantragem. Deus me livre! E igreja, nem me fale!
PLEASE, PLEASE, PLEASE!
Dia desses o Guilherme, ou Tenente
Coronel Aviador Salazar, veio aqui em casa com a Gabriela e estávamos
assistindo mais uma tragédia em Petrópolis. Engraçado termos concordado, sobre
como se trata o cidadão no país. A Defesa Civil, os Bombeiros e até a Polícia
Militar pediam que famílias saíssem de áreas de risco, mas elas decidiam ficar.
“É o direito delas decidirem” .
Talvez por eu ter conceitos
comunistas, “ultrapassados”, pense diferente da forma de agir. O direito do
indivíduo, não pode interferir no direito de todos. Os caras têm de ser
avisados, dado um prazo para deixarem o lugar e caso não saiam, têm de sair por
bem, ou por mal. Acabou! Acho que é assim, em todos os países desenvolvidos,
por coincidÊncia.
Mas o direito individual de cada um,
de repente acaba em tragédia e o Brasil inteiro é que tem de pagar o pato. O
Seu Gerôncio, de birra, faz a família ficar numa área de risco e acaba que cai
a casa, é soterrada a família, um caos total. De repente o direito individual
dele, acaba sendo um problema coletivo. Turmas e turmas de bombeiros, de
brigadistas da Defesa Civil, SAMU, helicópteros, retroescavadeiras, tratores,
blindados da Marinha e muito mais, têm de ser deslocados, para tentar resgatar
a Família de Seu Gerôncio. Aí, Dona Arminda que também resolveu ficar em outra
área, leva a família para o mesmo buraco, em outro lugar. Mais turmas, mais
retroescavadeiras, mais bombeiros, mais... De repente acontece um incêndio, no
mesmo dia, numa grande favela. Mais bombeiros, mais... Vem cá, quando eu
estudei Economia, o princípio era saber manipular os recursos escassos para as
necessidades ilimitadas. Dá para atender todo mundo ao mesmo tempo? Não.
Então, o indivíduo não pode ser maior
do que a comunidade, mesmo porque, essas putarias, não são de graça. E quando
se tira daqui para atender à família de um filho da puta, ou de uma filha de
uma puta, está se deixando de investir em outra coisa. Mesmo com toda a
roubalheira da política capitalista.
O problema, é que muitas vezes, o
cidadão não sabe direito se aquele ato de tirar à força é para o bem de todos,
ou para favorecer grupos que sempre se locupletam com as ações do estado.
Tirar gente do Igarapé do 40, é fácil,
mesmo que se prometa mundos e fundos e se queime criminosamente os barracos,
até com o discurso de que só pobre, polui igarapé e os recursos hídricos em geral.
Quero ver tirar as mansões da nascente do Mindú. Duvido! Para esses, o estado é
mãe, mesmo porque, salário de magistrado, de juiz a ministro, parlamentar e
gestor, tem de ser altíssimo, para eles se sentirem membros da burguesia e
quando tiverem de decidir, lógico, estarão sempre com seus pares. Os burgueses.
Alguém já viu algum juiz pobre que se compadeça com os problemas das classes
X,Y, ou Z? Nem quando são aposentados por bandidagem. Um direito adquirido de
permanecerem poderosos.
O que o Bradesco faz com o dinheiro de
muita gente que é correntista em suas agências, fosse um Zé Povinho, estaria
preso em prisão de segurança máxima, distante de todos, até que nos
esquecêssemos dele e permanecesse a vida inteira, até depois do tempo
regulamentar, longe de nossas vistas e principalmente, de nossos bolsos. Para
ele não é Zé, é “Doutor”.
JUNKIE
Nesses casos do discurso do direito do
indivíduo, sem que se veja as consequências no geral, sempre me lembro do que
vi, na esquina do Cheik Club, na subida para o Colégio Benjamin Constant – pelo
amor de Deus, lê-se Constan e não, Constante, como virou moda – e para o
Instituto Estadual do Amazonas, de uma funcionária, ou usuária do que antes era
o Conservatório de Música da UFAm.
