sábado, 16 de março de 2013

O ÓDIO, O PODER E AS RIQUEZAS


Ontem, quando nos deslocávamos para o supermercado, o taxista vinha conversando sobre a violência. A velha conversa, do “que o que tu achas...” Eu já sei. O pessoal da pena de morte, sem coragem de falar claramente. Gente que acha que é original, apenas bota lenha na fogueira, de quem quer manter programas criminosos, para caçar bandido.
- Eu acho que a gente tem de rever muita coisa. Não é possível nos EUA, 25% das pessoas, estarem nas cadeias. Não é possível que se coloquem pessoas nas cadeias no Brasil, como bichos irracionais e voltem à sociedade, sem mudarem nada. Tem alguma coisa errada. Ao invés de se matar, primeiro, vamos discutir o que está errado, o que tem de ser mudado.
Aí fiquei pensando, como nossa sociedade é construída encima do ódio.
O problema é dos bandidos? Dos excluídos? Dos mendigos? Dos...? Não. O problema é o modelo que não se tem discutido. Mata-se John, aparece Stwart, Leda, Richard e outros, fazendo a mesma coisa. Coloca-se o pobre, o bêbado, o adolescente atrás das grades, diminui a violência? Muito pelo contrário, parece que a cada nova cadeia, formam-se pessoas fora do sistema.Quantas pessoas que são atingidas, com essa forma de não se resolver o problema de verdade? Pai, mãe, esposa, esposo, filho, filha, patrão, companheiro de trabalho... E quantos ficam à mercê da pobreza cada vez mais gritante? É a solução? Brincadeira! Só pode ser coisa de leso!
Está errado. Simples. Uma sociedade que exclui, quando deveria incluir, ainda mais, que temos multiplicado o número de pessoas. Desde a diminuição das mortes na gestação, no pós-parto e na velhice. E vamos continuar a excluir, como a coisa que se tem de fazer para sempre?
Dir-me-ão. É o fim do mundo! É problema do progresso! É coisa atual! Não. Mas não é mesmo. É coisa de uma sociedade que se acostumou a privilégios e os privilegiados, ou nem se tocam, ou tentam desviar a discussão, para continuarem na mesma tomada.
A Bíblia é cheia de exemplos de exclusão. Exclui homossexuais, negros, mulheres, gente burra que ainda dá prestígio a uma bosta dessas.
Estava vendo um pedaço de Senhora, em filme, lembrei-me do enredo. Tem quem pense que a questão do dinheiro, é atual, de comprar tudo, de ser visto como Deus. Que nada. É só ver a questão em Senhora, de Zé de Alencar. Justamente uma jovem que era filha de mãe solteira, depois descobre que o pai, não as abandonou, mas por problemas, teve de se afastar da família. Quando pensava estar perdida no mundo, com a morte da mãe, chega uma notícia que o pai havia morrido, deixado o esclarecimento para a família e uma fortuna, para a filha. Ela então procura o tio, para que ele faça a proposta de dote para casar, a um rapaz que a relegou, por outra a quem não tinha amor algum, por dote. Ele então se vendeu de novo. Desfez o acordo e se voltou ao dote maior, da ex a quem havia desprezado e nem imaginava que fosse quem o estava comprando. E sejamos francos, fui pesquisar no Tio Google e Senhora foi editado em 1875, ou seja, há um século e meio atrás.
Já disse, primeiro, para manter uma sociedade de classes, uma sociedade de privilegiados, é necessário a manutenção de muitos mais excluídos. Simples.
O poder, para se manter em uma sociedade de classes, é preciso que se façam inimigos por todo lado. Quanto mais se acredita em Deus, mais ódio do mundo, se tem. Pode ver os maiores defensores da pena de morte, das páginas ODEIO na internet, dessas coisas. São os que imaginam a morte como o Paraíso e fazem desta vida, um verdadeiro Inferno. Preconceituosos, atrasados, cretinos e violentos. Até em sonho!
As riquezas dos países, por muito tempo, foram pilhadas, com muito sangue, com muita morte. Até hoje, países “civilizados”, países cristãos, mulçumanos e judeu, têm na guerra, uma maneira de reavivar suas riquezas, de sair de crises econômicas. Bush e o TeaParty, carolas até as fraldas, ou as fraudes, têm na guerra, na exclusão, sua bandeira de luta.
Se Senhora fora escrito no século retrasado, imagina a Bíblia. Justamente por ser parte das sociedades de excluídos. Não é sem querer. Tudo é muito bem pensado. A Bíblia é o criadouro, ou talvez a justificativa de toda discriminação contra todos.
Tive uma namorada que comercializava tanto filmes, quanto jogos eletrônicos. Certa vez, falei como se permitia, vender jogos infantis, onde o princípio básico, era matar o adversário e não só isso, vinha acompanhado de muito sangue, muita violência, imagens muito realistas. Ela disse que se não o fizesse, perderia muito dinheiro, pois eram os títulos mais procurados. Os pais alugavam e compravam para os filhos. De outra maneira, quanto aos filmes, os pornôs eram os mais consumidos por homos e heterossexuais, mas sempre às escondidas. Parece até brincadeira. A violência é vista como coisa normal. Filmes de bobocas como Rambo e companhia, são passados na sessão da tarde. Já, o sexo, não só o sexo, mas as carícias, como ontem, no supermercado, um casal se engolindo aos beijos, já é olhado como uma afronta às pessoas. Engraçado isso. Acostumamo-nos a matar, e achar que a vida é a coisa mais escrota do mundo. Amar, fazer carícia, sexo, dizer que gosta do outro, cada dia mais, quando nos chamamos de civilizados e de progressistas, estão tendo de ser feitas em lugares onde outros não possam saber. Qualquer dia, matar vai ser um ato heroico e dar um beijo, um crime. Quanto mais se desvirtua a realidade, mais se mantém o estado artificial das coisas.
