quarta-feira, 7 de outubro de 2015

INFELIZMENTE


CADERNO 2
Foram mais ou menos 300 anos de Escravidão, uma tal Abolição vergonhosa, uma ditadura que quase chega aos 30 anos e uma religiosidade que nos puxa para o passado, décadas de uma educação que deforma doutores em bobos da corte, uma comunicação a serviço de uma elite opressora que usa os smartphones e as redes sociais para espalhar fofoca por falta de conteúdo intelectual, dá nisto, todo mundo que só vive imitando o melhor do Brasil e o Brasil estagnado com uma imposição reacionária como sempre.
Não se buscam argumentos para discursar é na só na base do eu acho.
O publicitário da Globo que é Chefe de Redação do telejornal, diz que Einstein é o maior cientista do mundo, porque acha, sem base em nada, ficou no passado, enquanto as academias, as sociedades científicas, mundo afora, dizem que o maior cientista de hoje e de todos os tempos, é o Hawking. A apresentadora diz que gosta disso, sem apresentar argumentação mínima e todo mundo imita.
Já não existem críticos, principalmente de artes, primeiro porque o espírito nazista disseminado é de que crítica não é boa. Só se pode fazer crítica construtiva, nunca destrutiva, ou seja, só elogios, quando criticar é avaliar as coisas. Sem crítica, não se avança, por se achar que está tudo bem, tudo legal. Mas para analisar, criticar, é preciso conhecimento sobre o que se avalia e muita gente acostumada à preguiça mental, sabe pouco de tudo, porque foi à escola apenas se diplomar e depois, aposentou o raciocínio, vive de repetir o que os outros dizem e depois, pensa-se o saber, como a superespecialização em um assunto, completamente alheio ao todo, à holística do mundo.
O garotinho decora os nomes dos dinossauros é gênio, mesmo que não saiba ilibar as consequências dos dinossauros, para o aparecimento das espécies conhecidas hoje.
Ensinam-nos a sermos espertos, ao invés de pensadores, aqueles que encima do conhecimento adquirido, sabem inferir por si, sem ser uma opinião vazia.
Certa vez Dona Themis, mais para dar pinta, para dizer que também foi, visitou o navio do GreenPeace fundeado na Baía do Rio Negro, com um nome de RainbownWarrior, o que aliás eu acho que quem pegou o bonde andando, não entendeu o sentido das coisas. O GreenPeace lutava, pelo menos quando começou, pelas questões ambientais, mas também, por questões pacifistas. Guerreiro, apesar de muito usado para tudo, é símbolo de guerra, de segregação, de animosidade. Quando começou no Canadá, pensava-se assim, talvez tenha passado a ser dirigido dos EUA, mudaram toda a concepção das coisas. Eu sempre digo que depois, surgiu um grupo ambientalista na França que eu não me lembro o nome, mas sempre acredito que se chamava de Primeira Linha e a luta, era de enfrentamento, de ações de guerrilha, não tinha nada de pacifismo. Ali sim, caberia bem esses nomes de Guerreiro, mesmo que do Arco-íris.
Mas Dona Themis voltou fula com a discussão que teve com a ambientalista que a recepcionou. Depois que tomei pé do assunto, disse que a ambientalista estava certa. Quando minha irmã muito cristã, muito religiosa, mas sempre mais irascível, o que muitas vezes acaba se revelando na saúde, revidou.
- Este cara é metido a saber tudo!
Infelizmente não, não sei de tudo, mas gostaria, porém, estudei muito, para aprender a formar opinião própria e Ecologia foi uma dessas coisas em que atuei, quando ainda era malvista no mundo afora.
Sem saber contatava um grupo canadense nos anos de 1970 e até iria abordar sobre isso que ainda não tinha um nome definido, na sala de aula. Combinei com a Professora Eunice, também conhecida carinhosamente como Tartaruguinha que eu iria levar vários livros e ler durante minha falação, no que ela concordou. Iria abordar a matança das baleias, primeiro assunto que deu ensejo ao grupo que hoje se chama GreenPeace. Pena que preparei tudo, coloquei duas carteiras para os livros, quando ia começar a falar, Tartaruguinha fechou todos e me mandou falar de improviso. Não deu, fui sentar e fiquei chorando, por ter me preparado tanto, ter combinado antes e de repente essa quebra de acordo, unilateral.
Mas não fiquei só nisso, fiz curso universitário, pratiquei, fui às escolas divulgar o que até então, era coisa de subversivo, apesar da Ditadura, ter tido um dos primeiros ministros de ecologia do mundo, participei de organizações ambientais nacionais e locais, plantei milhares de frutíferas para distribuir à comunidade, em sacos de plantio, tenho para mim que tenho mais capacidade de avaliação do que muita gente que hoje, quer fazer tipo, mas só fala besteira.