Se alguém conversasse com ela, tenho
certeza que diria que é uma forma de complementar o salário, um chororô danado.
Simples, não está satisfeita, ou reivindica melhores condições, ou pede as
contas e vai procurar coisa melhor. Não, prefere-se fazer de esperta. Sem ver
que outros estão na mesma situação, mas não têm os mesmos privilégios dela,
mesmo que paguem por isso.
A mulher pega as cadeiras que deveriam
ser da Universidade Federal, dispõe na calçada, que deveria ser pública, os
pedestres que dividam a pista de rodagem com os carros, o problema dela, ela
está resolvendo, coloca uma banca de café regional, em frente a um laboratório
de análises e vende tudo. Dir-me-ão que é espírito empreendedor, como aquele
camelô que tem mais de centenas de barracas no Rio e por algum tempo, era contratado
para ensinar alunos de Administração, Brasil afora, a administrar. É quando o
vício vira o exemplo.
Bem em frente, há dois outros lanches,
com alvará, ou seja, infere-se que pagaram impostos, têm de existir com o que é
seu, muitas vezes, adquiridos com muito suor, pagam impostos e tudo o mais e
enfrentam a concorrência desleal.
A espertalhona nem o que utiliza, é
seu. “Emprestado”, diria ela. O que é dos outros, constitucionalmente público,
não pode ser emprestado, a não ser que se façam leis específicas. Mas faz
concorrência, justamente a quem tem outros custos, além de comprar a
matéria-prima, pagar a energia própria, a água e até empregados. Pode vender
até mais barato do que os outros, dessa forma. Quando enriquecer, vira exemplo:
PALESTRA: COMO ENRIQUECER SEM PREOCUPAÇÃO. E são esses tipos que depois de se
valerem do que era público, como a
Senadora e Presidente da CNA, Katia Abreu que vem discutir a “vergonhosa ação”
de quem quer um pedacinho de terra sequer, ou que rouba os outros, ou quem quer
fazer parte do grupo dos que podem tudo. De repente, no topo da cadeia social,
esquecem como começaram e até inventam sua própria Estória do Brasil. Muita
vezes, usurpação, passa como coitadismo.
Aí o coitado de ontem, que usurpou o que era
coletivo, fala grosso.
- Cadê o aparato repressivo do estado
para defender o que é meu e já foi de outros? Pega! Chama a polícia.
Meu sobrinho um dia desses, estava
falando sobre a briga entre a NET e a CLARO. Dizia que a NET entrou com uma
ação contra a CLARO, por essa, oferecer pacotes muito abaixo do que a outra
oferece a preços estratosféricos. Falei que se for feito estudo, pode-se baixar
os preços sim, mesmo porque muita coisa no Brasil, quem dá preço, quem faz
Plano de Marketing, quem estuda Logística, é advogado, bibliotecário, estilista
etc., e acaba que muita gente dá preço, do jeito que bem entende. O Silvio
Santos não colocou no Banco Panamericano, um advogado, como CEO? Deu no que
deu.
Mas que de outra maneira, pode estar
embutido o problema do dumping, quando
a empresa, ou um grupo de empresas, oferece preços abaixo da concorrência,
justamente para ficar só no mercado e a partir daí, fazer o preço que bem
entende, sem concorrência, praticando o monopólio de mercado, mesmo porque essa
tal de CLARO, é uma empresa portuguesa, que entrou no país, depois de se
privatizar, quero dizer, dar de mão beijada, o que era de todos, com o
financiamento total do BNDES e só depois que tiveram lucros exorbitantes, é que
começaram a pagar o que deviam. Ou seja, pagamos para eles ficarem rico com o
que foi nosso. Ele falou se era dumping,
isso mesmo.
- Então é dumping que se chama?
Mas como perguntava o Professor Jaime
Benchimol:
- Por que não se legaliza a agiotagem,
quando os bancos no mercado, são os maiores agiotas?