As religiões têm o amor, a não ser em relação a Deus, como um perigo. O sexo então, nem se fala. Já a guerra, é coisa onde todos os exércitos do mundo, têm um capelão, ou seja, o enviado de Deus, para abençoar que se mate o próximo. Isso é realidade? Não,mas interessa a quem segrega, para que se não veja outras formas, além dessa desgraça completa das sociedades.
A violência vende muito. Tenho comigo que até se estimula a própria, para que se recolham os louros que ela deixa no caminho. Vende-se violência em filmes, em jogos, em produtos de segurança pessoal e doméstica, para ganhar votos, até para se aproximar de Deus. Não por menos, hoje quem faz os videogames, os que ensinam o ódio ao mundo, desde a infância do mundo, são o Pentágono e outras forças políticas, principalmente, do Oriente Médio. Interessa, ou não, a manutenção da violência? E se não segregarmos, como poderemos ter inimigos?
Não por menos, quando se começou a discutir o desarmamento nos EUA, por tanta morte de inocentes, a Associação dos Caçadores que representa a indústria armamentista, diz que é melhor armar os professores e outros colegas. Ou seja, quanto mais violência, mais ganhos para poucos. Por que parar! Parar por quê?
A violência, por si, é excludente. E a quem interessa a exclusão? A quem se acostumou com o estado, com a família e a propriedade privada. Não, não é só o Capitalismo, desde que se formaram os clãs, até mesmo no Socialismo, ainda teremos isso tudo. Quando se voltar ao Comunismo, aí sim, essas práticas serão outras.
E por falar em exclusões, quando da escolha do novo Papa, o Papa Chico, lembrei-me do livro que lemos no Aeroporto de Guararapes, no Recife.
Mas antes, um parêntese. Parece que vai haver mudança, depois de muito tempo, no Vaticano. Sabe o que significa Chico, na gíria? “Chico” pode ser vagina, “estar de Chico”, significa estar menstruada, ou estar na TPM, “fazendo Chico”, lavando a genitália feminina, ou seja, Papa Chico, parece querer dizer, se quiserem gozar, ter prazer sexual agora, vão procurar mulheres, o Chico. As crianças, pelo que dá a entender, serão poupadas. Ainda bem. Que essas mudanças, sejam mais profundas, do que só se acabar com a pedofilia, uma discussão, jogada para baixo do tapete, pelos nazistas anteriores, para não desagradarem suas bases políticas. O João Paulo II vai ser santo. Imagina! Por que não canonizam Mussolini e Hitler? Por medo da reação da opinião pública, talvez?
Bem, voltando ao Recife, como dizia, um livrinho de bolso, na livraria do Aeroporto, acho que era Novel, contava as lutas internas, ou intestinas, na Santa Igreja. Imagina. Luta interna na Igreja de Deus? É, irmãos em Cristo, a Igreja é mais mundana do que se imagina.
Pois o assunto que descrevia, ou estava sendo descrito no livro, dizia, que os protestantes, haviam saído definitivamente do seio da Igreja, mas outras forças continuavam a se digladiar, indefinidamente.
Os maçons decidiram sair, para pegar o poder de fora, para não se corromperem, caso agissem internamente.
A outra força que lutava há muito, pelo poder, que decidiu lutar por dentro do sistema, era justamente a Companhia de Jesus, ou os Jesuítas.
Enfim eles chegaram ao poder. O Papa Chico, é jesuíta.
Antes de entrar na questão de se é bom, ou ruim, para mim, a igreja, seja ela qual for, é péssima, engraçado, quem prega tanto que o mundo é imperfeito, é tão dividido. Deus para homem. Deus para aleijado. Deus para judeu. Deus para evangélico. Deus para cego. Deus para... Porra, na verdade, imperfeita é a sociedade da propriedade privada, onde se mente descaradamente, para se privilegiar uma minoria que vive da exclusão dos outros muitos.
Interessa se o Papa vai ligar para os pobres? Não. A questão é existir pobreza. Por quê? Por que, quando a Terra nasceu, com a integração de todos, agora, quando se desnaturalizou-a, têm–se como natural, a discriminação de toda forma, para a manutenção do que é artificial e principalmente a violência, em detrimento à vida?
Enquanto se preservar a propriedade privada, é inevitável a manutenção da violência que gera riquezas e acima de tudo, mantém o poder nas mãos de quem engana e se vale de toda a exclusão possível.
Tem quem seja contra essa forma de discriminação, mas só para mudar o poder, das mãos antigas, para as suas e fica tudo como está. Não muda no âmago, no cerne. Mudanças “sinonimiais”, apenas pirarucu, por arapaima, deixando a questão da extinção, fora da conversa.
Pois acabar a violência, enquanto existem poucos com muitos e muitos sobrevivendo, é como querer mudar a rota do veículo, apenas mudando de faixa da via. E tem quem viva desviando a atenção de todo mundo, para manter a mesmice, sempre.
Quer ficar rico? Então, a primeira lição, é aprender a odiar, a excluir, a se apoderar da pobreza de espírito e de saber, da maioria que acha que é sabida, em preservar o que mata a eles mesmos, elas mesmas.

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