Então, em tudo hoje, tem mais gente querendo aprender nas coxas, do que fazendo uma análise concreta.
A arte virou algo como um INSS, onde não se pratica por vocação e até por horas de estudo, de aperfeiçoamento pessoal, mas, muitas vezes, por se estar desempregado, ou por se querer ascender financeiramente, ou para aparecer, limar o ego, simplesmente. Ao invés de se formarem Artistas, muitos deles, ainda muito conhecidos hoje, mas reclusos em seu tempo; hoje se formam egos megalomaníacos, indivíduos egocentrados e obras descartáveis de minutos.
Todo mundo quer aparecer, sem se esforçar em ter algum subsídio sobre as coisas que discorre.
Dia desses assistia a um programa sobre Educação e apareceu um novo conceito de educar, o conceito védico. De conceitos, o Brasil anda cheio e a Educação não forma pessoas que façam o país desenvolver, que discutam como tirar o país do ranço de explorar-se a maioria, para poucos jogarem dinheiro fora com quinquilharias.
E a professora da tal escola, dizia que ensina a escutar o “som do silêncio”.
Na minha curiosidade eterna e peculiar a mim, devo dizer que estudei piano (com 4 professoras: Dona Marieta Pedrosa que me escolheu com seu mestre em palavrão e novas gírias, não sei porquê; Dona Regina Xavier, da Escola Musical Ana Carolina; com a Sandra, uma loura da minha faixa etária, de olhos verdes e cabelos encaracolados que foi embora, quando separou do marido, oficial da Aeronáutica; e por fim, com a Elvina, minha colega de piano e de Exatas e de música a quatro mãos que preparávamos, mas ela nunca tinha coragem de se apresentar em público, que me pediu para deixar dessa vida de tocador e passar a dar aula na escola dela, para a garotada, de Teoria Musical, o que não aceitei, por não ter curso na área, como ela que além de Matemática, era formada em Educação Artística), violão (que Dona Regina só permitiu, depois de dizer que seria com o Domingos Lima, mesmo com calo, porque eu gosto do encordoamento de metal, não perdi a sensibilidade, como ela dizia), bateria, percussão, arranjo, regência, fuga, orquestração e muito mais, muitos desses cursos no Conservatório de Música da Universidade Federal do Amazonas, alguns outros, em cursos à distância, do Zimbo Trio, ou de universidades conceituadíssimas da Inglaterra, dos EUA, como também, fui aluno do Curso de Física, onde se tem o som, as ondas magnéticas, eletromagnéticas, as alturas dos graus sonoros; e o silêncio, pelo menos naquele tempo, talvez tenha mudado, naquela forma de ensinar, era a ausência de som. Vou voltar à escola, em particular, à essa escola védica, quem sabe, um método de ensino musical, ligado ao Verdi, para aprender a escutar o som do silêncio. Quem sabe, volte a tocar, a compor e faça uma partitura inteira, de uns 100 compassos biquaternários, só de silêncios. Quem sabe, será minha consagração. Mas vão me chamar de “ouvido de tuberculoso”. Eu tenho livro e K7, do SOM E O SENTIDO, mas aí são outros quinhentos. Gostei dessa nova experiência quase transcendental de ouvir o silêncio. Em dó, em ré, em mi, em fá, em sol, em lá, em si, em sustenido, em bemol, maior, menor diatônica, ou atonal? E fica todo mundo com cara de estar diante de uma nova fórmula que vai mudar o mundo.
É assim que o Brasil se gosta, sem conhecimento sólido em nada, mas todo mundo querendo posar de bacana, fazer moda.
O pior é que não se pode discutir nada, sem se esbarrar em questões religiosas. O cara não é racista, não é boçal, não é atrasado, não é preconceituoso, não é burro é apenas religioso, como se aqueles conceitos toscos, rudimentares e ultrapassados fossem deste mundo.
E até hoje essa gente “inteligente” do Senhor, falar em cor e a cor que fala, é negro, ou preto. Eu volto a repetir, fui aluno do Curso de Física, até o último período e a questão de cor, pelo menos naquele tempo, em Óptica, tem a ver com espectro de luz, Física II, portanto, pelo menos onde eu estudei, preto é a ausência de cor, porque acontece onde não incide luz e não há cor, nessas condições. Mas como eu digo, tudo muda, tudo hoje, é pós-moderno e eu sou pré-careta pa-caralho. Mas na Bíblia, Trevas, não é justamente onde tem fogo? Se tem fogo, tem luz, se há cor, então não pode ser trevas. Mas eu sou ateu, Deus deu inteligência aos seus filhos.