Talvez, por se tratar de sociedade de
classes, o que é ruim para mim, pode não ser para ti. Quando o roubo tem
relação em manter o poder de classe, esquece-se. Quando o assalto é para
favorecer a uns pobretões, manda polícia, dá habeas-corpus ao proprietário do que fora espoliado, usa-se o poder
de punir, quem não entra na linha. “Aos amigos, os favores da lei; aos
inimigos, os rigores!” Tanto pode ser aplicado no Império Romano, quanto no
Socialismo da Coreia do Norte. É classe. Clássico! Está certo, quero dizer,
está errado, para quem está do outro lado.
O Irã estudar o processo nuclear é um
perigo para o Oriente Médio. Israel que vive “se defendendo” com armas de
grosso calibre, ter bombas atômicas há tempos, nem se fala. Qual o teu lado na
questão? Depois a gente discute se for o caso.
O agiota, muitas vezes, é um Zé
Ninguém que permanece na mesma periferia, com as mesmas ideias e pode favorecer
um monte de outros pobretões. A classe a ser dominada. Já os bancos são a
imagem da classe dominante, do burguês, do capital. Cada tostão arrecadado vai
favorecer a classe dominante. Mesmo que empreste para o miserável, cobra um
valor acima de mercado, pois está ali, aí e aqui, para favorecer a burguesia.
Que muitas vezes, empresta o mesmo dinheiro, a preços bem mais camaradas.
No Chipre, a solução passa pelo
sequestro de muitos correntistas, então esse discurso é falho. Não. Os
correntistas, “do mundo globalizado” que eu diria, uns espertalhões que queriam
fazer da Ilha, um Paraíso Fiscal, eram cidadãos de segunda linha, na grande
maioria, da Máfia Russa, ou seja, até aquele mulher pilantra do FMI, o pescoço
de garça, quer mais que eles se explodam. Retirando-lhes o dinheiro aplicado,
eles terão como explicar de onde surgiu? Não. E o Chipre, é um quintal de
merda. Abre-se falência completa, para salvar a França, a Itália, até a
Inglaterra e a Alemanha. Sempre o menor, é quem paga o pato, em relação ao
maior. As minorias sociais sempre servem de bucha de canhão para resolver os
problemas da minoria numérica. Pode-se até chamar o confisco descarado de
“empréstimo”, pois os mafiosos continuarão com lucros e não vão reclamar a não
ser, na voz do Medivedev, ou do mafioso-mór, Putin. Mas aí, já é putaria de
estado. A Rússia, quando URSS, era poderosa, hoje, é emergente. Que tal
distribuir com quem sempre comeu o que é de todos, agora que estão em perigo?
Já tiveram a inteligência de Lenin, de Stalin, até do avô da Katia Molotov,
agora têm de se contentar com a Igreja Ortodoxa e outros atrasos mais.
POR FIM, ENFIM, O FIM
O problema de muita gente é pensar a
sociedade, como um conjunto de gente onde as ações de governo, de estado, têm
de ser colocadas em primeiro lugar, para favorecê-los como se formassem o todo,
sem pensar que enquanto houver luta de classes, não adianta, a classe no poder
tem de sair sempre favorecida. E quando a violência aumenta assustadoramente, é
porque, muitos se veem excluídos e querem ter os mesmos mimos, de uma minoria
que tem acesso a tudo. Mas não se pensa, ou não se quer pensar que tudo isso é
consequência da exclusão dos muitos, para favorecer os poucos. Muito pelo
contrário. “Pena de morte”, pronto, soluciona tudo. Ou pelo menos serve como
cala boca de quem poderia querer se manifestar.
Dia desses, falei ao Noval que não
adiantava o cara blindar carros, andar de helicóptero, pensar que está salvo da
violência contra os ricos, pois de um jeito, ou de outro, iria depender dos
pobres, iria ficar em igual condição, mesmo dentro de seu bunker. Nem se fosse depender da empregada doméstica, a menos que a
tornasse classe média alta, com vultosos salários, mas mesmo assim, estaria
sempre abaixo do poder do patrão, do garçon,
do cozinheiro, do policial e mesmo que pagasse regiamente, de uma hora para
outra, poderia estar diante de seu algoz insatisfeito.
Dito e feito. Um empresário que utilizava
de carro blindado, vinha com um relógio de mais de R$ 170 mil, pensava ter se
livrado da condição de cidadão comum. Um latrocida viu seu relógio no pulso,
seguiu-o até seu local de trabalho. Como muitas vezes, quem se acha alijado da
violência urbana baixa a guarda, ele, mesmo que andasse de carro blindado,
estacionava na rua, ou na calçada da empresa. “Muito inteligente!”. E saía, ao
invés de pela porta do passageiro, mais próxima à porta do escritório,
normalmente, o que dava mais tempo para ser acuado, preferia desfilar na
passarela. Pronto, o bandido que quer ascender socialmente e não tem freios,
como muita gente que se acha espoliada de tudo, mas tem o freio religioso, o
freio social, o freio ético, tirou-lhe a vida, tirou-lhe o relógio e mesmo que
seja preso para todo o sempre, esquecido, por falta de condições de contratar
um “bom advogado”, como disse em outras palavras o Ministro Joaquim Barbosa, a
vida do empresário não volta nunca mais. Nem na próxima. Como diria o Ananias,
“um soco dado, não tem como tirar”. Ou voltar atrás. Está feito. O resto é
esperar as consequências.
Pode-se buscar desculpas de todo jeito
para justificar crimes bárbaros, entre cidadãos compatriotas, mas a única coisa
que se tem em mente é que quando se colocam pessoas iguais, em condições
desiguais, sempre se vai gerar insatisfação que podem ser colocadas para fora
com uma greve, com manifestações públicas, ou particulares, até grupos
organizados, contra os que estão na elite.
E toda ação para punir, em uma
sociedade de classes, em uma sociedade de quem tem mais, do que o outro, é
feita para favorecer, quem, pelo menos, parece ser mais poderoso do que todos
os demais. É certo? É errado? Não interessa o que eu acho? A menos que partamos
para repensar esses privilégios....
Por enquanto, se não fizeres parte do
poder, foda-se!
Lembrei-me de uma vez que estava no
camarote do Boi e a Nasla Mousse chegou e me chamou para irmos conversar na
escada. Ela devia estar sem namorada. De repente, estávamos conversando há
horas, um tipo que vive de fazer tipo, sem precisar mostrar obra alguma, acho
que se chama Edinho Serrão, acho eu, vinha descendo, fazendo poses. Ela o
chamou:
- Tu é mesmo, o famoso quem mesmo, meu
irmão?
- Edinho Serrão. Stylis, fashionist...!
Ela descascou, acho que seu recalque,
contra o cara que convenhamos, nem eu que não sou muito ligado em moda, daria
um tostão para aquele cara me ensinar como ser fashionista.
- Porra, um sapato de mulher, salto
alto, uma calça escrota, uma camisa surrada... Stylist?
Como eu a conhecia e muito bem,
preferi ficar de fora, só observando, mesmo porque não iria apanhar da Nasla, fazer
vergonha para a mamãe, coisa que a Thânia, já havia feito no Colégio
Auxiliadora, segundo me disseram e feio, como tantos outros, inclusive o pessoal
da musculação da academia, quando quis apartar uma briga dela e apanhou mais do
que o adversário; quando eu poderia ser sempre amigo dela. Mas ele era stylist sim, ou é. Ele desfila o modelo
de quem quer se enturmar à classe dominante, sem esforço. Ele desfila o que
quer mostrar o poder, para continuar dominando, mais do que ela que se colocava
à margem – já morreu há um tempo -, faz o tipo poderoso. E isso, faz muita
diferença. Fossem os dois presos, seria capaz dela mofar um tempo, enquanto, de
repente, os magistrados que parecem depender desse mundo do glamour, dar-lhe-iam um habeas-corpus sem discussão do mérito. É
a luta de classes, que muita gente como o Bush quer fazer crer que é coisa de
gente ultrapassada.
Ah! Na minha singela opinião, certo é
quem sabe o que quer e errado, é quem sempre só defende o lado dos outros,
pensando ser e estar certo. Sei lá, entende?
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