Mas se pregam esses conceitos sobrenaturais, como científicos. É um absurdo e regredimos, ao invés de ir avante.
Qualquer mudança, ou busca de uma identidade própria é rechaçada como se vissem o Diabo na cruz.
Nossa eterna esperteza, nunca se traduz em inteligência de verdade, no máximo, vemos alguém fazer lá longe, repetimos aqui, como novidade e original de nós.
E aí, enquanto nossos técnicos de futebol adentram ao campo de terno completo, como os europeus, esses imitam o futebol-arte do Brasil de antigamente. Enquanto compramos agrotóxicos do estrangeiro, na Suécia descobrem que a maneira mais saudável de fertilizar o solo, é produzindo a Terra Preta de Índio, praticada por povos autóctones do Amazonas, há milênios. Enquanto se vangloria a imigração europeia que liquidou biomas importantes Brasil afora, como a Floresta Atlântica, a Caatinga e o Cerrado, a SBPC nos anos de 1980 divulgava uma pesquisa de que a melhor maneira de plantio, sem exaurir o solo, era de tribos da Amazônia que praticavam a agricultura circular. E agora, quando as forças do atraso lutam contra a vitória da Dilma, o que a fez recuar em suas propostas de vanguarda, a Hilary Clinton, em plena Nova Iorque adota um discurso baseado completamente na Esquerda Brasileira.
E nós continuamos a importar o que já nos pertenceu, pagando sempre muito caro. Claro!
Uma elite entreguista, mal formada, mal informada e deformada que toca tudo de ouvido, mas quer posar de competente e por falta de capacidade, pensa que inventa, quando na verdade é apenas falta de profundidade em tudo.
Discute música, sem ter estudado método algum, na base da intempestividade, deu vontade, não precisa de mais nada, do que um instrumento, sem saber nem como as partes se juntam e como atuam para gerar o som. Interpreta as coisas, sem conhecimento do que se trata e diz que é uma nova forma de interpretar. Se estuda a História das coisas, a História do Mundo, a História da Filosofia, a História da Arte, a História da Música, a História Econômica, a História da História, talvez visse que isso que faz hoje, muitos tentaram e não deu certo e a pólvora já foi descoberta na China Milenar. Uma nova interpretação, quer dizer que o cara não é compositor, não sabe escala, não conhece os tons maiores e menores, em suma, não sabe nada, mas por falta de capacidade, ao não alcançar níveis mais altos dos que seu limitado mundo permite, já diz que é uma nova interpretação, quando deveria dizer, uma nova limitação, isso sim. A cantora não atinge graves e agudos, fica nos médios, acelera a música para conseguir cantar e diz que interpreta de maneira diferente. Então vá fazer a sua musica, vá compor. Ou melhor, vá se aperfeiçoar.
Até ao se expressar, por não ler, não sair do rami-rami de sempre, a que se colocou, “inventa” palavras quando a gramática e os dicionários mostram uma vastidão que podem ser utilizadas. E por fim, por falta de conteúdo mesmo, ao invés de se discutir o teor das coisas, fica-se parado em picuinhas.
O cara apresenta um olhar sobre o mundo, fica-se discutindo o palavrão que ele usou, ou a visão do lugar dele, ao invés do olhar dos outros, o todo, em relação ao assunto.
É a velha e arcaica elite nacional, fruto da Escravidão e de ditaduras que insiste em discutir o Brasil, a partir do olhar e da conveniência da elite internacional.
De Marquês de Cairu ao “Doutor” Bulhões de Carvalho. De Dom Pedro II ao Astronauta Brasileiro – um dinheiro jogado fora, por capricho -. De Armínio Fraga a Joaquim Levy.

Mas uma coisa, por imitação, ou devido à ideologia, como a elite capitalista mundial, causa crises, sejam econômicas, sociais, éticas, de valores e nunca assume sua parte neste latifúndio e elege sempre uma questão para jogar a culpa nos outros. Mas ao primeiro sinal de que a crise amainou, arrefeceu, já parte para lançar os velhos conceitos liberais e neoliberais de sempre, fonte de todo o problema, como coisa moderna, pós-moderna e hyper-pós-moderna. Sempre aliada a religiões que pregam a Inquisição como uma ideia contemporânea e a grupos que discutem os problemas, com formas de punir e excluir ao invés de discutir-se uma sociedade que integre a todos, inclusive quem não tenha o perfil do conformado eterno. 

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